Lucescu antecipa Dínamo Kiev-Sporting: «Pode encorajar e inspirar muitos»

28 mar 2022, 10:31
Mircea Lucescu (AP)

Treinador romeno aborda jogo da Youth League. Jogo vai avante, com papel importante do técnico da equipa principal dos ucranianos, que está em Bucareste a dar apoio

O treinador do Dínamo Kiev, Mircea Lucescu, está no seu país natal, a Roménia, em Bucareste, onde teve um papel crucial para que o encontro da equipa sub-19 dos ucranianos ante o Sporting, dos oitavos de final da UEFA Youth League, fosse avante.

O técnico de 76 anos deixou Kiev, na Ucrânia, apesar da vontade de ficar, mas percebeu que «poderia ajudar mais em Bucareste do que se estivesse com os jogadores» na capital ucraniana.

Entre a ajuda que deu a atletas e famílias na retirada de território ucraniano, Lucescu quis também contribuir para que o futebol continuasse a ocupar um lugar entre os corações dos ucranianos, pese a devastação do país pela guerra, fruto da invasão russa. E o Dínamo Kiev-Sporting, que vai mesmo jogar-se, vai ser o primeiro jogo oficial de uma equipa da Ucrânia desde o início da guerra. Lucescu quis contribuir para que o povo daquele país tenha alguma razão para encontrar felicidade.

«Sei que muitos dirão que é moralmente errado que parte das pessoas estejam a lutar numa guerra, enquanto outras jogam futebol. Mas cada pessoa pode lutar de uma forma pessoal, fazer o seu melhor para ajudar ou apoiar os que estão em casa. A atuação em campo pode encorajar e inspirar muitos», referiu Lucescu, em declarações ao The Guardian, publicadas esta segunda-feira.

A data do encontro ainda não foi oficializada pela UEFA, sendo que a imprensa romena tem noticiado que o duelo vai disputar-se em Bucareste, a 6 de abril, uma quarta-feira, dia da semana habitual para os jogos da competição. No sábado, em declarações à imprensa romena, Lucescu referiu que o jogo é a 7 de abril, no Estádio Giulesti, na capital romena. Contudo, a data certa carece ainda de oficialização.

A seleção da Ucrânia, os jogadores e famílias

Por outro lado, Mircea Lucescu mostrou vontade de ajudar a seleção da Ucrânia a preparar da melhor forma possível o play-off de apuramento para o Mundial 2022. O Escócia-Ucrânia foi adiado devido à guerra.

«Falei à federação ucraniana sobre os meus pensamentos. Acho que seria uma boa ideia ter uma equipa formada por jogadores do Shakhtar e do Dínamo, a treinar e a jogar [ndr: em Bucareste] antes do jogo contra a Escócia, em junho», apontou. «Desejo que os jogadores internacionais formem uma equipa que treine e jogue amigáveis contra os clubes que não estão envolvidos nas competições europeias. Os jogadores do Dínamo estão agora perto de Lviv, a treinar lá. Todos os dias, o meu pessoal envia vídeos das sessões de treino. Só pedi que mantivessem a forma física, corressem um pouco e fossem ao ginásio», relatou.

Nas últimas semanas, na ajuda a partir de Bucareste, Lucescu conseguiu que os estrangeiros do Dínamo e do Shakhtar regressassem a casa através da capital romena. «A embaixada romena insistiu que eu saísse e o clube também pensou que eu devia fazê-lo. Mas, primeiro, eu quis saber o que aconteceria com os meus rapazes na equipa», contou. Além disso e ao todo, desde que chegou a Bucareste, Lucescu ajudou também que esposas, pais e filhos dos jogadores – mais de 80 pessoas o total – saíssem da Ucrânia em dois autocarros.

«Eu não estava sobrecarregado. Alguém precisava de fazer as coisas. Ajudei como pude. As famílias estão seguras e os jogadores sentem-se encorajados por isso», referiu Lucescu, que também encontrou casas perto de si, na Roménia, para dois jogadores do Shakhtar (Serhiy Kryvtsov e Taras Stepanenko) e um do Dínamo, o capitão Sergiy Sydorchuk, na saída da Ucrânia: o trio pôde deixar o país natal por serem pais de três filhos e estão a ajudar a enviar mantimentos para a Ucrânia.

«O Sydorchuk foi pai pela quarta vez durante a estadia em Bucareste. Agora, tem uma ligação especial à cidade. Enalteço o que eles estão a fazer. Eles pediram encontros com supermercados e compraram muitas coisas para os afetados na Ucrânia. Mostraram muita solidariedade», partilhou.

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