Chocados, tristes, devastados: Kelvin Kiptum 1999-2024

CNN , Larry Madowo e Heather Chen
12 fev, 12:24
Kelvin Kiptum (Getty Images)

"Foi-se demasiado cedo. RIP Campeão": é o recordista mundial da maratona, esperava-se que fosse o primeiro ser humano a corrê-la em menos de duas horas. Morreu tragicamente: "Morreu-nos uma joia especial, não tenho palavras"

O atual recordista mundial da maratona, Kelvin Kiptum, e o seu treinador, Gervais Hakizimana, morreram num acidente de viação este domingo à noite nos arredores da cidade de Eldoret, no Vale do Rift, Quénia, confirmou a polícia local.

O atleta queniano de 24 anos, que conduzia um Toyota Premio, e o treinador morreram no local do acidente, disse à CNN o comandante da polícia do condado de Elgeyo Marakwet, Peter Mulinge.

Um terceiro ocupante sobreviveu com ferimentos graves, acrescentou Mulinge.

"Kiptum perdeu o controlo, saiu da estrada, entrou numa vala a 60 metros de profundidade e bateu numa árvore grande", declarou Mulinge. O acidente ocorreu por volta das 23:00, hora local.

O recorde mundial de Kiptum na maratona, 2:00:35, estabelecido na Maratona de Chicago em outubro do ano passado, foi ratificado há poucos dias pela World Athletics. Kiptum tinha passado a correr na maratona em vez de corridas de distâncias mais curtas apenas um ano antes de estabelecer esse recorde.

O queniano melhorou o seu melhor tempo pessoal em 50 segundos, batendo o recorde de 2:01:09 estabelecido pelo seu compatriota Eliud Kipchoge, que é considerado o melhor maratonista de todos os tempos. Acreditava-se que Kiptum seria o sucessor de Kipchoge e um possível candidato a correr a maratona em menos de 2 horas.

Hakizimana, de 36 anos, era um antigo atleta profissional do Ruanda que participou em diferentes corridas, desde os 5000 metros até à meia maratona.

Os destroços do carro em que seguiam o recordista mundial da maratona queniana, Kelvin Kiptum, e o treinador aquando o acidente de viação perto da cidade de Eldoret, no Vale do Rift, no Quénia, a 12 de fevereiro (Associated Press)

"Maratona sofre perda trágica"

Personalidades de todo o mundo do atletismo e da corrida de longa distância prestaram homenagem e lamentaram a perda de um atleta no seu auge.

O presidente da Federação Mundial de Atletismo, Sebastian Coe, afirmou que Kiptum era "um atleta incrível que deixou um legado incrível, vamos sentir muito a sua falta".

"Estamos chocados e profundamente tristes ao saber da perda devastadora de Kelvin Kiptum e do seu treinador, Gervais Hakizimana", afirmou Coe. "Em nome de toda a World Athletics, enviamos as nossas mais sinceras condolências às suas famílias, amigos, colegas de equipa e à nação queniana."

Coe acrescentou que "só no início desta semana, em Chicago, o local onde Kelvin estabeleceu o seu extraordinário recorde mundial da maratona, é que pude ratificar oficialmente o seu tempo histórico".

O empresário de Kiptum, Bob Verbeeck, descreveu o atleta como um "amigo querido".

"Em nome de todos os nossos colegas e amigos do Golazo (Management Group), enviamos as nossas mais sinceras condolências às suas famílias, amigos e a toda a família do atletismo", declarou Verbeeck em comunicado.

As mensagens de condolências também chegaram à conta oficial de Kiptum no Instagram após a notícia da sua morte.

Os organizadores da Maratona de Londres partilharam uma mensagem no X. "Estamos chocados e profundamente tristes. Os pensamentos de todos na Maratona de Londres TCS estão com a família e os amigos de Kelvin e Gervais".

A perda de Kiptum será sentida em Chicago, declarou Carey Pinkowski, diretor executivo da Maratona de Chicago do Bank of America, onde Kipton fez história em 2023.

"Kelvin era um atleta único numa geração na frente da sua carreira", afirmou Pinkowski. "Embora ele seja celebrado pelos seus desempenhos recordistas, recordá-lo-ei como um talento incrível e como uma pessoa ainda mais magnífica."

"Tivemos a sorte de testemunhar a sua grandeza nas ruas de Chicago", acrescentou. "O desporto da maratona sofreu uma perda trágica".

Kiptum fotografado na Maratona de Chicago de 2023, no Grant Park, a 8 de outubro de 2023 (Michael Reaves/Getty Images)

Os atletas olímpicos quenianos também expressaram o seu pesar. O duplo medalhista de ouro olímpico David Rudisha, que sobreviveu a um acidente de avião em 2022, considerou a morte de Kiptum "uma enorme perda". " As minhas condolências às famílias, amigos, fraternidade atlética e ao Quénia em geral", escreveu Rudisha no X.

"Estou chocado ao saber do trágico acidente que tirou a vida de Kevin Kiptum e do seu treinador hoje", lamentou Bernard Lagat, cinco vezes atleta olímpico e corredor de meia distância. "Foi-se demasiado cedo. RIP Campeão".

O australiano Robert de Castella, ex-campeão mundial de maratona, declarou: "Sem mais nem menos, uma estrela em ascensão desaparece. É de realçar como a vida é preciosa e como todos nós somos vulneráveis".

O antigo primeiro-ministro do Quénia também esteve entre os que prestaram homenagem. Numa publicação no X, Raila Odinga descreveu as mortes como "notícias devastadoras" e elogiou Kiptum como um ícone do atletismo queniano. "A nossa nação está de luto pela perda profunda de um verdadeiro herói".

O ministro queniano dos desportos, Ababu Namwamba, também partilhou as suas condolências no X: "O Quénia perdeu uma joia especial. Não tenho palavras".

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