Ikea nega estar a contribuir para "o debate partidário" em publicidade que refere os 75.800€ escondidos na residência oficial de António Costa

24 jan, 13:17
Ikea de Matosinhos (Rita França/Getty Images)

Ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro demissionário tinha esse montante em dinheiro vivo escondido num escritório em São Bento

"Boa para guardar livros. Ou 75.800 euros”, lê-se num cartaz de publicidade (mupi) a uma estante do IKEA, naquela que é uma referência direta ao dinheiro que Vítor Escária escondeu em vários locais de São Bento, incluindo estantes. Vítor Escária, exonerado por António Costa, chegou a estar detido no âmbito da Operação Influencer (mas o dinheiro encontrado não está relacionado com as suspeitas que recaem sobre Vítor Escária no âmbito desta investigação - na qual há suspeitas de favorecimento de um data center em Sines -, sendo que foi aberto um processo à parte por fraude fiscal devido aos dinheiro não ter sido declarado).

A empresa sueca tem outros mupis com outras referências políticas, mas nesses casos sem visar pessoas envolvidas em investigações judiciais: na publicidade a um edredão, por exemplo, a Ikea usa como slogan "para se aquecerem sozinhos ou coligados".

Em comunicado enviado à CNN Portugal, a IKEA Portugal diz gostar de "desenvolver campanhas que reflitam a vida real" dos portugueses e que olham para elas "com sentido de humor" sem, no entanto, "ter qualquer intenção ou propósito de contribuir, seja de que forma for, para o debate partidário e para o atual contexto pré-eleitoral que se vive no país".

“A IKEA faz parte do dia-a-dia dos portugueses há 20 anos, e gostamos de desenvolver campanhas que reflitam a sua vida real. As suas rotinas, as suas conversas, as suas discussões, mais e menos acesas, e o próprio humor com que muitas vezes abordam os temas mais sérios", diz a empresa.

"Olhamos para as nossas campanhas, e para nós próprios, com sentido de humor, e muitas vezes como forma de aliviar a tensão de um mundo com os nervos cada vez mais à flor da pele", lê-se na nota.

Uma rápida pesquisa no site da empresa dá conta de outra referência política, também essa sem fazer menção a pessoas alvo de investigações judiciais: existe uma "gerigonça contra o frio" numa campanha sobre vários produtos que pretendem aquecer a casa e as pessoas que nela habitam, lembrando que "os portugueses são dos que mais sofrem com o frio dentro de casa a nível europeu".

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