Português sai da FIFA: «Quem exercer cargo com independência fica em risco»

12 mai 2017, 09:00
FIFA (Reuters)

Ex-ministro denuncia pressões no organismo que dirige o futebol mundial

Miguel Poiares Maduro deixou a FIFA, oito meses depois de ter entrado para o Comité de Governação, por não ter visto o seu mandato renovado.

O dirigente português, em declarações à Lusa, criticou a decisão e referiu que foi afastado por tentar «mudar processos que estão instalados há décadas».

«Tenho pena que o cumprimento sério e independente das nossas funções tenha, pelos vistos, gerado uma reação negativa num número suficiente de federações e também na FIFA para a não renovação do mandato. É uma mensagem negativa para um dos processos fundamentais para a reforma da FIFA», afirmou.

O ex-ministro e professor, de 50 anos, explicou que encontrou muita resistência à mudança na FIFA e disse que há «cultura instalada há décadas que é resistente ao escrutínio e à transparência»:

«É natural que a partir do momento que passou a existir um órgão de competência nessa matéria e passou a exercer com total independência, sabia que ia existir resistência. Algumas vezes tentaram influenciar as nossas decisões, mas mostrámo-nos imunes a isso.»

Miguel Poiares Maduro considerou que matérias como a introdução de restrições nos mandatos dos dirigentes, a ilegibilidade de algumas pessoas para cargos nos órgãos da FIFA e a introdução de eleições «livres e democráticas» em algumas federações acabaram por causar alguns «conflitos» e «desagrados».

«Estamos a falar em mexer em cargos com pessoas com bastante poder no futebol e até na política internacional. Isso terá causado desagrado. Estamos também a falar na supervisão de eleições em federações que não estavam sujeitas a tal e isso criou alguns conflitos», referiu.

Uma das suas lutas foi a  garantia da proteção dos direitos humanos e da liberdade de expressão nos países organizadores dos campeonatos do mundo, dossier que chegou a ser apresentado, mas que não teve «luz verde» na FIFA.

Poiares Maduro referiu ainda que quem no futuro «exercer com independência» o seu cargo no Comité de Governação sabe agora que «fica em risco» de ficar sem mandato por decisão das próprias federações.

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