O que fica da louca corrida ao Mundial

11 out 2017, 20:52
Equador-Argentina: emoções ao rubro

A última jornada de apuramento direto para o Campeonato do Mundo foi longa e louca, da Europa às Américas. Deixou de fora pesos pesados, promoveu apuramentos-milagre e ainda mais uma estreia. Ideias para assentar

A última jornada de apuramento direto para o Campeonato do Mundo foi longa e louca, da Europa às Américas. Deixou de fora pesos pesados, promoveu apuramentos-milagre e ainda mais uma estreia. E teve festas épicas, como a da Argentina, que estava em apuros e começou a sofrer um golo aos 38 segundos (!), mas depois teve Messi, três vezes Messi. E teve desilusões pungentes, como a da Síria, e estrondosas, como as do Chile e dos Estados Unidos. Agora que já deu tempo para respirar fundo, alguns dados a assentar ideias sobre a corrida ao Mundial da Rússia.

Cuidado com o campeão do mundo

10 jogos, 10 vitórias. 43 golos marcados, 4 sofridos, uma diferença de golos recorde em qualificações. A Alemanha fez uma campanha perfeita, a única seleção de todo o planeta a chegar ao Mundial tendo vencido todos os jogos. Só uma seleção tinha ganho antes os 10 jogos da qualificação europeia: a Espanha na caminhada para o Mundial 2010, que só terminou com a Taça nas mãos. Bom augúrio para a «Mannschaft»? Na Europa, só a Bélgica se aproximou destes números, com os mesmos 43 golos marcados e seis sofridos, e com 28 pontos, apenas um empate cedido. Em termos de pontos, também a Espanha fez 28, mas com menos golos.

Já quanto aos outros campeões, salva-se Portugal

As coisas não andam fáceis para quem festejou títulos de seleções há pouco tempo. Nesta altura, Portugal é o único campeão continental que tem lugar garantido no Mundial da Rússia. O Chile, campeão sul-americano, está fora. E os Estados Unidos, que venceram a Gold Cup no verão passado, também. Tal como os Camarões, os atuais detentores do título em África. Restam os campeões da Ásia e da Oceânia, Austrália e Nova Zelândia. Sim, para quem não se lembra a Austrália mudou de continente para efeitos futebolísticos. Vão ambos a play-off, os «Socceroos» com as Honduras, e a Nova Zelândia com o Peru.

Fiascos com estrondo

A lista é de peso. Chile, Estados Unidos, Holanda. Todos eles falham o Mundial, os dois primeiros de forma dramática perante a combinação de resultados da última jornada. Os Estados Unidos falham a presença numa fase final pela primeira vez desde 1986. Quanto à Holanda, começou a falhar bem antes e precisava de um milagre de golos na última ronda, que não aconteceu. A «Laranja» está em crise e volta a falhar uma grande competição, depois de ter cometido a proeza de não conseguir estar entre as 24 equipas que foram ao Euro 2016. E de caminho perdeu a última das suas grandes referências. Arjen Robben marcou os dois golos da vitória na última jornada sobre a Suécia e depois anunciou que deixa a seleção. Mas a lista de grandes ausentes pode não ficar por aqui. A Itália, por exemplo, arrisca-se a ser a única seleção que já foi campeã do mundo a ficar de fora da festa na Rússia, a ver vamos como corre o play-off. Fique aqui com uma ideia de quem mais está de fora.

As primeiras vezes

Como diria Éder, foi feriado no Panamá, c......! E foi mesmo. Roman Torres é o herói que marcou aos 89 minutos o golo que pôs o Panamá pela primeira vez num Mundial, mas no banco estava alguém com experiência destas coisas. Hernán Dario Gomez, El Bolillo, o treinador que já apurou três seleções para o Mundial: a Colômbia em 1998, o Equador em 2002, também uma estreia, e agora o Panamá. A outra estreante confirmada é a Islândia. Continua a bonita história que esta geração islandesa está a escrever. Depois do Euro 2016, onde chegou até aos quartos de final, o Mundial. Muita alma para o país de 330 mil habitantes que se tornou o menos populoso de sempre a chegar a um Mundial. Um recorde difícil de bater.

O fim do sonho mais romântico

A Síria chegou à última barreira da qualificação da Ásia. Caiu no play-off com a Austrália e do veterano Tim Cahill, uma bola ao poste no final do jogo a dar ainda maior dimensão ao drama. A seleção de um país em guerra, que fez toda a qualificação longe de casa. Uma equipa para a qual há várias formas de olhar. Quer a vejamos como uma tentativa do regime de um país há muito destroçado pela guerra em fazer passar a ideia de alguma normalidade, quer queiramos ver aqui a capacidade do futebol em unir e resistir, esta foi uma grande história.

Ainda muita gente de coração nas mãos

Ainda há 20 países a jogar pelos nove lugares em aberto para a Rússia. As decisões serão na primeira quinzena de novembro. Aí ficarão definidas as três equipas que sairão da qualificação africana para o Mundial, as quatro seleções da Europa que levarem a melhor no play-off e os vencedores dos dois play-offs intercontinentais, Austrália-Honduras e Nova Zelândia-Peru.

Coisas estranhas, e também karma?

A última jornada das Américas foi pródiga em dramas, já se sabe. Com histórias loucas pelo meio, como a do suplente do Panamá que foi chutar uma bola para longe em pleno jogo. Já para não falar, claro, do golo fantasma que abriu caminho ao apuramento panamiano. E que dizer daquela conversa de pé de orelha que Radamel Falcao teve com vários jogadores do Peru, quando se percebeu que o empate dava jeito não só à Colômbia, mas também ao adversário? E depois há a história da vitória do Chile na secretaria. Um protesto ao empate no jogo com a Bolívia, por utilização irregular de Nelson Cabrera, que é paraguaio de nascimento e se naturalizou boliviano, mas ainda não tinha cumprido todos os requisitos necessários, deu três pontos ao Chile. Mas a FIFA estendeu a decisão a outro jogo em que Cabrera tinha alinhado, frente ao Peru. E o Peru, que tinha perdido esse jogo, passou a somar uma vitória. Portanto, se tudo tivesse ficado como acabou em campo, era o Chile que estava agora no play-off.

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