Casa Pia-Desp. Chaves, 1-2 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio Nacional, em Lisboa
13 nov 2022, 20:12
Casa Pia-Desp. Chaves (Lusa)

Valentes até ao fim

Balde de água fria no Jamor para o Casa Pia que esteve a ganhar ao Desportivo de Chaves, chegou a ameaçar o terceiro lugar do Braga, mas levantou a guarda demasiado cedo e acabou por pagar bem caro por isso, com os valentes transmontanos, que nunca baixaram os braços, a conseguirem virar o resultado nos instantes finais do jogo, com Steven Vitória, que ficou hoje a saber que está convocado pelo Canadá para o Mundial, a marcar o golo do triunfo que deixa a equipa de Vítor Campelos a meio da tabela antes da paragem na Liga.

Duas equipas que subiram de braço dado para o primeiro escalão na época passada e que estão a realizar um arranque de temporada acima das expetativas. O Casa Pia com um sensacional quarto lugar, à frente do Sporting o Chaves a meio da classificação, longe do sufoco dos lugares de descida.

Não foram precisos esperar muitos minutos para perceber as intenções das duas equipas. O Casa Pia procurou, desde logo, impor o seu jogo, com mais posse de bola e procurando explorar a profundidade pelas alas, com Lucas Soares e Leonardo Lelo com liberdade para descerem pelos flancos. O Chaves, por seu lado, apostou claramente num futebol mais direito, com a equipa a procurar as desmarcações de Luther, Abass e Héctor Hernandez na frente.

Num primeiro instante, a estratégia sorriu melhor aos transmontanos que chegavam com facilidade à área de Ricardo Batista e, em poucos minutos, somaram remates de Luther, Abass e Guima, este último, fortíssimo e cruzado, a passar muito perto do poste. O Casa Pia, que procurava construir de pé para pé, rapidamente também passou a optar pela meia-distância, com Godwin e Rafael Martins a colocarem Paulo Vítor à prova.

O jogo estava, assim, equilibrado, com muita luta na zona central do terreno quando, aos 28 minutos, o Casa Pia chegou à vantagem, num lance de bola parada. Canto marcado por Diogo Pinto da esquerda, com João Nunes a elevar-se bem junto ao primeiro poste e a cabecear para as redes. O marcador estava aberto, mas o jogo não mudou muito. Os valentes transmontanos procuraram subir as linhas, mas esbarraram na bem organizada defesa dos gansos que agora procuravam responder em transições rápidas.

Até ao intervalo, o jogo tornou-se feio, com muitas faltas, muitas paragens e pouco futebol. O Chaves ainda reclamou uma falta sobre Luther na área, mas Hélder Carvalho, em cima do lance, mandou seguir e o intervalo chegou mesmo com o Casa Pia em vantagem. Uma vantagem que valia a subida ao terceiro lugar, uma vez que o Braga, nesta altura, estava a perder em Portimão.

O Chaves demorou a voltar para a segunda parte, certamente devido a uma palestra prolongada de Vítor Campelos, mas foi o Casa Pia que entrou ao ataque, com Godwin a criar desde logo uma oportunidade sobre a esquerda. O jogo ganhou subitamente velocidade, com o Chaves a procurar chegar rápido à área de Ricardo Batista e o Casa Pia, sem recuar muito, a responder com transições rápidas, quase sempre co Godwin com protagonista.

Numa questão de minutos, houve espaços e oportunidades nas duas balizas, mas, com as danças dos bancos, o jogo voltou a entrar num ritmo de solavancos, com as duas equipas a lutarem muito, mas a perderem facilmente a bola para o adversário. Era o Chaves, atrás do prejuízo, a quem incumbia assumir as maiores despesas do jogo, mas o Casa Pia mantinha a mesma toada da primeira parte, não permitindo ao adversário grandes riscos na frente.

Gansos levantaram a guarda demasiado cedo 

Um cenário que se foi alterando com as alterações que vieram do banco. O Chaves foi assumindo cada vez mais o risco, enquanto o Casa Pia, na defesa da magra vantagem, foi recuando a toda a linha, abdicando inclusive de Godwin, o avançado que mantinha a última linha do Chaves em sentido.

A verdade é que Chaves nunca baixou os braços e foi ganhando poder de fogo na frente. Foi um dos «reforços» provenientes do banco que, aos 83 minutos, arrancou um cruzamento bem medido da esquerda para Hector, ao segundo poste, finalizar sem qualquer oposição. Estava feito o empate e o Casa Pia tremia por todos os lados, até porque o adversário, com a moral em alta, continuou a carregar por todos os lados. Filipe Martins já tenha transformado a equipa para um modo defensivo e não tinha agora armas para responder.

Já em tempo de compensação, numa bola perdida na área do Casa Pia, Bolgado tentou aliviar, mas acabou por atingir o pé de Guima. Penálti indiscutível que o mundialista Steven Vitória transformou no golo da reviravolta.

O Casa Pia, que tinha chegado ao intervalo à frente do Braga, que estava a perder em Portimão, fica agora com o quarto lugar em risco, com o Sporting à vista. O Chaves, pro seu lado, dá um salto até ao oitavo lugar da classificação.

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