Champions: Man. City-Real Madrid, 1-1, 3-4 gp (crónica)

17 abr, 23:26

Real Madrid e um tratado sobre como resistir e dobrar o sufoco

Eficaz, organizado e letal. Os adjetivos perfeitos para nova noite desgastante, mas memorável, do Real Madrid em Manchester.

Um momento de desorganização defensiva do Manchester City foi suficiente para o Real Madrid arrecadar o derradeiro bilhete para as meias-finais da Liga dos Campeões. Marcar cedo, defender, sofrer e resolver. Rebobinemos.

Depois de um primeiro «round» eletrizante (3-3), Guardiola e Ancelotti operaram mudanças pontuais. Entre os «Citizens», Stones e Kovacic foram rendidos por Walker e De Bruyne. Em simultâneo, Bernardo Silva e Rúben Dias repetiram a titularidade. No outro lado, Tchouaméni cumpriu castigo, pelo que Nacho fez dupla com Rüdiger no centro da defesa.

Reveja, aqui, o filme do jogo.

Num arranque muito diferente daquele visto – e sentido – há uma semana, as equipas optaram por construir com segurança, recorrendo a Ederson e Lunin. Entre ensaios de De Bruyne e Camavinga, desprovidos de perigo, os «Merengues» foram letais à primeira oportunidade, ao primeiro facilitismo defensivo dos anfitriões.

O contra-ataque delineado à direita por Carvajal passou por Bellingham, Valverde, Vinícius e Rodrygo. Capitalizando a má leitura posicional de Walker, o avançado ainda foi travado por Ederson, que, todavia, nada poderia fazer quanto à recarga. Estavam decorridos 12 minutos quando a dupla brasileira dos «Blancos» soltou a festa entre os três mil adeptos presentes no Ethiad.

Seguiu-se a edificação de um muro – quase – intransponível. Perante Haaland, Bernardo Silva, Grealish e De Bruyne, a defesa madrilena revelou-se imperial. Até cínica, abdicando por completo de atacar, fixando todas as unidades nas imediações da própria área.

Ainda assim, Haaland e Bernardo Silva ameaçaram o empate, aos 20m, com um cabeceamento à trave e um desvio errático, com a perna, para desespero de Guardiola.

A toada manteve-se até ao intervalo, com Lunin a travar os sucessivos remates e Carvajal a conduzir os raros contra-ataques. Ritmo morno pelo que se desenrolava em campo, mas autenticamente gelados nas bancadas. Ao contrário do espetáculo visto em Dortmund, Madrid ou Paris, no Ethiad foi raro se escutarem os adeptos durante o primeiro tempo. A apreensão dominava e silenciava as bancadas, excetuando o setor afeto aos adeptos «Blancos».

Doku cria, De Bruyne empata, mas não mata

Na etapa complementar, pouco mudou. O Real Madrid abdicava de atacar, ou até responder, e a certo ponto o jogo mais parecia decorrer em matraquilhos. Pacientemente, os jogadores do Man. City trocavam bola, ajeitavam a posse para o pé preferencial e procuravam surpreender com velocidade. Mas, a organização defensiva dos «Merengues» prevalecia.

Matraquilhos, ou futsal. As cartadas dos anfitriões eram atiradas em 30 metros, perante 11 sujeitos impávidos e serenos. Até no momento em que Nacho quase empurrou o esférico para própria baliza.

Após meia hora, Guardiola decidiu, por fim, procurar algo de novo, confiar a algum pupilo a missão de dobrar a muralha «Blanca». Tal missão coube ao belga Doku, que rendeu Grealish.

Surtiu efeito imediato. Pela esquerda, e numa das primeiras incursões, Doku instalou o pânico na lateral, obrigou Rüdiger a um corte defeituoso e permitiu a Kevin De Bruyne repor a igualdade. Por fim, a pressão dos «Citizens» deu frutos.

Na ressaca, o Real Madrid foi previsível. Além de agastado pelo momento, os «Merengues» estavam desgastados, lembrando que defender poderá cansar (bem) mais do que atacar. Estavam decorridos 76 minutos.

Pouco depois, à entrada da área, De Bruyne tirou tinta à trave de Lunin, num arco quase perfeito. E, na insistência, o médio belga não capitalizou um «penálti em andamento». Espaço raro no coração da área «Merengue» e De Bruyne – tão habituado a aproveitar – foi ineficaz, para desespero de Guardiola, que foi de joelhos ao relvado.

Até ao apito que confirmou o prolongamento, o Real Madrid terá a agradecer aos Deuses do jogo por manter a eliminatória «viva», pois, desde o golo, aos 12m, não mais ameaçou a baliza de Ederson.

Rüdiger não evitou penáltis

Para o prolongamento, Guardiola trocou Álvarez por Haaland, uma vez mais silenciado por Rüdiger na larga maioria dos duelos. Ainda assim, o avançado argentino foi incapaz de enriquecer o ataque da casa. Como tal, e face ao desgaste de De Bruyne, foi a vez de Bernardo Silva comandar a equipa, orientando as variações de flanco e abrindo espaço para Doku criar.

Numa fase em que o cansaço imperava, de parte a parte, o Real Madrid conquistou o primeiro canto, aos 105+1m. Na sequência do lance, entre ressaltos, Brahim serviu Rüdiger, que na cara de Ederson, apenas conseguiu rematar por cima. Uma oportunidade soberana e rara, que poderia ter custado muito caro a Akanji, que havia falhado a interceção.

Nos derradeiros 15 minutos pouco ou nada houve para contar, além das trocas de De Bruyne e Akanji por Kovacic e Stones.

Lunin e Rüdiger abrem caminho para Munique

Havia chegado a hora. Um momento inédito nos confrontos entre Man. City e Real Madrid. Já com o Bayern Munique a ver do sofá, Lunin agigantou-se para travar Bernardo Silva e Kovacic.

Ainda que Ederson tenha defendido o remate de Modric – e cobrado o quinto penálti – o guardião brasileiro nada pôde fazer perante Rüdiger.

O central alemão assumiu, por fim, a capa de herói nesta eliminatória. Depois de frustrar Haaland ao longo de mais de 180 minutos, Rüdiger selou a passagem dos «Merengues» às meias-finais da Liga dos Campeões.

 

Ancelotti volta a eliminar Guardiola

Na última vez que o Real Madrid levou a melhor sobre o Man. City, nas meias-finais de 2022, os «Blancos» conquistaram a Champions. Por isso, Ancelotti – o treinador mais titulado nesta prova – está de olho na quinta «orelhuda», que seria a 15.ª para o clube. Aliás, importa referir, Wembley poderá ser um destino inédito de conquista para os «Merengues».

Por agora, o Real Madrid sabe que medirá forças com o Bayern Munique e não poderá contar com Carvajal na primeira mão, por castigo. Contas feitas, restam duas equipas alemães, uma espanhola e uma francesa em prova.

No particular duelo entre Ancelotti e Guardiola, a história na Liga dos Campeões continua a favor do italiano. À quarta eliminatória, Ancelotti conseguiu, pela terceira vez, deixar Guardiola pelo caminho, a segunda vez ante o Man. City.

Reveja, aqui, as melhores imagens desta noite, em Manchester.

Quanto ao calendário doméstico, o Real Madrid centra atenções na receção ao Barcelona, no domingo (20h). Os «Merengues» lideram a La Liga, com oito pontos de vantagem sobre os catalães.

Por sua vez, o Manchester City – líder da Premier League – aponta às meias-finais da Taça de Inglaterra, onde defrontará o Chelsea, na tarde de sábado (17h15).

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