Infeções respiratórias fazem disparar vendas de máscaras. Farmácias venderam mais de 335 mil unidades em três semanas

ECO - Parceiro CNN Portugal , Joana Morais Fonseca
22 jan, 07:06
Lisboa

Em três semanas, foram vendidas 28.118 embalagens de máscaras nas farmácias, que ascendem a mais de 335 mil unidades. Número deverá ser superior, dado que também os supers registam aumentos de vendas

O aumento de infeções respiratórias, que conduziu a uma pressão adicional sobre as urgências de hospitais públicos e privados, fez disparar a venda de máscaras. Ao ECO, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) revela que só no espaço de três semanas foram vendidas mais de 335 mil unidades. De notar, que este número deverá ser bastante superior, dado que também vários supermercados sinalizam um aumento da procura.

A descida de temperaturas e a coincidência com as festividades levou a um aumento de infeções respiratórias, nomeadamente de gripe, com as autoridades a renovarem os apelos sobre a importância da vacinação e do uso de máscara. A DGS recomenda atualmente o uso de máscara aos doentes com infeções respiratórias, bem como aos profissionais de saúde que estão na primeira linha a receber os doentes.

“Regista-se um incremento de venda de máscaras a partir do dia 26 de dezembro passando de 1.127 unidades [vendidas nesse dia] para 7.020 no dia 27″ adianta fonte oficial da ANF, a maior associação de farmácias em Portugal, ao ECO, sublinhando ainda que a “semana de 8 a 13 de janeiro” foi a que registou “maior procura de máscaras, coincidindo com os alertas públicos de surto de gripe A“. No final dessa semana foi anunciado um alargamento da indicação da vacinação para a gripe e Covid-19, depois de na semana anterior o ministro da Saúde ter avisado que “as próximas duas semanas” seriam o período “mais difícil”.

De acordo com o balanço feito pela entidade liderada por Ema Paulino ao ECO, só no espaço de três semanas (entre 25 de dezembro de 2023 e 16 de janeiro de 2024) foram vendidas 28.118 embalagens de máscaras (entre descartáveis e cirúrgicas), que totalizam 335.485 unidades. No entanto, este número deverá ser superior, “uma vez que há farmácias com referências e códigos internos”, indica a associação.

Deste total, 128.253 unidades (cerca de 38%) foram vendidas entre 8 e 13 de janeiro, segundo as contas realizadas pelo ECO. Trata-se de um aumento de quase 49% face às 86.253 unidades vendidas entre 1 e 6 de janeiro. E a tendência verifica-se também nos hiper e supermercados.

Supermercados registam aumento de vendas de máscaras e autotestes

“A venda tem estado a crescer todas as semanas, particularmente devido ao aumento das infeções respiratórias sazonais que têm marcado estes últimos tempos”, adianta fonte oficial do Minipreço, ao ECO, notando que “a venda das máscaras desde o Natal mais que duplicou quando em comparação com as semanas e meses anteriores, tendo sido vendidos 2.800 packs de 50 unidades cada”, com um custo de 1,99 euros por embalagem.

No entanto, a marca de insígnia espanhola sublinha, que, face a igual período do ano passado, “registou-se uma redução natural de cerca de 50% face ao controlo da situação epidémica da Covid-19”. A situação é corroborada pela Auchan, que admite que “a venda é inferior” face a 2022, mas que têm assistido a um “aumento de vendas” nos últimos meses de 2023.

“Só nas últimas semanas foram vendidas cerca de três mil caixas de máscaras”, revela Ana Teresa Silvestre, responsável de negócio saúde e bem-estar da retalhista, ao ECO. As lojas Auchan vendem atualmente packs de máscaras máscaras sociais e FFP2 com valores entre os 2,49 euros e os 3,49 euros.

Já a Wells, marca especializada em Saúde da MC, notou “um pico nas vendas de máscaras em comparação com as primeiras semanas de dezembro”. Só nas últimas duas semanas do mês passado, “foram vendidas mais de 7 mil caixas de máscaras”, o que representa um aumento de 90% face às duas primeiras semanas de dezembro. A Wells vende packs de máscaras cirúrgicas e FFP2 com um preço de 2,49 euros por embalagem.

Também fonte oficial do Continente, supermercado detido igualmente pela MC, “confirma o aumento da procura, tendo já reforçado os stocks das máscaras”, apesar de não adiantar dados concretos. Ainda assim, nenhuma destas marcas prevê ruturas de stock ou falhas no abastecimentos.

Por sua vez, a Mercadona e o Lidl deixaram de vender máscaras. O ECO questionou também a Jerónimo Martins, dona dos supermercados Pingo Doce, mas não obteve resposta até ao fecho deste artigo.

Os retalhistas ouvidos pelo ECO sinalizam também um aumento de vendas de autotestes, ainda que em menor quantidade do que as máscaras. No caso da Auchan a procura começou a fazer-se notar em dezembro, sendo que nos primeiros quinze dias de janeiro o grupo vendeu “cerca de 3.700 autotestes”. Nestes supermercados, os preços de autotestes oscilam entre 1,74 euros (para a Covid-19) e os 2,99 euros (autoteste de deteção de Covid, Gripe, e Gripe A).

Por sua vez, a Wells observou um aumento na procura a partir da segunda quinzena de dezembro, tendo registado “um aumento de 50% nas vendas em comparação com a primeira quinzena”. Desde o Natal, venderam “mais de 35 mil testes”, cujos preços oscilam entre os 1,99 euros (teste rápido à Covid) e os 2,99 euros (autoteste Covid e gripe), revela fonte oficial ao ECO.

Também fonte oficial do Minipreço confirma “um aumento na procura dos autotestes, ainda que inferior ao das máscaras”, desde novembro, mas não dá dados concretos. O ECO pediu também dados da venda de autotestes à ANF, mas não foi possível recolher a informação em tempo útil.

Certo é que o aumento de infeções respiratórias não é exclusivo de Portugal, estando a ocorrer em vários países da Europa e tem levado a um aumento da mortalidade. No espaço de um mês, morreram mais 2.830 pessoas além do que seria esperado em Portugal, segundo os dados do INSA fornecidos ao Expresso.

Segundo o EuroMomo, site europeu de vigilância da mortalidade, Portugal foi o país que registou níveis de óbitos mais fora do normal, seguido da Dinamarca, Grécia, Alemanha e Espanha. Na semana passada, a diretora-geral da Saúde afirmou que “parece que já temos alguma tendência decrescente” da incidência, pelo que admite que o pico da gripe poderá já ter passado.

Relacionados

Saúde

Mais Saúde

Patrocinados