Áudios do presidente do Valência: «Se sais grátis, mato-te com a imprensa»

16 mai 2022, 10:05
Anil Murthy

Superdeporte revelou esta segunda-feira conversas de Anil Murthy que visam Carlos Soler, mas também a gestão e possível substituição do treinador José Bordalás

Está a ser uma segunda-feira de grande agitação em Valência. Os planos para o futuro do clube espanhol foram conhecidos esta segunda-feira em áudios do presidente Anil Murthy divulgados pelo jornal Superdeporte e já motivaram mesmo uma reação de repúdio, em última hora, por parte do clube espanhol.

O Superdeporte trouxe a público um primeiro capítulo dos «áudios de Anil Murthy», em que, entre outros assuntos, revela como o dirigente se referiu a futebolistas importantes no seio do plantel como Carlos Soler, a continuidade do técnico José Bordalás ou as intenções com o novo estádio, revelando ainda que Kang-in Lee esteve perto de rumar ao Sporting de Braga. Mas as palavras mais arrasadoras são mesmo sobre Soler.

«Se sais grátis em janeiro, vou matar-te com a imprensa toda. Coloco 100 mil euros. Temos de trazer dinheiro. Cresceste na academia e o clube investiu dinheiro em ti», disse Murthy, na conversa.

«O Carlos tem bem claro que quer sair, desde o início da época, porque tem muita ambição. Temos que respeitar porque eles têm demasiada pressão dos adeptos. Tem mulher, familiares, a última coisa que quer é sair a mal, para que os seus pais possam sair à rua. Se sair, quer que a sua família esteja bem e respeito isso», indicam os áudios divulgados.

«O Kang-In Lee tinha ambição também. Estava fechado 50 por cento para o Braga, que foi à Europa, mas foi por zero para o Maiorca», referiu também o dirigente do Valência.

Por outro lado, e sobre a relação com o treinado José Bordalás, Murthy apontou que «tem um caráter muito complicado», mas que era alguém «especial» e que se dava bem com ele. Além disso, o presidente do clube referiu que no último verão não se vendeu «ninguém importante» porque se apostou em Bordalás, mas que o Valência ficou com um «buraco impressionante entre encaixes e perdas», a rondar os «30 e pico» milhões de euros.

A atuação na final da Taça do Rei, perdida para o Bétis, foi também questionada por Murthy, nos áudios que o Superdeporte noticiou esta segunda-feira.

«Entrámos com a mentalidade de que não somos tão bons, que o Bétis é melhor. O mais triste é entrar com a mentalidade de que não somos tão bons», explicava Murthy, explicando que o Valência tem plantel, mas que os problemas financeiros iriam levar a «cortar a equipa» porque não há «outra opção».

Sobre o comando técnico, o nome de Quique Sánchez Flores, que já passou pelo Benfica, também surge nos áudios. Com a possibilidade de chegar às competições europeias em 2022/23 descartada via Taça do Rei e também pela liga, o único objetivo do Valência ficou, a certa altura, na reta final da temporada, a ser lutar pelo melhor lugar possível no campeonato, devido às receitas dos direitos televisivos. Neste contexto, Murthy revelou uma conversa com Bordalás.

«Eh, meu amigo, há uma diferença entre ser oitavo e 13.º», referira. E outra conversa foi com Gayà, a quem revelou o nome do treinador que queria ver a liderar a equipa. «Eh, meu amigo, sei que estás triste, mas… Quique Sánchez Flores quer voltar».

«Áudios estão editados e adulterados», diz Valência

Em comunicado, após a notícia dos áudios, o Valência refere que os mesmos «estão editados e adulterados para transmitir uma ideia falsa ou tendenciosa no contexto de uma conversa geral».

«Os áudios referem-se a uma refeição realizada no dia 27 de abril num restaurante com cinco empresários valencianos e a Fundação VCF para promover o evento solidário “La Nit de Valência”», explica o clube, criticando a publicação dos áudios por parte do Superdeporte que, diz o Valência, surgem depois de uma alegada proposta recusada pelo clube em assegurar a «viabilidade económica» do jornal através de «dezenas de milhares de euros por publicidade».

«O assunto está nas mãos dos serviços jurídicos do Valência, que já estão a estudar as medidas a tomar», lê-se, na conclusão da nota do clube.

«Estamos tranquilos com os áudios que ainda não saíram»

Ao início da tarde, através dos canais do clube, Murthy reforçou a ideia que o Valência já tinha deixado numa primeira reação. «É grave que tenham gravado, mas creio que é mais grave que tenham adulterado e editado. Por exemplo, o áudio do Carlos Soler é uma mistura entre a sua ambição e a sua vontade, em caso de saída, de fazê-lo bem», argumentou o dirigente, referindo que os cinco empresários com quem jantou em abril asseguraram que não gravaram quaisquer conversas.

«Os cinco empresários asseguraram-me que não foram eles, que em nenhum momento fariam isto ao clube, porque são todos valencianos. É surreal, mas acontece. Não há limites, não há códigos», disse, antecipando aquilo que ainda serão áudios que possam vir a público.

«Estamos muito tranquilos com os áudios que ainda não saíram, um deles relativos à Federação Espanhola de Futebol. O conteúdo das conversas tem como objetivo defender os interesses do Valência perante uma posição de abuso por parte de Rubiales [ndr: presidente da RFEF] e a Federação no tema da Supertaça. Como todos sabem, estamos em processo judicial e vamos defender o dinheiro que nos pertence pela Supertaça de 2019 e quando nos couber sentar para negociar a próxima edição da Supertaça vamos fazê-lo com a mesma mentalidade e firmeza», apontou.

Artigo atualizado às 15h04

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