Pelo menos 85 pessoas morreram e mais de 322 em desordem no Iémen

Agência Lusa , AM - notícia atualizada às 7:57
20 abr 2023, 07:39
Mortes no Iémen (ANSAR ALLAH HOUTHI MEDIA OFFICE via AP)

Incidente verificou-se na Cidade Velha, no centro de Sana, quando centenas de pessoas pobres se reuniram num evento organizado por comerciantes

Pelo menos 85 pessoas morreram e mais de 322 ficaram feridas na quarta-feira, no Iémen, numa debandada durante uma ação de solidariedade em Sana, disseram hoje fontes médicas e de segurança.

"Oitenta e quatro pessoas morreram e mais de 322 ficaram feridas" numa debandada ocorrida ao fim da noite, numa ação de solidariedade, numa escola do bairro de Bab el-Yemen, disse um responsável da segurança em Sana, a capital iemenita nas mãos dos rebeldes Huthis.

Estes números foram confirmados por um responsável das autoridades médicas locais, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).

O balanço anterior dava conta de 79 mortos e mais de 100 feridos.

"Há crianças entre os mortos" e meia centena de feridos está em estado grave, indicou o mesmo responsável, que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a falar com os meios de comunicação social.

O incidente ocorreu no centro de Sana, quando centenas de pessoas pobres se reuniram num evento organizado por comerciantes, indicou o Ministério do Interior Huthi, culpando a organização do evento pela "distribuição aleatória" de fundos sem coordenação com as autoridades locais.

A tragédia ocorreu antes do feriado muçulmano do Eid al-Fitr, que marca, no final desta semana, o fim do Ramadão, mês sagrado do jejum e da oração na tradição muçulmana, seguido por quase dois mil milhões de pessoas.

Os rebeldes selaram rapidamente o local, impedindo as pessoas, incluindo jornalistas, de se aproximarem, indicou a AFP.

Num vídeo difundido pela cadeia de televisão rebelde Al Masirah é possível ver corpos presos e empilhados e pessoas a treparem umas sobre as outras para tentar fugir.

Um responsável Huthi atribuiu a catástrofe ao "número excessivo de pessoas" na estreita rua que leva à escola. Quando as portas se abriram, a multidão subiu a correr pelas escadas, que dão para o pátio da escola, onde estava prevista a distribuição de dinheiro, indicou Mohammed Ali al Huthi, membro do Conselho político supremo dos rebeldes.

Mas algumas testemunhas afirmaram que tiros disparados para o ar pelos militares desencadearam o movimento de pânico da multidão.

As vítimas foram levadas para hospitais vizinhos e os organizadores do evento detidos, anunciou o Ministério do Interior, num comunicado publicado pela agência de notícias dos rebeldes, Saba.

O presidente do Conselho Político Supremo dos rebeldes, Mehdi al Mashat, anunciou a "criação de uma comissão de inquérito sobre as causas do acidente", disse a Saba.

"Três comerciantes foram detidos", adiantou um responsável Huthi.

A capital do Iémen está nas mãos dos rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, desde 2014, quando afastaram o governo internacionalmente reconhecido, levando à intervenção, em 2015, de uma coligação liderada pela Arábia Saudita para tentar restabelecer o governo.

Nos últimos anos, o conflito transformou-se numa guerra por procuração entre a Arábia Saudita e o Irão. Mais de 150 mil pessoas morreram, entre combatentes e civis, numa das piores catástrofes humanitárias do mundo.

Mais de 21 milhões de pessoas no Iémen, ou seja, dois terços da população do país, precisam de ajuda e proteção, de acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU. Entre as pessoas necessitadas, mais de 17 milhões são consideradas particularmente vulneráveis.

Em fevereiro, as Nações Unidas afirmaram ter angariado 1,2 mil milhões de dólares (cerca de um milhão de euros) de uma meta de 4,3 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros), numa conferência destinada a gerar fundos para atenuar a crise humanitária.

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