Pingo Doce promete “repercutir integralmente” uma descida de IVA no preço dos alimentos

ECO - Parceiro CNN Portugal , Flávio Nunes
23 mar 2023, 12:33
Pingo Doce

CEO do Pingo Doce diz que descida do IVA nos bens alimentares já devia ter acontecido há um ano e promete não absorver alívio fiscal nas margens de lucro

A CEO do Pingo Doce assegura que, caso o Governo venha a decidir reduzir o IVA cobrado nos produtos alimentares, essa descida será integralmente refletida no preço final dos produtos nas prateleiras. Já o CEO da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, antevê uma descida “substancial” dos preços dos alimentos na segunda metade deste ano.

“Vamos repercutir integralmente a diminuição do IVA no preço dos produtos”, assegurou Isabel Ferreira Pinto, numa conferência de imprensa em que criticou o Governo por só agora admitir implementar tal medida. “Se o Governo avançar com esta medida, já o devia ter feito há mais de um ano”, atirou.

A declaração surge um dia depois de o primeiro-ministro ter assumido no Parlamento que a descida do IVA dos alimentos está agora em cima da mesa, desde que o retalho se comprometa a descer efetivamente os preços. António Costa falava no debate sobre política geral no Parlamento.

Segundo o governante, o plano de ataque do Executivo passa por ajudas de Estado à produção, acordos com a produção e a distribuição e a redução do IVA dos alimentos, desde que se reflita nos preços. Uma volta de 180 graus para o Governo, que no ano passado, na apresentação do Orçamento do Estado para 2022, considerava que uma descida do IVA seria incorporada pelas retalhistas nas margens, não beneficiando as famílias.

Isabel Ferreira Pinto aceitou comentar o caso espanhol, garantindo que “não é verdade” que a descida do IVA não tenha tido impacto nas carteiras dos consumidores. “Se forem avaliar em Espanha, devido a essa diminuição do IVA, [os preços] subiram menos do que subiram em Portugal. Ajudou as famílias. Acho que o Governo foi o único agente interveniente na cadeia de valor que não fez qualquer tipo de diminuição na sua receita no ano passado. Chegou a altura de tomar medidas para ajudar as famílias portuguesas”, disse a responsável.

O CEO da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos (ao centro), com a CEO do Pingo Doce, Isabel Ferreira Pinto (à direita) e a CFO do grupo, Ana Luísa Virgínia (à esquerda)
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Soares dos Santos pede garantias de que produtos ficam em Portugal

Quanto aos apoios às empresas da cadeia de valor, Pedro Soares dos Santos salvaguardou que “as ajudas” não deverão ser dadas às empresas de distribuição. “Deem-nas às empresas de produção, com a garantia de que os produtos ficam em Portugal, porque a escassez que aconteceu no ano passado foi muito perigosa”, asseverou.

Confrontado pelo ECO com o plano delineado no dia anterior pelo Governo e os possíveis acordos com a distribuição, o líder do grupo Jerónimo Martins recusou negociar diretamente com o Governo — “se” tiver de ocorrer uma negociação, acontecerá sempre no seio da associação setorial, a APED.

“Vamos esperar para ver o que foi anunciado. A Jerónimo Martins não está a negociar com absolutamente ninguém. Faz-se representar na APED [como fazem todas as outras insígnias]. Essa negociação, se tiver de acontecer, não é com as companhias [diretamente]”, apontou, recusando fazer mais comentários.

Preços devem descer no segundo semestre

Na mesma ocasião, o presidente executivo da Jerónimo Martins disse antever um segundo semestre diferente para as famílias no que toca ao cabaz alimentar.

“Penso que vamos ter uma redução [dos preços no segundo semestre], potencialmente mais substancial — nunca aos valores anteriores, porque os custos já cá estão. Vamos ter um segundo semestre diferente desse ponto de vista. Já estamos a ver os primeiros sinais na área dos vegetais e dos frescos”, rematou Pedro Soares dos Santos.

A conferência de imprensa desta quinta-feira acontece um dia depois de a Jerónimo Martins ter publicado os lucros do ano passado, que atingiram 590 milhões de euros, um crescimento de 27,5% face a 2021.

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