Chefes do Hospital de Santa Maria voltam a estar demissionários

2 dez 2021, 12:07

Sindicato Independente dos Médicos diz que todas as matérias que tinham sido assumidas pela administração do hospital na semana passada "não foram cumpridas". Hospital nega

Os dez chefes de equipa dos serviços de urgência cirúrgica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, voltaram esta quinta-feira a estar demissionários.

A informação foi confirmada à CNN Portugal pelo secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, que adiantou que "todas as matérias que tinham sido assumidas na semana passada não foram cumpridas". 

"Neste momento não existe uma escala de urgência para a cirurgia do Hospital de Santa Maria", afirmou Roque Da Cunha. Uma informação desmentida pela administração do hospital, que garante, em declarações à CNN Portugal, que o serviço está a funcionar.

Estes chefes de equipa tinham anunciado, há três semanas, que "se nada fosse feito", apresentavam a demissão. De acordo com o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, o conselho de administração tinha "assumido um conjunto de compromissos" na segunda-feira, nomeadamente a contratação de médicos e condições mínimas de trabalho.

"A verdade é que hoje chegaram ao serviço e nada do que aquilo que estava combinado foi cumprido e, portanto, não existe urgência cirúrgica no Santa Maria", afirma Roque da Cunha, atribuindo a responsabilidade ao Conselho de Administração.

Fonte do hospital esclarece à CNN Portugal que o conselho de administração não recuou em nenhum dos pontos que foram apresentados na terça feira e que tinham sido aceites como solução às questões levantadas pelos chefes de equipa. 

"O Conselho de Administração do CHULN nega ter voltado atrás com o negociado e mantém todas as soluções apresentadas às equipas da Cirurgia Geral, que estão em vigor. Medidas que os chefes de equipa da urgência cirúrgica consideraram, em reunião realizada no dia 30 de Novembro, resolver de forma integral as questões apresentadas em documento enviado ao Conselho de Administração e que se prendiam maioritariamente com reorganização de processos assistenciais internos", afirmou o hospital, entretanto, em comunicado, referindo ainda que, nas últimas semanas, "o CHULN contratou ainda profissionais para reforçar as equipas da urgência cirúrgica e abriu vagas para reforço do quadro permanente da especialidade".

O Hospital de Santa Maria assegura ainda que "tanto na última noite, como na manhã de hoje a urgência cirúrgica esteve aberta e a dar resposta a todos os doentes".

Jorge Roque da Cunha afirma que “o Sindicato Independente dos Médicos lamenta profundamente mais esta atitude de falta de respeito perante os médicos e lamenta igualmente a incapacidade em cumprir acordos”.

“E lamenta que essa atitude que põe em causa a assistência aos lisboetas na área da cirurgia, que irá perturbar o funcionamento do Serviço de Urgências de Santa Maria, se mantenha impune e com o total silêncio do Ministério da Saúde”, sustenta.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) tinha anunciado na terça-feira que tinha chegado a acordo com os especialistas, afirmando que a “grande maioria” das questões relacionadas com organização e distribuição de serviço estavam solucionadas.

Os chefes de equipa de urgência, os assistentes hospitalares e internos da formação específica da especialidade de Cirurgia Geral do Departamento de Cirurgia do CHULN tinham alertado na terça-feira que em dezembro a prestação de cuidados de saúde nas urgências poderia estar em causa por falta de médicos.

Numa nota de esclarecimento, divulgada no mesmo dia, os cirurgiões esclarecerem as suas posições das últimas semanas, como a indisponibilidade para realização de horas extraordinárias, demissão dos cargos de chefia de equipas de urgência, e invocação de exclusão de responsabilidade disciplinar face “ao funcionamento anómalo do Serviço de Urgência Central”.

Os especialistas afirmam que “a degradação das condições de trabalho” neste serviço, “o número excessivo de horas extraordinárias, equipas subdimensionadas para o trabalho prestado” e a realização de trabalho fora do âmbito da sua especialidade “compromete uma adequada e segura prestação de cuidados de saúde aos doentes na urgência”.

Compromete também “a atividade assistencial não urgente e a formação contínua dos médicos do Departamento de Cirurgia”, sustentam.

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