50 ferimentos, noites ao relento, mergulhos numa banheira à força. Alfie morreu por causa de um regime disciplinar "sinistro" da mãe e do padrasto

TVI , MCP
4 mai 2023, 12:05
Alfie (West Mercia Police)

Julgamento começou esta semana no Reino Unido. Procuradora resumiu assim: Alfie “viveu para suportar uma vida que nenhuma criança deveria levar”

Em 2021, Alfie Steele, um menino de nove anos, foi encontrado morto, com 50 ferimentos por todo o corpo, dentro de uma banheira em sua casa, em Droitwich, Worcestershire, Reino Unido. A mãe e o parceiro estão a ser  julgados por homicídio.

No dia em que Alfie morreu - 18 de fevereiro de 2021 - a mãe ligou para o número de emergência alegando que ele tinha batido com a cabeça e "adormecido no banho". Mas as autoridades desde logo não acreditaram e os procuradores acreditam que Alfie Steele foi repetidamente espancado como parte de um regime disciplinar "sinistro".

O julgamento começou no Tribunal de Coventry, na terça-feira. Na audiência, a procuradora Michelle Heeley KC disse que Alfie “viveu para suportar uma vida que nenhuma criança deveria levar”.

“Ele foi deliberadamente e repetidamente agredido, espancado e submetido a banhos frios como punição e essa conduta ilegal, essa punição desnecessária, foi executada em conjunto por Carla Scott e Dirk Howell”, disse Michelle Heeley em tribunal, segundo o Guardian.

Segundo alguns testemunhos, o padrasto, Dirk Howell, acreditava firmemente que "a disciplina era muito mais física do que psicológica" e, portanto, pela “disciplina”, o jovem era mergulhado em banhos frios, espancado com cintos, deixavam-no ao relento durante a noite e atiravam-lhe baldes de água fria enquanto ele permanecia fora de casa. 

Uma vizinha refere que chegou a presenciar um dos momentos em que a criança foi posta fora de casa, implorando para entrar, e os réus mantiveram-na ali.

Carla teve Alfie de um relacionamento anterior, também disfuncional, que levou ao envolvimento dos serviços sociais. O casal separou-se em 2017. Dois anos depois, Scott começou a namorar com Howell e em seis meses ficaram noivos.

Não era segredo que a relação dos dois não era saudável. Alguns vizinhos chegaram a alertar as autoridades em relação aos tratamentos que a criança recebia. Depois de algumas queixas, os serviços sociais voltaram a bater-lhes à porta e Howell foi proibido de passar a noite na casa da família, no entanto o casal “desrespeitou esta regra intencional e continuamente”, disse Heeley.

“Carla Scott claramente sabia como ele era, mas deixou-o ficar de qualquer maneira”, reiterou a procuradora do caso.

Ainda assim, a mãe disse às autoridades que não viu Howell nos dois dias anteriores à morte de Alfie, mas um polícia acabou por vê-lo numa rua próxima poucos minutos depois da sua chamada para a linha de emergência. A acusação alega que ele passou a noite na casa da família.

Ele foi preso enquanto tentava entrar num comboio na estação ferroviária de Droitwich. “O que é que os dois tentaram esconder naquele momento? A culpa deles. Eles sabiam o que tinham feito e o primeiro instinto de Dirk Howell foi correr”, disse Heeley.

Tanto Scott como Howell negam os crimes de que são acusados. O julgamento continua.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados