Cientistas podem ter descoberto momento em que a espécie humana quase se extinguiu

7 set 2023, 12:25
Crânios de Australopithecus (Jason Heaton/Ronald Clarke/Ditsong Museum of Natural History)

A espécie humana esteve em vias de desaparecer há quase um milhão de anos, aponta um novo estudo.

Uma teste ao ADN feita a mais de três mil pessoas vivas sugere que a população dos antepassados dos seres humanos modernos em África diminuiu drasticamente para cerca de 1.300 indivíduos em idade reprodutiva há 900 mil anos, o que fez com que os nossos antepassados estivessem à beira da extinção. A descoberta foi feitacom base num novo modelo informático desenvolvido por um grupo de cientistas da China, Itália e Estados Unidos e publicada pelos investigadores na revista Science.

Comparados com outros primatas, os seres humanos contemporâneos têm uma diversidade genética relativamente baixa. Durante décadas, os investigadores suspeitaram que isto surgiu porque os nossos antepassados ​​passaram por um gargalo populacional.

Uma das causas deste estrangulamento da população deveu-se às inconstantes temperaturas climáticas. Os períodos glaciares tornaram-se mais longos e mais intensos, conduzindo a uma descida da temperatura e a condições climáticas muito secas. Mais tarde, o controlo do fogo por parte do Homem e alterações climáticas menos severas levaram a um rápido aumento da população, há cerca de 813.000 anos.

Yi-Hsuan Pan e Haipeng Li, investigadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS), estudaram os genomas humanos modernos para tentar apurar quanto tempo é necessário para que ocorram alterações nos nossos genes.  Ao estudar diferentes populações foi possível estimar o quanto os grupos divergiam.

"Foi uma altura interessante na evolução humana", assegurou Chris Stringer, paleoantropólogo emérito do Museu de História Natural de Londres.

Apesar de responder a várias questões, os resultados desta investigação levantaram várias perguntas que vão permanecer um mistério. “A nova descoberta abre um novo campo na evolução humana, porque evoca muitas questões, tais como os locais onde estes indivíduos viveram, como superaram as mudanças climáticas catastróficas”, afirmou Yi-Hsuan Pan.

Para apoiar a descoberta, a dupla de cientistas desenvolveu uma nova evolução estatística para evitar erros e conclusões antecipadas quando se recua no tempo para estudar os antepassados. O modelo que adotaram utiliza apenas um subconjunto de genes que não alteram a taxa de mutação em períodos diferentes.

Através deste método, é possível detetar o momento em que as alterações genéticas apareceram nos genomas dos indivíduos nas populações africanas modernas e nas populações não africanas modernas. O histórico da população influencia a acumulação destas alterações, o que permite aos cientistas concluir quantas pessoas existiam em diferentes períodos.

Ainda que este método estatístico para calcular a quantidade de populações antigas, seja útil e "preenche mais algumas peças do puzzle da história evolutiva humana", segundo Joshua Akey, um geneticista evolutivo da Universidade de Princeton, deve permanecer cuidado e rigor nas conclusões dos estudos da história da humanidade.

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