Julgamento de processo sobre suspeitas de vivicação de resultados, que tem 27 arguidos, arrancou nesta quinta-feira
Carlos Oliveira, antigo presidente da SAD do Leixões, negou em tribunal, no arranque do julgamento do processo «Jogo Duplo», qualquer envolvimento no alegado esquema de pagamento a jogadores da Oliveirense para perderem um jogo. Oliveira foi o único dos 27 arguidos a querer falar na primeira sessão do julgamento que resulta da investigação a suspeitas de viciação de resultados no futebol.
As questões centraram-se no encontro da última jornada da II Liga de 2015/16, quando o Leixões venceu a Oliveirense por 2-1, com um golo nos últimos minutos, e garantiu a manutenção na competição.
Carlos Oliveira, à altura líder da SAD do Leixões, disse que «nunca teve nada a ver» com adulteração, viciação ou combinação de resultados. Foi questionado sobre uma conversa telefónica dois dias antes do jogo com Nuno Silva, à data diretor técnico do Leixões e também arguido, em que pergunta: «O gajo já deu boas novidades?» E disse, relata a Lusa, que a conversa não era sobre pagamentos aos jogadores da Oliveirense para que perdessem o jogo, mas sobre o representante da empresa que fornecia os equipamentos ao clube, que, diz, falhou durante toda a época na entrega do material.
Disse também que para o jogo em questão decidiu triplicar o prémio de jogo aos jogadores do Leixões (cerca de 15.000 euros ao todo e cada jogador receberia entre 750 a 1.000 euros) e contratou uma psicóloga para motivar os jogadores, mas que esse dinheiro nunca chegou a ser pago porque «tudo se desfez» e foi «impedido de continuar» no cargo, na sequência da investigação. Quando o presidente do coletivo de juízes, Luís Ribeiro, lhe perguntou se estaria a jogar em duas frentes, motivas os seus jogadores mas também aliciar os rivais, respondeu: «Até podíamos jogar em todas as frentes. Não é o meu princípio. Eu não jogo.»
Carlos Oliveira, que é acusado de corrupção ativa, foi também confrontado com uma mensagem de telemóvel trocada entre os arguidos Nuno Silva e João 'Carela', em que é citado como estando «a trabalhar» num eventual esquema para pagamento aos jogadores da Oliveirense: «Nunca tive nada a ver com isso. Nunca vi o senhor João ‘Carela’. Estou a negar desde o primeiro momento que tenha dado qualquer sinal a quem quer que seja fora das regras estruturais do clube.»
O interrogatório a Carlos Oliveira prossegue esta tarde tarde, altura em que está também prevista a audição de José Fernando Cardoso Nabais, presidente do Oriental, clube que se constituiu assistente no processo.
Entre os 27 arguidos deste processo há três que continuam sujeitos a prisão domiciliária: Carlos Silva, conhecido como Aranha e elemento da claque Super Dragões, Gustavo Oliveira, empresário, e Diego Tavares, ex-jogador do Oriental.
Em causa estão crimes de associação criminosa em competição desportiva, corrupção ativa e passiva em competição desportiva e apostas desportivas à cota de base territorial fraudulentas.