«Espiões» da Ucrânia dão favoritismo ao Benfica

11 mar 2014, 10:46
Dnipro vs Paços de Ferreira (EPA)

Bruno Gama e Matheus foram afastados da Liga Europa pelo Tottenham

Bruno Gama e Matheus são dois «espiões» com informações privilegiadas para o Benfica, a partir da Ucrânia. Um é português e o outro é como se fosse, ou não tivesse jogado seis anos no nosso país. Ambos fazem parte do plantel do Dnipro, equipa eliminada pelo Tottenham nos dezasseis-avos da Liga Europa.

Os «Spurs» surgem agora no caminho do Benfica, pelo que os «espiões» passaram informação privilegiada à «MF Total». E desde logo com uma convicção clara: «O Benfica é superior».

A frase pertence a Bruno Gama, mas podia perfeitamente ser de Matheus, que acredita que «será muito difícil o Tottenham passar». «Conheço bem o Jesus e sei que ele prepara muito bem os jogos com equipas inglesas», acrescenta o brasileiro, que trabalhou com o técnico encarnado no Sp. Braga.

O português sustenta que o Benfica «atravessa um excelente momento». «É mais forte como equipa e também tem individualidades que fazem a diferença. É favorito», complementa.

O Dnipro esteve quase a ultrapassar o Tottenham, de resto. Ganhou em casa por 1-0 e esteve a vencer também em Londres, mas com uma expulsão tudo se desmoronou, e acabaram derrotados por três bolas a uma.

«Tivemos tudo para passar. Merecíamos passar, mas tivemos dez ou quinze minutos de desconcentração», diz Bruno Gama. «Com onze jogadores íamos passar. Com a expulsão ficou muito complicado. Alguns jogadores nossos começaram a entrar em depressão. Sentimos o golpe», lamenta Matheus, que passou ainda por Marco, Beira-Mar e V. Setúbal.

O brasileiro diz que o Tottenham «gosta de ter a bola e tem avançados rápidos», mas por outro lado destaca a lentidão dos centrais. «São bons no jogo aéreo mas fracos pelo chão», descreve.

Gama faz a mesma referência, mas a comunhão de opiniões não termina aqui. «Fazem passes longos da defesa para o Adebayor, que está realmente a fazer a diferença. Quando estão mais apertados jogam direto», diz o português, camisola 20 do Dnipro. «Se não conseguem servir os médios, que vão buscar a bola, acabam por meter direto no Adebayor. Mas sempre com passes cruzados. Da direita para a meia-esquerda, ou vice-versa», confirma o 99 da formação ucraniana.

Matheus destaca ainda o ambiente de White Hart Lane, que compara ao Celtic Park, onde esteve com o Sp. Braga: «O público está muito em cima do campo, parece que sentimos um calor, que gritam ao nosso ouvido.»

A agitação tem ficado fora de Dnipropetrovsk

Na conversa com Bruno Gama e Matheus abordou-se naturalmente a delicada situação política (e até militar) na Ucrânia, que levou de resto à suspensão da Liga de futebol.

Em Kiev e na região de Crimeia a situação é particularmente, mas em Dnipropetrovsk a normalidade não foi afetada, garantem os jogadores.

«Aqui não houve grandes manifestações. Claro que a situação preocupa, mas foi mais noutras zonas», diz Matheus, cuja companheira é ucraniana. «Ela diz que a situação vai melhorar, mas pelo que vejo nas notícias está difícil o entendimento. A família liga todos os dias do Brasil, a perguntar se estou bem», ressalva.

O Dnipro até deu um dia de folga, mas Matheus manteve-se na cidade quase toda a semana. Só no fim de semana é que foi para fora, para umas «mini-férias». «Mais pelo descanso do que pela situação», garante.

Bruno Gama passou a semana em Portugal, mas também diz que em Dnipropetrovsk «não se passou nada». «Claro que ficamos apreensivos, mas até ao momento estive tranquilo. Fiz a vida normal, mas temos receio que chegue aqui», acrescenta.

Mudança não está no horizonte

Nenhum dos jogadores pensa, no entanto, fazer as malas. Pelo menos para já. «Vamos ver se a situação acalma. Neste momento penso em continuar, não me passa outra coisa pela cabeça», diz Gama, que assinou pelo Dnipro no início da presente temporada.

«Tem sido uma experiência diferente. Não estava habituado a ter paragem de inverno. É estranho ver as outras equipas a jogar. Até ao momento tem sido uma experiência boa, enriquecedora. Vou ver se jogo mais. Tenho alternado e há que respeitar as decisões do técnico. Um jogador quer sempre jogar o máximo possível. Tenho de ter paciência», afirma o português, que tem contrato até 2016.

Essa é também a duração do vínculo de Matheus, renovado recentemente. O brasileiro está na Ucrânia há três anos, no entanto. «Os adeptos gostam de mim. Respeitam-me, mesmo quando querem criticar uma exibição. Já me sinto em casa», explica o brasileiro, que já constituiu família no país, incluindo uma criança.

O plantel do Dnipro conta com outros dois brasileiros, Giuliano e Douglas, mas Matheus é mesmo mais «brincalhão». Exemplo disso foi a utilização, frente ao Tottenham, de chuteiras de cor diferente. «Tinha as duas cores do mesmo modelo, e como era o Tottenham decidi jogar com uma branca e uma preta. Se defrontasse agora o Benfica ia tentar jogar com uma vermelha e uma branca. Brincaram comigo no balneário e eu respondi: “
Sou brasileiro, sou diferente
”»

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