Madeira: fogo no Porto Moniz perdeu intensidade mas não está controlado, zona florestal na Calheta continua a arder

Agência Lusa , MJC
13 out 2023, 09:52
Populares tentam apagar o incêndio no concelho da Calheta, Madeira (LUSA/HOMEM DE GOUVEIA)

O combate às chamas em Porto Moniz envolve ainda 60 operacionais. Na Calheta, os meios de socorro estão concentrados na zona habitacional, onde já há um desalojado e duas casas ardidas

O incêndio que lavra no concelho do Porto Moniz, Madeira, perdeu intensidade, mas “não está completamente controlado”, disse o presidente da autarquia, Emanuel Câmara, indicando que o combate envolve 60 operacionais.

“O incêndio continua, não se pode dizer que a situação está resolvida. Foi dos incêndios que mais fustigaram o nosso concelho desde que há memória”, disse o autarca à agência Lusa, para logo realçar: “Não posso considerar que os fogos estão dominados, pois a qualquer momento reacendem, daí a ativação do Plano de Emergência Municipal.”

De acordo com Emanuel Câmara, as chamas foram combatidas durante toda a noite, depois de se terem alastrado durante a tarde de quinta-feira por toda a zona alta do concelho, onde o fogo cercou a freguesia das Achadas da Cruz, transitando para os sítios dos Lamaceiros e Santa e para a encosta sobranceira à vila do Porto Moniz.

O lar de idosos situado nos Lamaceiros foi encerrado e 40 utentes foram transferidos para instalações no concelho vizinho de São Vicente. “A primeira preocupação foram as pessoas e depois os bens”, disse o presidente da Câmara Municipal, explicando que a situação mais grave foi a de uma senhora, nas Achadas da Cruz, que sofreu algumas queimaduras.

Várias pessoas pernoitaram, por precaução, na escola secundária do Porto Moniz e no salão paroquial da igreja local, entre as quais um grupo de alunos do 1.º ciclo, impedidos de regressar a casa nas zonas altas.

A zona florestal do concelho da Calheta, na Madeira, está a ser consumida pelas chamas enquanto os meios de socorro estão concentrados na zona habitacional, onde já há um desalojado e duas casas ardidas, revelou esta sexta-feira o presidente da Câmara. “Continuamos com muitos incêndios. A zona florestal, na parte mais alta do concelho, continua a ser consumida pelas chamas. A nossa prioridade tem de ser a zona habitacional, portanto a zona florestal está a ser consumida. A verdade é esta”, disse Carlos Teles à agência Lusa.

O autarca apontou que o fogo que lavra há vários dias em vários concelhos da Madeira consumiu duas casas na Ponta do Pargo, uma habitada e uma segunda devoluta. “Uma senhora ficou na casa de uma vizinha. Já temos técnicos da Câmara e da Segurança Social a tratar do assunto”, apontou.

O autarca contou que as freguesias da Ponta do Pargo e a dos Prazeres tiveram uma noite “muito complicada”, mas que “agora a grande preocupação” está numa zona florestal do Pargo, na zona do Vazadouro porque existe o perigo do fogo passar para o Estreito da Calheta. “Seria muito mau porque a freguesia do Estreito da Calheta ainda está a ser poupada, não tem incêndios”, disse.

Outras zonas de preocupação são a do Precipício e a dos Falcões (freguesia de Fajã da Ovelha) porque têm uma frente de fogo ativa e, durante a noite, o fogo reacendeu no sítio das Forneças na freguesia do Arco da Calheta, um local onde o incêndio já tinha entrado em fase de vigilância.

“Infelizmente o vento reacendeu o fogo e voltamos a ter mais esta preocupação, mobilizando mais duas equipas para lá”, disse o autarca. Carlos Teles saudou a ajuda que está prometida do Continente e disse compreender que os meios tenham de ser “muito bem geridos porque todos precisam”.

“Há um meio aéreo que durante o dia vai voar, mas temos consciência de que outros concelhos também precisam. Temos o pessoal muito exausto. Já vamos no quarto dia de combate a incêndios e não tem sido fácil. A boa notícia é a ajuda de corporações do Continente. A ajuda é muito bem-vinda. A zona florestal continua a ser uma zona de muita preocupação”, concluiu.

As câmaras do Porto Moniz (costa norte) e da Calheta (zona oeste) ativaram os respetivos planos municipais de emergência e proteção civil, na sequência dos incêndios que lavram naqueles concelhos.

O Governo da Madeira declarou na quinta-feira a situação de contingência devido aos incêndios que lavram na região, ativando, assim, o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, anunciou o Serviço Regional de Proteção Civil (ANEPC).

Esta manhã partiu para a Madeira um contingente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, chefiada pelo comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Coimbra, Carlos Tavares, integrando 64 Operacionais, dos quais 54 Bombeiros da Força Especial de Proteção Civil, seis elementos da estrutura de Comando da ANEPC e quatro elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica.

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