Líder do PSD frisou que o PSD quer vencer essas eleições, pelos seus candidatos e projetos, mas também “em contraponto com os outros” partidos
O presidente do PSD afirmou hoje que o partido está a trabalhar para “ganhar as próximas eleições europeias” e defendeu ser preciso “acordar Portugal para a falta de competência” da liderança de António Costa.
Luís Montenegro falava no encerramento da 19.ª edição da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide (Portalegre), discursando cerca de 45 minutos no meio da sala, com as cadeiras da assistência dispostas em círculo à sua volta.
Na fase final da sua intervenção, o líder do PSD fez questão de responder ao repto deixado no sábado pelo antigo presidente social-democrata Durão Barroso sobre a importância de vencer as europeias do próximo ano para voltar à governação.
Montenegro começou por se referir às regionais da Madeira de 24 de setembro, fixando a meta de vencer com maioria absoluta.
“E o dr. Durão Barroso também disse e muito bem que o próximo grande desafio são as eleições europeias. Sim, estamos aqui para ganhar as próximas eleições europeias”, afirmou, no primeiro grande aplauso da sala, com gritos ‘PSD, PSD’.
O líder do PSD frisou que o PSD quer vencer essas eleições, pelos seus candidatos e projetos, mas também “em contraponto com os outros” partidos.
“Estes oito anos valeram a pena? Qual foi a evolução de Portugal? (…) Tivemos dois anos de pandemia a que se seguiram dois anos de pandemónio”, disse.
Montenegro lembrou as 13 demissões no Governo e imaginou o que se diria na comunicação social se ele próprio tivesse tido apenas três demissões na direção do PSD.
“É preciso acordar Portugal para a falta de competência de liderança do dr. António Costa como primeiro-ministro. Nós estamos a dar provas de que somos capazes de liderar um Governo com mais competência e mais resultados do que o PS”, afirmou.
Na sua intervenção, Montenegro deixou rasgados elogios a Durão Barroso e recordou o seu percurso político, lembrando que não venceu quando pela primeira vez foi candidato à liderança do PSD, nem venceu as primeiras eleições que disputou (em 1999), mas insistiu, manteve-se como líder da oposição e foi primeiro-ministro.
E mesmo sobre a sua decisão de deixar o cargo para presidir à Comissão Europeia, o líder do PSD considerou que “foi um grande embaixador de Portugal”.
“Nós no PSD temos orgulho daquilo que ele foi cá e também do que ele foi na Europa”, salientou.
Sobre o estilo de oposição que tem feito – de “causas e projetos e não de barulho” - Montenegro notou uma novidade nos últimos tempos que considera provar que “o PSD é a última alternativa” ao Governo do PS.
“Não se fala de outra coisa na política portuguesa que não seja do PSD. Verifiquem, dos partidos da esquerda à extrema-esquerda, aos partidos da direita e da extrema-direita e ao partido do Governo, quase todas as suas intervenções nos últimos dias foram não para propor o que defendem mas para comentarem o que defende o PSD”, apontou.
Montenegro ironizou que também no PSD existe um Plano de Recuperação e Resiliência, mas, “ao contrário do do Governo”, terá frutos “na recuperação do partido e na sua abertura à sociedade”.
“É de recuperação e de resiliência, para os que têm dúvidas quero deixar aqui uma garantia: somos daqueles que têm resiliência, porque a recuperação não se faz de um dia para o outro”, avisou.
Montenegro acusa Costa de “castigar ainda mais a classe média” se ‘chumbar’ propostas fiscais do PSD
O presidente do PSD acusou o primeiro-ministro e o PS de “castigarem ainda mais a classe média” se ‘chumbarem’ as propostas de redução do IRS dos sociais-democratas, antecipando que António Costa será “habilidoso” nessa recusa.
Em Castelo de Vide, Luís Montenegro voltou ao tema que marcou a Festa do Pontal do partido, a meio de agosto, e na qual apresentou cinco propostas ao nível do IRS, incluindo uma redução ainda este ano das taxas do IRS em todos os escalões, à exceção do último, que seria financiada pelo excedente da receita fiscal.
“Ainda esta semana, até 31 de julho, o Estado cobrou a mais 4.500 milhões de euros de impostos do que no ano passado. A previsão era de 2.300 milhões de euros, há uma almofada, há um excedente à volta dos 2.200 milhões de euros”, afirmou.
Como o PSD calculou que a baixa de IRS que defende tem um custo de 1.200 milhões de euros, Montenegro deixou um aviso.
“Se o dr. António Costa e o PS não aprovarem esta proposta, o dr. António Costa e o PS estão simplesmente a castigar ainda mais a classe média portuguesa”, disse.
O líder do PSD antecipou até como será feita essa recusa: “Vão dizer que vão descer mais os impostos do que o PSD queria para o ano, no qual até há eleições europeias”.
“Mas isso é conversa fiada, porque a folga de que falamos é de 2023, os impostos que queremos baixar são em 2023 e há condições para o fazer de forma imediata”, disse.
Nesta matéria, apelidou ainda o primeiro-ministro de habilidoso, lamentando que, muitas vezes, esta característica seja confundida com ser “um político hábil”.
“É de um habilidoso o que ele vai fazer: não vai aceitar a proposta do PSD e vai dizer ao país que para o ano vai fazer uma ainda maior. Mas o PSD está a propor para este ano e para o ano proporá para 2024”, disse.