Muitas mudanças, poucos milhões e a tendência espanhola

11 set 2014, 12:44
Valencia vs. Málaga (LUSA)

Verão foi agitado, mas não teve transferências de jogadores portugueses por grandes valores

O verão foi agitado também para os jogadores portugueses, mas 2014 não foi um ano de grandes transferências de jogadores nacionais. Nada que se pareça, para citar apenas o ano passado, com a mudança de João Moutinho para o Mónaco, por 25 milhões de euros. O valor mais alto para um jogador português que emigrou neste defeso é o de André Gomes, 15 milhões de euros na transferência para o Valência, mas formalmente trata-se de um negócio que tinha sido anunciado no final da janela de inverno, em janeiro.

De resto, entre as transferências mais relevantes estão as de Paulo Machado, que trocou o Olympiakos pelo Dinamo Zagreb por 4,5 milhões de euros, ou a de Bebé, que o Benfica contratou ao Manchester United por três milhões, ficando ainda os ingleses com direito a 50 por cento de uma futura transferência. Também os dois milhões de euros que o Kasimpasa pagou ao FC Porto pela contratação de Castro. Houve mudanças relevantes, como a saída de Varela para Inglaterra ou o regresso de Nani ao Sporting, mas trata-se de empréstimos.

Mudanças, essas, houve muitas. E o acentuar de tendências, nomeadamente o do aumento do contingente português já aqui ao lado, na Liga espanhola. São ao todo 23 os jogadores nacionais no principal campeonato espanhol. O principal protagonista do vai vém de mercado foi o Valência, que no meio de um conturbado processo de venda do clube ao empresário Peter Lim renovou o seu contingente português, com a entrada de André Gomes e João Cancelo, que se juntam a Ruben Vezo e João Pereira, com Nuno Espírito Santo como treinador. De caminho, sairam Hélder Postiga, que acabou por ficar em Espanha, no D. Corunha, e Ricardo Costa, que rumou ao Qatar.

Esta época são cinco os clubes da Liga espanhola com três ou mais portugueses no plantel. Além do Valência, o Real Madrid, que mantém o trio de primeiro plano constituído por Cristiano Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão e o Sevilha, onde continuam Beto, Carriço e Diogo Figueiras no Sevilha, Málaga e D. Corunha também têm quatro jogadores portugueses cada um. Há ainda o Rayo Vallecano, onde Licá se juntou a Zé Castro. A lista completa-se com Tiago, que ficou no At. Madrid, Luis Martins no Granada e Edgar Ié a entrar nas opções de Luís Enrique no Barcelona.

Esta aposta em portugueses resulta, curiosamente, na constatação de que há clubes espanhóis a ter tantos ou mais jogadores lusos em campo do que FC Porto ou Benfica, dois dos grandes de Portugal que não têm muitos jogadores nacionais como apostas fortes.

Como exemplo, recorde-se que o FC Porto apenas usou até agora na Liga três jogadores portugueses, Ruben Neves, Ricardo Quaresma e Ricardo Pereira, tal como o Benfica: Ruben Amorim, André Almeida e Eliseu. O Real Madrid e o Sevilha já utilizaram os três jogadores do plantel, no Málaga já jogaram Duda, Antunes e Ricardo Horta, tal como Ivan Cavaleiro e Luisinho no Deportivo.

Outra tendência: nos principais campeonatos da Europa, está agora em França o segundo maior contingente português. O Mónaco, treinado por Leonardo Jardim, entrou em processo claro de desinvestimento, sem contratações sonantes este ano, mas juntou a Moutinho e Ricardo Carvalho o jovem Bernardo Silva, que o Benfica anunciou ter sido cedido.

As chegadas dos jovens Tiago Ilori ao Bordéus, cedido pelo Liverpool, e de Rony Lopes ao Lille, por empréstimo do Manchester City, motivam outro olhar para a Ligue 1, onde são agora oito os jogadores portugueses.

No sentido contrário, o menor contingente de portugueses nos grandes campeonatos está na Bundesliga. Vieirinha, no Wolfsburgo, é caso único. Há mais jogadores portugueses na Alemanha, e alguns chegaram de novo, como Candeias, do Benfica para o Nuremberga, mas para jogar a II Bundesliga.

Em Inglaterra, a novidade é Varela, cedido pelo FC Porto ao WBA, num contingente que tem no veterano José Fonte, no Southampton, o representante mais experiente na Premier League.

Portugueses nas cinco principais ligas europeias:


Alemanha


Vieirinha (médio, 28 anos), Wolfsburgo

Espanha

Cristiano Ronaldo (avançado, 29 anos), Real Madrid
Fábio Coentrão (defesa, 26 anos), Real Madrid
Pepe (defesa, 30 anos), Real Madrid
Tiago (médio, 33 anos), At. Madrid
Beto (guarda-redes, 32 anos), Sevilha
Daniel Carriço (defesa, 26 anos), Sevilha
Diogo Figueiras (defesa, 23 anos), Sevilha
João Pereira (defesa, 30 anos), Valência
André Gomes (médio, 21 anos), Valência
Ruben Vezo (defesa, 20 anos), Valência
João Cancelo (defesa, 20 anos), Valência
Duda (defesa, 34 anos), Málaga
Antunes (defesa, 27 anos), Málaga
Ricardo Horta (avançado, 20 anos), Málaga
Flávio Ferreira (defesa, 22 anos), Málaga
Hélder Postiga (avançado, 32 anos), D. Corunha
Ivan Cavaleiro (avançado, 20 anos), D. Corunha
Luisinho (defesa, 29 anos), D. Corunha
Diogo Salomão (avançado, 25 anos), D. Corunha
Licá (médio, 26 anos), Rayo Vallecano
Zé Castro (defesa, 31 anos), Rayo Vallecano
Edgar Ié (defesa, 20 anos), Barcelona
Luís Martins (defesa, 22 anos), Granada

França


João Moutinho (médio, 28 anos), Mónaco
Ricardo Carvalho (defesa, 36 anos), Mónaco
Bernardo Silva (médio, 20 anos), Mónaco
Rony Lopes (médio, 18 anos), Lille
Tiago Ilori (defesa, 21 anos), Bordéus
Anthony Lopes (guarda-redes, 23 anos), Lyon
Pedrinho (defesa, 29 anos), Lorient
Raphael Guerreiro (defesa, 20 anos), Lorient

Inglaterra


José Fonte (defesa, 30 anos), Southampton
Ricardo Vaz Té (avançado, 27 anos), West Ham
Varela (avançado, 29 anos, WBA)
Francisco Junior (médio, 22 anos), Everton
Bruno Andrade (médio, 20 anos) QPR 

Itália


Bruno Fernandes (médio, 20 anos), Udinese
Pereirinha (defesa, 26 anos), Lazio
Pedro Mendes (defesa, 23 anos), Parma
João Silva (avançado, 24 anos), Palermo
Mário Rui (defesa, 23 anos), Empoli

Patrocinados