Autarca da Baixa de Lisboa considera “um bocado titubeante” criação de 5.ª Circular

Agência Lusa , PF
18 abr 2023, 23:32
Faz 5 anos no dia 15 de janeiro que entrou em vigor a proibição de circulação, em dias úteis, de carros inferiores a 2000 na Baixa de Lisboa

Miguel Coelho disse ainda que teve de forçar a sua auscultação por parte da câmara para que fosse ouvido antes que o plano fosse apresentado publicamente, em defesa dos interesses dos residentes da freguesia

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, considerou “um bocado titubeante” a criação de uma 5.ª Circular, de Alcântara ao Parque das Nações, como alternativa para a circulação automóvel na Baixa da cidade.

“Lamento que seja um plano um bocado titubeante, porque nestas coisas da mobilidade é preciso ter coragem para tomar decisões e não deixar isto ao livre-arbítrio do trânsito local, porque toda a gente é trânsito local, portanto sabemos que a certa altura as soluções podem não ser eficazes por causa disso”, declarou Miguel Coelho (PS).

O autarca de Santa Maria Maior, freguesia que se insere na Baixa da cidade, falava na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, disse que o plano de mobilidade para a criação de uma 5.ª Circular não é “muito distante” do apresentado pelo anterior executivo, sob a presidência do PS, que teve a sua contestação, com a propostas de alteração, até que lhe parecesse “viável e correto”.

Miguel Coelho disse ainda que teve de forçar a sua auscultação por parte da câmara para que fosse ouvido antes que o plano fosse apresentado publicamente, em defesa dos interesses dos residentes da freguesia.

Numa analogia ao anúncio de “1.000, 1.000, 1.000” na área da habitação, referente às chaves entregues, às casas em construção e aos subsídios à renda, o socialista aconselhou “cuidado” a Carlos Moedas: “Quando se anda à 1.000 à hora, às vezes, a gente não repara nos pormenores, nem na paisagem concreta, portanto não vá o senhor presidente estampar-se, mesmo que esteja a guiar um Ferrari, e as coisas possam correr mal”.

A Câmara de Lisboa apresentou esta terça-feira uma “5.ª Circular” imaginária, de Alcântara ao Parque das Nações, como alternativa para a circulação automóvel na Baixa da cidade, que estará condicionada a partir de 26 de abril devido a várias obras.

Nos próximos meses Lisboa irá “ter obras atrás de obras que vão incomodar as pessoas”, mas são necessárias, afirmou Carlos Moedas.

Entre estas obras estão a expansão do Metro de Lisboa, a realização do Plano de Drenagem, para evitar situações de cheias na capital, a reabilitação da rede de saneamento e a repavimentação de vias, obras que já estão a condicionar o trânsito nas imediações da Rua da Prata e da Alameda Infante D. Henrique, respetivamente.

Aos deputados municipais, o presidente da câmara disse que a 5.ª Circular é para “evitar passar pela Baixa se o destino final não é a Baixa”, evitando o trânsito de atravessamento, assegurando que as pessoas podem continuar a ir a esta zona da cidade.

Neste âmbito, a deputada única do Livre, Isabel Mendes Lopes, questionou sobre a implementação da Zona de Emissões Reduzidas (ZER) da Avenida da Liberdade, Baixa e Chiado, considerando que este plano de mobilidade pode ser “uma oportunidade para vivenciar as ruas com menos automóveis a circular”.

“Sempre que ouvimos o Livre parece que o Livre não quer que as pessoas sejam livres de andar de carro”, afirmou o vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro da Mobilidade.

O plano de trânsito, em vigor a partir de 26 de abril, “condiciona determinado território da cidade a acesso a trânsito local, e isso poderá ter, realmente, um grande impacto, mas o que se está a fazer não é decretar que é proibir andar de carro, mas é implementar as medidas que são necessárias para se ter maior qualidade de vida nesses territórios”, explicou o Anacoreta Correia, assegurando que a câmara vai monitorizar.

“Aquilo que for bom e resultar, pode permanecer. Aquilo que for mau, será repensado e será revisto. É um plano dinâmico. Não estamos a impor a nossa ideia à realidade, estamos a procurar testar na realidade novos caminhos” para responder às preocupações existentes, apontou o vice-presidente, reconhecendo que, “realmente, a zona histórica da cidade dá sinais de saturação”.

A poluição do ar em Lisboa, em particular na Avenida da Liberdade, que tem ultrapassado os níveis permitidos, foi também uma das preocupações apontadas pelos grupos municipais do PEV e do BE.

A propósito da 5.ª Circular, o presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, Pedro Costa (PS), antecipou a sua oposição ao plano, lamentando a falta de auscultação das juntas de freguesia neste processo, recusando a ideia de que tal tenha um impacto marginal no território que governa, que inclui a Avenida Álvares Cabral, utilizada pelos automobilistas para chegar à Avenida Infante Santo.

O presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton (PSD), percebeu a posição do autarca de Campo de Ourique, mas reforçou que não é a primeira vez que se ouve falar na 5.ª Circular, tema que começou com o anterior executivo municipal devido ao impacto das obras do Metro de Lisboa: “Não concordei, mas é importante para a cidade”.

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