Zlatan admite agressão a Azpilicueta: «Foi estúpido, mas voltaria a fazê-lo»

23 nov 2021, 10:07
Roma-Milan (LUSA)

Sueco frisou que a adrenalina é que o faz continuar a jogar aos 40 anos e lhe permite superar as dores que sente. «Sofrer é como tomar o pequeno-almoço.»

Após uma lesão sofrida no joelho, que o deixou de fora do Euro 2020, Zlatan Ibrahimovic parece ter recuperado a sua melhor versão. Apesar de ter voltado a jogar e a marcar pelo AC Milan, o avançado sueco confessou que todos os dias sente dores no corpo.

«Não e fácil. Todos os dias acordo e tenho dores em todo o lado. Esta manhã tinha dores em todo o corpo, mas enquanto tiver objetivos e adrenalina, vou continuar. Estou a caminho de algo bom e de um sítio onde tenho de trabalhar para continuar no topo», admitiu em entrevista ao «The Guardian», enquanto se dirigia para Milanello.

«Vou continuar enquanto conseguir. Não quero ter aquele arrependimento de parar agora e depois, anos mais tarde, sentar-me contigo [jornalista] e dizer que poderia ter continuado porque me sentia bem. Prefiro chegar ao ponto em que estarei totalmente acabado. Para já continuo a ter capacidades para jogar», acrescentou. 

Aos 40 anos Ibra conserva a vontade e a ambição de um menino acabado de chegar ao futebol profissional. 

«Não é uma questão de ter um bom contrato ou de ser famoso. Não preciso disso. O que me faz continuar é a adrenalina porque tenho dores todos os dias. Mas ter mais seguidores não te vai curar. Ter mais dinheiro não te vai curar. Ter mais atenção não te vai curar. O que te vai curar é a adrenalina. Não tenho problemas em sofrer. Sofrer é como tomar o pequeno-almoço. Muitos não sabem o que é sofrer porque a nova geração, com todas as plataformas, tem de fazer muito pouco para ter crédito. Na minha geração era preciso fazer muito para ter um pouco de crédito. Estou orgulhoso de ser da geração que sou», disse. 

O AC Milan tem uma das equipas mais jovens da Serie A. O internacional pela Suécia diz que esse factor é a sua adrenalina.

«Jogo há 20 anos. As pessoas pensam: 'Ibra, tens de parar'. A minha mentalidade diz-me o contrário. Quando estes jovens me observam a treinar pensam: 'Depois de tudo o que ele fez, ainda continua a trabalhar. Tenho de fazer o mesmo'. Não é manipulação, mas é uma questão de dar o exemplo. Não sou um cão que ladra e não morde. Sou o oposto. A primeira vez que estive cá [2010 a 2012] havia muitas estrelas. Agora somos a equipa mais jovem da Europa e estamos no topo. É um projeto diferente, mas é muito mais satisfatório», explicou. 

O jogo entre Espanha e Suécia ficou marcado por um lance entre Azpilicueta e Ibrahimovic. O atacante nórdico atingiu o lateral-direito espanhol nas costas com o ombro. Bem ao seu estilo, Ibra admitiu tê-lo feito de forma propositada e apresentou uma justificação.

«Fiz de propósito. Não tenho vergonha de o dizer porque ele tinha feito uma coisa muito estúpida a um jogador meu. Foi estúpido, mas faria na mesma para ele perceber que não pode fazer o que fez. E para ele perceber que não tinha coragem de me fazer o que fez ao meu jogador.  Além disso, mostrei-lhe o que aconteceria se fosse comigo», justificou.

A verdade é que Zlatan acabou por ver cartão amarelo na sequência do lance e vai falhar o primeiro jogo do play-off de apuramento para o Mundial 2022.

«A questão não é falhar os play-offs. É ter feito um tipo entender que não pode pisar uma pessoa que está no chão. Não ataco um cão quando ele não ladra. Ataca quem é capaz de fazer alguma coisa. É fácil escolher um colega meu com 20 anos e que é um bom tipo. Espero que ele tenha entendido. Fiz uma coisa estúpida, mas voltaria a fazê-la», frisou. 


Ibra abordou ainda o facto de ter jogado contra Paolo Maldini e de agora ser colega do seu filho, Daniel.

«Um é o senhor simpático. O outro se te quiser matar, mata-te. Estou feliz por eles não serem iguais. Não é fácil para um filho de ser constantemente comparado com o pai, sobretudo neste caso. Estamos a ajudar o filho do Maldini da melhor maneira. Ele tem um grande talento, mas estou sempre a dizer-lhe: 'Joga o teu jogo, luta que vais lá chegar'. Estou feliz. Joguei contra o pai e hoje jogo com o filho. Talvez [Daniel] venha a ter um filho...», atirou, entre risos.

No final da entrevista, o sueco abriu o coração e assumiu que vai continuar a cometer erros e aprender com eles.

«A vida é feita de altos e baixos. Se tudo fosse perfeito, não teríamos nada sobre o que falar. Todos cometemos erros. Ninguém é perfeito. Nas redes sociais colocas uma fotografia com 20 filtros e pareces perfeito. Mas quando te vês na realidade, percebes que não és perfeito. Pareces normal como toda a gente. As pessoas fazem de conta que são perfeitas. Eu digo: 'Sou perfeito quando sou eu mesmo'. Isso não significa que não vou cometer erros, mas vou aprender com eles», concluiu. 

 

 

 

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