Jovens são menos felizes do que as gerações mais velhas, revela Relatório sobre a Felicidade Mundial

20 mar, 16:29
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Estudo da Universidade de Oxford revela que foram registadas "quedas desconcertantes [na felicidade dos jovens]"

Os jovens estão a tornar-se cada vez menos felizes do que as gerações mais velhas, uma vez que sofrem "o equivalente a uma crise de meia-idade", revela um novo estudo citado pelo Guardian.

De acordo com o Relatório sobre a Felicidade Mundial, um barómetro anual do bem-estar em 140 países, coordenado pelo Centro de Investigação sobre o Bem-Estar da Universidade de Oxford, pela Gallup e pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, foram registadas "quedas desconcertantes [na felicidade dos jovens]".

Segundo Jan-Emmanuel De Neve, diretor do Centro de Investigação sobre o Bem-Estar e editor do estudo, em declarações ao Guardian, as quedas foram registadas "especialmente na América do Norte e na Europa Ocidental".

"Pensar que, em algumas partes do mundo, as crianças já estão a viver o equivalente a uma crise de meia-idade, exige uma ação política imediata", afirmou, acrescentando que a situação na América do Norte "contradiz uma noção bem estabelecida (...) de que as crianças começam por ser mais felizes antes de deslizarem pela curva em U em direção a uma crise de meia-idade, antes de [o bem-estar] voltar a subir".

Segundo o relatório, "os 10 principais países mantiveram-se praticamente inalterados desde antes da covid. A Finlândia continua no topo, com a Dinamarca agora muito próxima e os cinco países nórdicos no top 10. Mas, nos 10 países seguintes, há mais mudanças, com os países em transição da Europa Oriental a subirem na felicidade (especialmente a Chéquia, a Lituânia e a Eslovénia). Por esta razão, os Estados Unidos e a Alemanha desceram para 23 e 24 na classificação".

Em declarações ao jornal britânico, Vivek Murthy, cirurgião-geral dos EUA, afirma que "os jovens estão realmente em dificuldades", perante os dados do relatório que revelou que os EUA saíram da lista das 20 nações mais felizes. O médico adianta ainda que essa mudança "histórica" vivida nos EUA é passível de acontecer na Europa Ocidental.

"Em muitas regiões, mas não em todas, os jovens são mais felizes do que os idosos. Mas, na América do Norte, a felicidade diminuiu de tal forma para os jovens que estes são atualmente menos felizes do que os idosos. Em contrapartida, nos países em transição da Europa Central e Oriental, os jovens são muito mais felizes do que os idosos. No conjunto da Europa Ocidental, a felicidade é semelhante em todas as idades, enquanto noutros locais tende a diminuir ao longo do ciclo de vida (com uma subida ocasional para os idosos)", lê-se nas conclusões do relatório.

Para Murthy, a culpa para esta mudança, que alterou o paradigma ao fim de 12 anos nos EUA - em que as pessoas entre os 15 e os 24 anos já não são consideradas mais felizes do que as gerações mais velhas desde 2017 - pode estar na utilização massiva das redes sociais.

O médico alerta que permitir que as crianças utilizem as redes sociais é como dar-lhes um medicamento cuja segurança não está provada e que facto de os governos não terem conseguido regulamentar melhor as redes sociais nos últimos anos é "uma loucura".

Para o especialista, que diz que ainda está à espera de dados que mostrem que as redes sociais são seguras, as conclusões do relatório são uma verdadeira "bandeira vermelha de que os jovens estão realmente a ter dificuldades nos EUA e agora cada vez mais em todo o mundo".

As conclusões do relatório são obtidas após as avaliações que os inquiridos fazem das suas vidas e das suas emoções positivas e negativas, sendo que o bem-estar e a saúde emocional na infância podem ser os melhores indicadores da satisfação com a vida adulta.

E.U.A.

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