Abel desafia brasileiros: «Procurem o que significa óculos à Penafiel»

19 jul 2022, 10:17
Abel Ferreira no Palmeiras-São Paulo

Treinador do Palmeiras diz que se «tivesse feito o que muitos esperavam, pegar no Veron e crucificá-lo», que o jovem não tinha marcado o golo que deu a vitória ante o Cuiabá

O treinador português Abel Ferreira vincou a sua posição acerca do jovem futebolista Gabriel Veron, apanhado numa festa e multado na última semana pelo Palmeiras, defendendo que fala apenas do que é o futebol e que, se quiserem criticá-lo, que o façam na qualidade de treinador e pelas opções que toma.

Veron, que já tinha sido titular ante o São Paulo por opção de Abel, no jogo que se seguiu à multa do clube, tendo aí feito uma assistência para golo, voltou a ser opção no onze na última noite e fez o único golo do triunfo do Palmeiras ante o Cuiabá. Abel, que já tinha dado uma lição na conferência de imprensa após o jogo com o São Paulo, voltou a falar do jovem que, entretanto, foi sondado para o FC Porto.

«Eu tenho que ter cuidado a falar do Gabriel Veron, porque da última vez que falei do Veron, dois ou três jornalistas, mal-intencionados, levaram isto para o outro lado. Eu quando falo, falo no contexto do futebol e eu acho que a liberdade da imprensa é fundamental para a democracia, mas há limites e a falta de respeito e a ofensa é o limite. Eu falei do Veron e dos jogadores brasileiros. Não generalizei. Não me metam em jogos políticos, em problemas da sociedade», começou por dizer, quando questionado sobre Veron.

«Eu vim para o Brasil para ser treinador de futebol dentro das minhas qualidades e capacidades e se me quiserem criticar, que me critiquem como treinador: é fraco, não ganha, a equipa não faz golos, sofre golos, não sabe substituir, não sabe preparar penáltis. O que quiserem. Agora, ofender? Ofender, tal como na democracia existem regras, vão ter de responder no sítio certo. As pessoas têm de entender que há limites. E ninguém está aqui a calar a imprensa, porque a liberdade de imprensa é fundamental para a democracia. Agora, há quem não saiba as regras e tenho pena dessas pessoas que tiraram um curso, que estudaram, que tiveram oportunidade de ter acesso aos estudos - que muitos não têm - e ainda serem tão mal-intencionadas que levam isto para jogos políticos», apontou, ainda, deixando depois um desafio: que os brasileiros procurem o significado da expressão «óculos à Penafiel», oriunda na sua terra, em Portugal.

«Eu falei do Veron e dos jogadores brasileiros, que é o que eu vou fazer agora consigo. Se eu tivesse feito o que muitos esperavam, pegar no Veron e crucificá-lo, hoje ele não tinha feito o golo. Mas eu não estou a dizer que eu é que estou certo. É a minha opinião, a minha forma de liderar, foi a educação dos meus pais que me permitiu ser assim e há pessoas que não te conseguem influenciar nem mudar, que é o meu caso, e vão à volta para dizer mal de ti que é para os outros acreditarem que tu és mau. E isso é feio, triste, vergonhoso. Fico muito triste e mais triste fico com quem não quer aprender e ser melhor. Lá na minha terra, em Penafiel… Procurem saber o que significa os óculos à Penafiel (ndr: correspondem às palas que os burros usam nos olhos de forma a que concentrem a atenção no caminho). Alguns têm de tirar esses óculos daqui. E nós precisamos de vós, são uma peça fundamental. Há grandes sites a falar de futebol, grandes programas de televisão, grandes jornalistas, comentadores e ex-jogadores a falar de futebol, independentemente do clube pelo qual torcem. Se o Brasil é o país do futebol, vamos fazer com que seja o país do futebol», concluiu.

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