Imposição de um código de vestuário feminino também está a causar polémica
A Arábia Saudita está a acolher o seu primeiro torneio internacional de xadrez, mas o evento ficou marcado pela polémica, devido à recusa de atribuição de vistos aos jogadores israelitas e à imposição de um código de vestuário feminino.
O Campeonato do Mundo de Rápidas e Semi-rápidas pretendia ser um sinal de mudança do reino por iniciativa do príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane, só que a Arábia Saudita impediu a entrada de sete jogadores israelitas, num momento em que há um crescendo de tensão motivado pela decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, criticada por Riade.
O torneio, que começou na terça-feira e termina no sábado na capital saudita, distribui 1,7 milhões de euros em prémios, e a federação israelita de xadrez já anunciou que vai pedir compensações financeiras à Federação Internacional (FIDE) por ter ficado de fora.
A este propósito, os regulamentos da FIDE dizem que nenhum país pode impedir jogadores de participarem numa competição destas, seja qual for a sua nacionalidade.
Israel, com quem Riade não tem relações diplomáticas, não foi o único país a enfrentar dificuldades, uma vez que a Arábia Saudita, num primeiro momento, recusou atribuir vistos aos jogadores do Irão, seu grande rival no médio oriente, e aos do Qatar, com o qual mantém um diferendo diplomático desde junho.
A FIDE acabou por desbloquear a obtenção de vistos para os participantes do Irão e do Qatar, mas não para os de Israel.
A atribuição da organização à Arábia Saudita também motivou críticas devido às restrições impostas às mulheres sauditas, nomeadamente o facto de terem de se cobrir da cabeça aos pés e de não poderem apresentar-se em público sem a companhia de um homem.
Sobre isto, a FIDE anunciou que as jogadoras não teriam de utilizar trajes tradicionais, o que acontece pela primeira vez num evento desportivo na Arábia Saudita, mas deveriam apresenta-se de camisa branca totalmente abotoada, uma imposição que motivou o boicote da ucraniana Anna Muzychuk, campeã do mundo de 2016 nas categorias de rápidas e semi-rápidas. «Vou perder dois títulos de campeã do mundo (...). Justamente porque decidi não ir à Arábia Saudita, não jogar de acordo com as regras de alguém (...), de não estar acompanhada quando sair», escreveu Anna Muzychuk na sua conta no Facebook.