Fórmula 1: Las Vegas a postos para a corrida mais excêntrica do ano

15 nov 2023, 18:49

Com o campeonato decidido, o Grande Prémio de Las Vegas pode ser o maior dos espetáculos ou um negócio ruinoso.

Haja o que houver nas últimas duas corridas do ano, Max Verstappen e a Red Bull já garantiram a conquista dos títulos mundiais desta temporada. Nessas últimas corridas, de resto, será mais importante o ‘glamour’ e maior o impacto social do que o interesse desportivo.

A temporada fecha com o regresso a Las Vegas e a já tradicional visita a Abu Dhabi, para a despedida.

No caso da corrida americana, será a terceira prova do ano Estados Unidos – já não acontecia desde 1982, precisamente o último ano em que a F1 passou por Las Vegas. Durante anos, só havia o Grande Prémio dos EUA, em Austin, no Texas; em 2022 foi introduzida a corrida de Miami; este ano Vegas regressa ao campeonato, 41 anos depois.

O grupo Liberty Media, detentor dos direitos comerciais da F1, anda a trabalhar (e a investir…) há cerca de dois anos para garantir este regresso a Vegas. Só na aquisição de terrenos junto à famosa ‘Las Vegas Strip’ – onde foi construída uma zona permanente de boxes – gastou 240 milhões de dólares (cerca de 220 milhões de euros).

Os custos totais do Grande Prémio têm aumentado em relação ao previsto, devendo tocar os 500 milhões de dólares. Os organizadores acreditavam que, apesar disso, este regresso a Las Vegas iria dar lucro.

Projeções exageradas?

A aposta no mercado dos EUA surge na sequência do renovado interesse que os americanos mostram pela modalidade, derivado, em grande parte, da série documental ‘Drive do Survive’, da Netflix, que atraiu um novo público, mais jovem e diversificado.

A realidade das últimas semanas, no entanto, veio acender alguns sinais de alarme, com bilhetes ainda por vender e a serem oferecidos com um desconto de 60% em relação ao preço inicial.

Também os hotéis baixarem drasticamente os preços e há cada vez mais vozes a criticar as expetativas otimistas da Liberty e da F1. Os preços iniciais, de resto, destinavam-se a uma elitista classe mais abastada e não ao tal novo público da F1.

Os problemas, na cidade, começaram a fazer-se sentir durante a construção do circuito urbano de 6,2 km, que afetou a vida diária da cidade.

As empresas locais tiveram divergências com os organizadores do Grande Prémio, que pediam somas exorbitantes a quem quisesse ter uma ‘vista’ para o circuito. Chegou a ser feita a ameaça de construção de uma barreira gigante para bloquear o acesso visual a qualquer zona da pista a quem não pagasse, antes de os preços baixarem para valores vistos como mais razoáveis.

O charme de Las Vegas e o ‘glamour’ da F1

Agora que a corrida se aproxima, muitas destas questões começam a passar para segundo plano, ofuscadas pelo brilho das máquinas e pela presença do ‘grande circo’ no meio do charme das luzes mágicas de Vegas.

Ainda assim, os empresários locais questionam os acessos bloqueados a hotéis e casinos, que dificultam a circulação de empregados e clientes. E tudo, como dizem, para, provavelmente, Max Verstappen ganhar mais uma corrida, sem oposição!

Mas, depois, a Fórmula 1 acontece! Basta ver as iniciativas da Red Bull, com o carro a ser apresentado no meio de um espetáculo de luzes, pendurado no teto de uma famosa discoteca local,  ou colocado no meio das mesas de jogo de um casino, para se perceber que Las Vegas será… diferente.

Provavelmente, um megadesfile de estrelas, para espreitar os bólides a serpentear entre os casinos.  

O que não quer dizer que seja um sucesso, no aspeto desportivo.

A corrida mais fria de sempre

A corrida terá início às 22h00 locais, para ser transmitida em direto no domingo de manhã, na Europa. Nesta altura do ano, isso significa uma temperatura ambiente abaixo dos dez graus, talvez a prova mais fria de sempre, o que também constitui um desafio para as equipas – e para o público que estiver no circuito.

Desta vez, o que acontecer em Vegas não ficará (apenas) em Vegas. Pelo menos, os organizadores esperam que o mundo inteiro acompanhe o regresso da F1 à cidade.

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