«Os meninos não suportam 90 minutos de futebol»

8 set 2023, 15:05
Pedro Proença (Liga)

Pedro Proença reflete sobre o consumo da modalidade

O presidente da Liga, Pedro Proença, defende que a menor difusão dos jogos da competição no estrangeiro está associada à ausência de um modelo centralizado de direitos audivisuais.  

«A LPFP tem um centro de dados, projeto que eu iniciei há três anos e pelo qual consigo saber através de um algoritmo qual vai ser a previsão de assistência e o share televisivo ou como é que as dinâmicas de uma comunidade serão comercialmente alavancadas se um jogo decorrer num dia e hora específicos. Havendo um centro de dados que nos pode dar esta informação, tem de ser a LPFP a regular este tema», sublinhou enquanto falava no painel «A Liga como agente central de crescimento do futebol profissional em Portugal» integrado no Thinking Football.

O dirigente considera que Portugal leva 20 anos de atraso em comparação com campeonatos de outros países.

«Estamos 20 anos atrasados relativamente a esta matéria e muito se tem falado, porque existe a vontade de perceber quanto é que esse modelo centralizado pode criar para os próprios clubes em termos de riqueza. Preocupa-me muito mais o que temos perdido na qualidade do produto por este não estar centralizado. O grande fator diferenciador é a qualidade superior nessa melhor experiência que queremos entregar ao adepto», disse.

«Vai ser um mandato de afirmação enquanto marca do futebol português e vamos poder fazer verdadeiramente aquilo que, na nossa perspetiva, já devia ter sido feito há 20 anos: internacionalizar uma marca, centralizar estes direitos audiovisuais, consolidar o nosso posicionamento e, algo que é fundamental este ano, trabalhar para o adepto», acrescentou ainda.

Proença apontou a ausência da centralização como um dos fatores da diminuição da competitividade dos clubes portugueses nas provas da UEFA.

«Se queremos ter equipas altamente competitivas na esfera internacional, temos de gerar competitividade internamente. Esta distribuição de riqueza tem de ser mais equitativa e, dessa forma, a centralização tem um papel fundamental para equilibrar aquilo que são os médios e pequenos clubes dos ‘grandes’. Quem só beneficiará são os ‘grandes’, pois, se tiverem um nível competitivo interno mais forte, mais fortes serão assim que chegarem as suas participações internacionais. Não perceber isto é não perceber nada», defendeu.

O dirigente refletiu sobre o futebol e destacou a necessidade deste desporto enquanto «atividade de entretenimento que compete com todas as outras», reparar nas mudanças que recentemente incidiram no «perfil do consumidor».

«A forma com que os jovens hoje consomem futebol é completamente diferente do meu tempo. Os meninos não suportam 90 minutos de futebol. O adepto quer saber aquilo que se passa dentro balneário ou no túnel e o que é que pensam os jogadores. Se nós não percebermos que só de forma centralizada podemos potenciar este produto, não vamos entender este fenómeno. Não entender isto é não revitalizar a estrutura da indústria do futebol. Temos de ter essa capacidade. Essa função cabe aos dirigentes», reconheceu. 
 

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