Migrações na UE: Marcelo defende solução "flexível" em que "quem não quer migrantes" paga

Agência Lusa , BCE
22 set 2023, 23:01
Marcelo Rebelo de Sousa (LUSA)

O chefe de Estado argumenta que os países que não recebem migrantes "têm de ser minimamente solidários" por quem faz um "esforço adicional" para acolher quem procura o continente europeu

O Presidente da República defendeu esta sexta-feira que o problema das migrações na União Europeia provavelmente só se resolverá com uma solução flexível em que os países que ficam de fora por não quererem receber migrantes contribuem pagando.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, este assunto tem de ser gerido "com inteligência, a tempo e com flexibilidade", o que implica "não terem de todos concordar com tudo, mas um núcleo duro muito forte concordar".

"Isso está aberto aos outros, se quiserem entrar – se não quiserem entrar, contribuem pagando", acrescentou o chefe de Estado, que respondia a perguntas dos jornalistas, em Nova Iorque, a propósito de declarações feitas esta sexta-feira pelo alto representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell.

Os países que "não querem ter migrantes" ou que "não querem ter migrantes de determinada forma, com um determinado regime", podem ficar de fora, "mas têm de ser minimamente solidários, porque aqueles que os vão receber estão a fazer um esforço adicional que tem de ser compensado por quantos não recebem", sustentou.

O Presidente da República adiantou que as migrações serão "um dos temas" da reunião informal de chefes de Estado do Grupo de Arraiolos que terá lugar em Portugal, no Porto, entre 5 e 6 de outubro, em que também se irá "discutir a guerra" na Ucrânia e "o futuro da União Europeia" em termos gerais.

Interrogado sobre a posição do chefe da diplomacia da União Europeia, que considerou que o problema dos migrantes ameaça ser "uma força dissolvente para a União Europeia", Marcelo respondeu que em relação ao tema das migrações "vai ser difícil que haja acordo" entre todos e "provavelmente a única maneira" de enfrentar este e outros problemas é com "uma União Europeia muito flexível", com "vários estatutos", como já acontece com a moeda única e com a política externa e de defesa.

"Quem não quiser entrar nas migrações tem de aceitar o papel dos outros, tem de compreender e ser solidário", reiterou.

Na sua opinião, não está em causa a arquitetura da União Europeia, mas a União Europeia "não pode perder todo o tempo do mundo a decidir isso, tem de dar passos antes do alargamento, portanto, a tempo".

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