Arouca-Boavista, 2-1 (destaques)

14 abr, 21:06

Em novo episódio de «Os Três Mosqueteiros», o espetáculo ficou manchado na reta final

A FIGURA DO JOGO: Cristo González

Azar, não marcou. Mas assistiu. Numa tarde frustrante para o avançado espanhol, Cristo deixou o campo com uma assistência na ficha do jogo. Se, por um lado, errou dois penáltis, a verdade é que deixou o Arouca confortável no marcador até ao intervalo. A combinação bem delineada com Weverson, que culminou no 2-0, confirmou o domínio dos «Lobos» e enervou o Boavista.

No futebol, os golos são apontamentos de ocasião. Ao «espremer» a importância de um jogador, perceberá que os passes, as assistências, os duelos ganhos, as interceções, e até o jogo sem bola, poderá ser tanto ou mais importante do que esses momentos que soltam a festa nas bancadas. Marcar alimenta o ego e a fama, é certo. Mas, Cristo González é muito mais do que isso. Numa tarde azarada, na qual desperdiçou dois penáltis, saiu de campo com uma – importante – assistência.

«A emissão será retomada dentro de momentos», pensará o espanhol.

MOMENTO DO JOGO: Pérez de cabeça perdida

Antes do primeiro cartão amarelo, aos 34m, Seba Pérez não hesitou em se envolver em quezílias com David Simão, puxando a cabeça do adversário, caído no relvado. Dez minutos volvidos, o capitão do Boavista viu o segundo amarelo, num lance discutível. À parte do que é subjetivo, Pérez representa, em toda a linha, a essência «Axadrezada». Impetuoso, apaixonado, dedicado e, por vezes, irracional. Se, porventura, discorda desta descrição, fica o convite para ler a crónica deste encontro, ou rever o filme.

Uma unidade a menos foi suficiente para o Boavista nunca conseguir assumir a batuta da partida, apesar das sucessivas investidas em meio-campo ofensivo. Sem Pérez, o mau cenário poderá se estender à próxima jornada, na qual as «Panteras» (12.ª) recebem o Estrela da Amadora (15.ª). A zona de play-off de manutenção está a dois pontos.

Outros destaques:

Mújica: para colmatar o desacerto de Cristo e o pouco brilho de Jason, o goleador d'«Os Três Mosqueteiros» voltou a puxar a si os holofotes. O ponta de lança inaugurou o marcador, em cima da meia hora, capitalizando uma «prenda» de Sasso. Já lá vão 19 golos e Mújica continua a encurtar distâncias para Banza e Gyökeres. Na tarde deste domingo, face às saídas de David Simão e Cristo, o avançado terminou como capitão. E que bem esse estatuto assenta em Mújica, sempre disponível para ajudar na construção, galvanizar os momentos e ser o diplomata em campo.

Arruabarrena: chamado a intervir na reta final, o guardião uruguaio voou para travar Onyemaechi e mostrou, uma vez mais, serenidade. Nos momentos de «aperto», Arruabarrena vai-se «divertindo» com os remates dos adversários. Esta tarde, apenas foi batido pelo colega Robson Bambu.

Salvador Agra: líder desde princípio, o avançado foi responsável pelas melhores oportunidades dos «Axadrezados». Cruzou para o 2-1 e criou problemas, ora pela lateral, ora à boca da área. Prova da importância de Agra está na falta de inspiração ofensiva do Boavista na reta final, quando o experiente extremo já havia recolhido ao banco de suplentes. Até pode não haver resistência para 90 minutos, mas Salvador Agra é o principal vértice na construção ofensiva do Boavista.

Bozenik: numa primeira fase silenciado pela defesa contrária, o ponta de lança abriu o livro na etapa complementar. Decisivo no golo que deu esperanças às «Panteras», Bozenik contrariou a pressão de Montero no segundo tempo. Ainda assim, incapaz de assustar Arruabarrena. Continua por reaparecer a versão avistada no arranque da temporada, ou até dezembro, quando o eslovaco era apontado a outras paragens. Aliás, seja feita justiça a Bozenik, em estaria noutro patamar se fosse servido por médios como, por exemplo, Cristo.

Onyemaechi: obrigado a recuar para lateral no segundo tempo, o nigeriano não hesitou em liderar a construção ofensiva na reta final do encontro. Quando Ricardo Paiva deu ordens para o Boavista subir quase todas as unidades, Onyemaechi foi lateral, médio e extremo. Fica a nota, para que não se estranhem os rumores que poderão surgir no verão. É um jogador completo, repleto de resistência e agraciado por uma inteligência tática distinta.

Boavista: mil adeptos. É obra, uma moldura humana fantástica e barulhenta, do primeiro ao último minuto, independentemente do rumo do jogo. Todavia, há ações imperdoáveis. Não querendo englobar todos os aficionados das «Panteras», importa salientar os tristes episódios que marcaram o final da partida. Um canivete – aberto – e pedaços de cadeiras foram arremessados na direção de um dos assistentes.

Sem motivo. A partida decorreu sem polémicas, ainda que o Boavista tenha contestado a expulsão de Seba Pérez, ou os penáltis assinalados. A indignação do capitão, de Fary e de Jorge Couto contagiou a bancada. Numa tarde intensa dentro de campo, a festa era bonita até aos 90m. Depois, a pintura foi borrada.

Apenas Bozenik teve discernimento, exigindo calma aos próprios adeptos. Abascal também foi à linha lateral, mas apenas depois ver amarelo, por criticar a postura do auxiliar de Carlos Macedo. Uma vez mais, importa também questionar os responsáveis pela revista dos adeptos. Um momento que poderia terminar da pior forma. Lamentável. O Boavista perdeu, dentro e fora de campo.

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