Mensagem de Ano Novo do Presidente da República marcada por avisos para um ano que considera “decisivo”
O Presidente da República considera que cabe ao Governo não “enfraquecer ou esvaziar” a “estabilidade política” que advém da maioria absoluta que o PS conquistou nas últimas eleições, pedindo ao Executivo de António Costa “responsabilidade absoluta”.
“Está ao nosso alcance tirarmos proveito de uma vantagem comparativa – que é muito rara na Europa e no mundo democrático – e que se chama estabilidade política, ademais com um Governo de um só partido com maioria absoluta, mas, por isso mesmo, com responsabilidade absoluta."
Numa altura em que o Governo atravessa novas dificuldades, com o caso da indemnização milionária da TAP a Alexandra Reis e a consequente demissão de Pedro Nuno Santos, Marcelo Rebelo de Sousa alertou especificamente o primeiro-ministro para os eventuais "erros de orgânica", ou "descoordenação", ou "fragmentação interna", ou "inação", ou "falta de transparência", ou "descolagem da realidade”, que podem então, no seu entender, pôr em causa essa estabilidade.
Na sua habitual mensagem de Ano Novo, transmitida este domingo à noite, o Presidente voltou a afastar o cenário de eleições antecipadas, garantindo que 2023 "será o único ano, até 2026, sem eleições nacionais ou de efeitos nacionais".
O Presidente da República sublinhou que este novo ano será "o mais importante" e "decisivo" até 2026, ou mesmo da década, até porque "entramos em 2023 obrigados a evitar que seja pior do que 2022", "apesar daquilo em que estivemos melhor do que muita Europa" no ano que agora acabou.
Enumerando os efeitos da guerra, da inflação e ainda da pandemia, Marcelo voltou a frisar a "situação privilegiada de paz e de segurança" de Portugal para "atrair turismo, investimento externo e localização de recursos humanos qualificados".
O Presidente espera ainda que o país "tire proveito" dos "fundos europeus que são irrepetíveis e de prazo bem determinado". "Ora, tudo isto está ao nosso alcance. E nunca me cansarei de insistir que seria imperdoável que o desbaratássemos", afirmou.
O aviso para este ano é que, se ele for "perdido", irá "comprometer" os seguintes.
"2023 é decisivo, assim, porque se o perdermos, em intervenção internacional, em atuação europeia, em estabilidade que produza resultados e que seja eficaz, em oportunidade de atração de pessoas e meios, em uso criterioso e a tempo de fundos europeus, de nada servirá a consolação de nos convencermos de que ainda temos 2024, 2025 e 2026 pela frente."