Imposto extraordinário de 40% sobre os bancos italianos caiu que nem uma bomba - ações afundam e afetam banca europeia

António Guimarães , com Lusa
8 ago 2023, 14:14
Giorgia Meloni (EPA/ Angelo Carconi)

Governo de Giorgia Meloni estima que a medida permita arrecadar mais de dois mil milhões de euros, que serão utilizados na redução de impostos e na ajuda às famílias mais afetadas pela subida do crédito à habitação

Uma decisão inesperada que caiu que nem uma bomba na banca italiana, que rapidamente viu as ações a afundarem. O governo italiano anunciou, num decreto-lei publicado antes da pausa para férias, que vai aplicar uma taxa adicional de 40% sobre os lucros extraordinários que os bancos estão a obter através da subida das taxas de juro.

Uma medida que se segue às várias críticas do governo, encabeçado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, que tem criticado a resistência dos bancos em aumentarem as taxas de juro dos depósitos, enquanto continuam a aumentar as taxas indexadas ao crédito à habitação.

É precisamente aí que a medida vai incidir, na margem financeira, que resulta da diferença entre os juros cobrados pelos créditos concedidos e os juros pagos aos aforradores pelos montantes que estes confiam aos bancos.

A medida vai começar a aplicar-se em 2024 e incidirá sobre os anos de 2022 e 2023, aplicando-se àquele que apresentar a maior margem financeira, calculando-se que a mesma tem de exceder em 5% em 2022 e em 10% em 2023. Na prática, todos os bancos que tiverem margens financeiras acima do ano anterior terão de pagar esta taxa.

Ainda falta a aprovação parlamentar, que deve chegar nos próximos dois meses, mas o governo espera que se possam arrecadar mais de dois mil milhões de euros com a medida.

Dinheiro esse que, segundo o vice-primeiro-ministro de Itália, Matteo Salvini, será utilizado para descer os impostos e subsidiar as pessoas mais necessitadas no pagamento de hipotecas. É aquilo a que o também ministro dos Transportes e das Infraestruturas chamou de "bom-senso".

"É uma medida congruente e vai alimentar as reduções fiscais e apoiar as hipotecas", defendeu Matteo Salvini. "Não estamos a falar de alguns punhados de milhões, mas de milhares de milhões", acrescentou.

O objetivo é ajudar as famílias afetadas pelo aumento das taxas de juro, numa altura em que esse valor já vai em 4,25%, sendo que o Banco Central Europeu ainda não deu como garantido que as subidas, o principal instrumento comunitário para controlar a inflação, tenham terminado.

Os bancos Intesa Sanpaolo e UniCredit, os dois maiores de Itália, viram as suas ações cair em 8% e 6,5% logo após o anúncio. Já o estatal Monte dei Paschi di Siena caiu 7,4%, enquanto o Banco BPM, o terceiro maior, caiu 8,2%.

Banca europeia também reage mal

Os bancos europeus caíram pouco depois do meio-dia cerca de 3%, afetados pelo imposto anunciado em Itália, mas também pela descida da notação da dívida de várias entidades norte-americanas pela agência Moody's.

Os bancos do índice europeu Stoxx 600 perdiam, em média, 2,75% a esta hora, com os bancos italianos a liderarem a queda - o Banca Popolare de Emilia Romagna chegou a perder 9,25%.

Nenhum dos 40 bancos do índice estava a subir. O FinecoBank vinha a seguir, com uma queda de 8%, enquanto o Intesa SanPaolo perdia 7,81%, o BMP 7,23% e o Unicredit 6,43%.

Seguiram-se outras instituições com perdas menores, como o Commerzbank, que desceu 3,86%, enquanto o Bank Polska Kasa Opieki perdeu 3,84%.

Os bancos espanhóis lideraram as perdas da bolsa nacional, com o Banco Santander a cair 3,33%, a maior queda do índice IBEX 35, a Unicaja a descer 2,98%, o BBVA 2,78%, o Bankinter 2,24% e o CaixaBank 1,98%.

Às 12:00 de Portugal continental, na Bolsa de Lisboa, as ações do BCP, único banco que integra o PSI, lideravam as perdas e estavam a cair 4,46% para 0,24 euros.

O setor bancário também estava a ser prejudicado pela decisão de baixar a notação da dívida de várias instituições norte-americanas pela agência de avaliação de risco Moody's.

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