Arouca-Boavista, 2-1 (crónica)

14 abr, 20:22

Cristo embirrou com os ferros, Mújica e Weverson domaram «Pantera»

No «Livro da Selva» guardado às portas da Serra da Freita, os últimos meses provam que estes «Lobos» são implacáveis na respetiva fortaleza. Desde final de novembro, quando Daniel Sousa assumiu o leme da matilha, o Arouca apenas foi derrotado por leões e águias da Segunda Circular. Nos últimos cinco meses, os sétimos classificados da Liga venceram seis vezes em casa, encaixando duas derrotas e um empate.

A sexta vitória foi conquistada na tarde deste domingo, na receção ao Boavista, em partida da 29.ª jornada. No reencontro com a primeira «vítima» na Liga, Daniel Sousa voltou a sorrir perante as «Panteras», num encontro de diferentes fascículos e com muito trabalho para o vídeoárbitro (VAR).

O timoneiro do Arouca apenas trocou Milovanov por Tiago Esgaio. Do outro lado, Ricardo Paiva aproveitou o regresso de Pérez, Reisinho e Salvador Agra. Além disso, o treinador dos «Axadrezados» promoveu a titularidade de Makouta e Sasso, no lugar do lesionado de «última hora» Chidozie.

O princípio do azar de Cristo

Na disputa pela manutenção, o Boavista partiu para este encontro no 12.º lugar – face ao empate do Rio Ave, na Amadora – pelo que as «Panteras» declararam a intenção de agarrar a batuta. Perante cerca de mil adeptos, os comandados de Ricardo Paiva acreditaram que tal seria possível até aos 15m, quando o Arouca decidiu aquecer os motores.

Em cima do quarto de hora, Jason, completamente sozinho no coração da área, atirou ao lado. Após jogada conduzida por David Simão, pela esquerda, o médio espanhol foi apenas capaz de tirar tinta ao poste da baliza contrária.

Entregue este aviso, os «Lobos» avançaram, estacionaram unidades nas imediações da área contrária e desafiaram a paciência das «Panteras». Entre cantos, o defesa Abascal abordou ingenuamente um dos lances, intercetando o esférico com a mão. Sob crivo do VAR, o árbitro Carlos Macedo foi aconselhado a consultar as imagens.

«Após revisão, o jogador do Boavista tem o braço em posição não natural. Decisão: penálti», disse o juiz, para festa das hostes da casa.

De olho no 13.º golo na Liga, Cristo González mirou João Gonçalves e atirou sem hipóteses. De tal forma que o esférico embateu no poste, para alívio dos boavisteiros.

Em todo o caso, o golo inaugural seria inevitável. Em cima da meia hora, Rafa Mújica agradeceu o corte ineficaz de Sasso, que, de cabeça, assistiu o espanhol. Na cara de João Gonçalves, o ponta de lança assinou o 19.º golo na Liga, aproximando-se de Banza (21) e Gyökeres (22).

Cristo e Seba Pérez em dia «não»

Após o golo, o Arouca continuou a crescer, frustrando os ensaios de contra-ataque dos visitantes. Tranquilo com a posse, a turma de Daniel Sousa irritou os adversários, sobretudo Seba Pérez. Numa primeira dividida com David Simão, o capitão do Boavista puxou o adversário, pela cabeça, quando este agarrava o esférico, deitado no relvado.

Pouco depois, aos 39m, os anfitriões dobraram a vantagem, desta feita por Weverson. Pela direita, Cristo González capitalizou a corrida do lateral, pela esquerda, servindo o brasileiro, quando os defesas aguardavam pelo passe para Mújica. A estreia de Weverson a marcar na época coincidiu com o melhor momento dos «Lobos» no encontro, construindo jogadas fluídas, delineadas de olhos fechados.

Em sentido contrário, a desvantagem não foi a pior novidade para o Boavista. Isto porque, aos 43m, Pérez foi expulso. Numa dividida com Pedro Santos, a meio-campo, o colombiano foi incapaz de evitar o choque, atingindo o adversário.

Antes do intervalo, Cristo González voltou a dispor de uma bela oportunidade para marcar. Uma vez mais na conversão de um penálti – desta feita cometido por mão de Pedro Malheiro – o espanhol atirou à barra.

Assim, o recolher aos balneários ficou marcado pelo desespero de Cristo González, tantas vezes sorridente nos últimos meses. Ora, como em qualquer ofício, há dias «não». Neste «Livro da Selva», a caça ao golo nem sempre termina com sucesso. Na tarde deste domingo, Cristo leu esse capítulo.

Bozenik e Agra combinaram em raro momento de clarividência

Ao intervalo, Ricardo Paiva trocou Filipe Ferreira e Miguel Reisinho por Luís dos Santos e Joel Silva, delineando um sistema de 4-4-1, com Onyemaechi a recuar para a lateral e Makouta a estacionar no miolo.

Quando se aguardava pelo controlo dos anfitriões, a etapa complementar principiou com a reação axadrezada. O cruzamento de Salvador Agra, pela direita, encontrou Bozenik ao segundo poste. Antes de cruzar a linha de golo, o esférico foi desviado por Robson Bambu. Estavam decorridos 47 minutos.

Definitivamente, o destino do encontro estava em aberto. De parada e resposta, Cristo González até marcou, mas o lance foi invalidado pelo VAR, por mão – ainda que subtil – de Mújica.

Entre trocas e faltas, o Boavista fixou unidades na frente. Contudo, Arruabarrena, por fim chamado a brilhar, travou os remates de Onyemaechi, Bozenik e Salvador Agra.

O espetáculo dentro de campo, com respostas táticas e duelos acessos, ficou manchado por um episódio protagonizado por adeptos do Boavista. Na direção de um dos árbitros assistentes voou um canivete e pedaços de cadeiras, por exemplo, o que obrigou Bozenik e Abascal a exigirem calma fora do relvado.

Sem inspiração para repor a igualdade, o Boavista junta-se à lista de derrotados na casa do Arouca. Depois de «Dragões» e «Leões de Faro», as «Panteras» também caíram às portas da Freita.

Reveja, aqui, o filme deste jogo.

Ora, o triunfo permite ao Arouca igualar o Moreirense (6.º), com 43 pontos. Na visita ao Rio Ave (11.º), os comandados de Daniel Sousa têm em vista igualar a melhor sequência da temporada, de quatro triunfos consecutivos. O encontro em Vila do Conde está agendado para a noite de sexta-feira.

Por sua vez, o Boavista encaixa o quarto jogo sem vencer, e a segunda derrota consecutiva. Por isso, os «Axadrezados» ocupam o 12.º lugar, com 29 pontos, em igualdade com o Estoril (13.º). Segue-se a receção ao Estrela da Amadora (15.º) – no sábado – numa fase em que a zona de play-off de manutenção está a dois pontos.

Em Arouca, os «Lobos» continuam donos de si. E a Europa à distância do sonho europeu do Benfica.

 

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