Catanha (Celta de Vigo): «Devo tudo a João Alves»

7 mai 2001, 15:10

Brasileiro ex-Belenenses brilha em Espanha É um dos goleadores mais temidos na Liga espanhola e foi lançado por um treinador português. No nosso país marcou sete golos em onze jogos, mas foi na época passada que «explodiu», quando apontou 24 golos pelo Málaga. Com contrato até 2004 e uma cláusula proibitiva, Catanha diz que «é impossível» regressar a Portugal.

O voo da ave surge em cada momento de glória em forma de golo. Não é mais do que uma maneira muito peculiar de festejar a conquista das redes adversárias, seja com fintas decisivas, remates certeiros ou cabeceamentos ao ângulo, sem hipóteses para os guarda-redes. 

Esta poderia ser uma breve abordagem a um qualquer avançado, mas trata-se do relato verdadeiro da presença inesgotável de Catanha entre os maiores goleadores do campeonato espanhol na actualidade. O mesmo brasileiro que surgiu do nada em Belém na época 95/96, onde marcou sete golos em onze jogos. João Alves percebeu, desde logo, as suas qualidades e resgatou-o ao Belenenses para o acompanhar até Salamanca. 

A decisão do técnico, na temporada seguinte, serviu como um golpe de sorte para o jogador, que vislumbrava com timidez as possibilidades que se lhe abriam num país fanático pelo futebol e a transbordar de investimento no futebol.  

Por isso, um dos mais temíveis pontas-de-lança da I Liga espanhola não tem dúvidas sobre a quem agradecer pelo sucesso que está a conseguir atingir: «Para mim foi uma satisfação João Alves ter ido para Espanha e ter-me indicado. Dou graças a ele e a Deus por me ter escolhido, porque realmente aqui as coisas saíram-me muito melhor. Devo tudo a João Alves, porque aqui surgiram oportunidades para fazer muitos golos, como estou a fazer agora». 

Sonhar alto «só» em Espanha 

Misturando o português com o castelhano, Catanha falava com o Maisfutebol logo após uma estrondosa vitória do Celta de Vigo sobre o Real Madrid (3-0), mas desta vez o avançado não marcou e o máximo que conseguiu foi cabecear uma bola ao poste, depois de ter procurado incessantemente o golo. O Real permanece, assim, como uma das três equipas da Liga espanhola a quem o brasileiro nunca marcou ¿ as outras são o Villareal e o Las Palmas. 

Na quarta época que cumpre em equipas espanholas, Catanha não evidencia qualquer frustração por não ter tido mais tempo para mostrar valor em Portugal. Na sua opinião os sete golos que marcou em 11 jogos pelo Belenenses, «já foram uma boa marca». 

A «explosão» sucedeu na época passada ao apontar 24 golos pelo Málaga, que o deixaram a apenas um do «pichici» (melhor marcador do campeonato) Salva, do Santander. Depois de passar por Salamanca e Leganés na II Divisão, os maiores emblemas do país tiveram de começar a reparar no brasileiro, mas o Celta de Vigo foi a primeiro a segurá-lo e com um contrato até 2004. A certeza de possuírem uma pérola entre mãos levou os galegos a estipularem uma cláusula de rescisão praticamente proibitiva, pois chega aos 12 milhões de contos que o Real pagou ao Barcelona por Figo. 

Com estes números, o avançado de 29 anos não consegue pensar no regresso a Portugal, considerando a hipótese «impossível», pois no nosso país não existe dinheiro suficiente para o contratar. Mesmo assim, revela que para regressar apenas aceitaria propostas de «F.C. Porto e Benfica». 

Habituado à realidade espanhola, Catanha não pára de sonhar e confessa as suas metas para um futuro próximo: «Espero pensar cada vez mais alto, mostrar o máximo de futebol e marcar muitos golos para, quem sabe, representar um clube ainda maior do que o Celta». 

«É bom o Boavista poder ser campeão» 

Os amigos que deixou em Portugal permitem-no estar em contacto permanente com o que se passa a nível futebolístico. Catanha é um espectador atento do campeonato da I Liga e tem uma opinião vincada sobre o momento actual. 

«Tenho acompanhado bastante, pois tenho muitos amigos em Portugal», começa por revelar o possante avançado. Para Catanha, «é bom que este ano o Boavista possa ser campeão, porque serve para quebrar o domínio dos três grandes».  

Só que nem só as coisas mais agradáveis chegam aos ouvidos do jogador. O mau momento do Benfica tem-lhe suscitado alguma apreensão e o mínimo que poderá desejar é que melhore, dado que, na sua opinião, «merece estar sempre em cima».

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