Pena de 20 anos de prisão para homicida de modelo em Setúbal. Homicídio por motivo fútil

19 dez 2023, 15:01

Tiago Danu foi esfaqueado num parque de estacionamento, no ano passado

Duas audiências foram suficientes para julgar e condenar o homem de nacionalidade sueca que em novembro do ano passado esfaqueou mortalmente um jovem modelo, de 20 anos, em Setúbal. Acusado pelo Ministério Público dos crimes de detenção de arma proibida, homicídio simples e sequestro, Marcus Turker foi condenado esta segunda-feira, em cúmulo jurídico, a 20 anos e nove meses de prisão. 

Líder autoproclamado de uma rede criminosa de Södertälje, na Suécia, Marcus Turker, 28 anos, e o cúmplice Deniel Altinkaya, sueco de origem turca, de 40 anos, chegaram a Portugal pouco antes do dia do crime. Em Portugal, Marcus esteve hospedado num hotel na Praça dos Restauradores, em Lisboa, onde já era vigiado pelas autoridades portuguesas, a pedido da polícia sueca que investigava ligações de Turker ao transporte e venda de grandes quantidades de cocaína, de forma altamente organizada. 

Marcus Turker e Deniel Altinkaya

Homicídio por motivo fútil

Durante a curta estadia, em Portugal, e antes do homicídio, Marcus e Deniel perdem um cartão multibanco emitido na Suécia, em nome do primeiro. O cartão bancário vai parar às mãos de um jovem, em Setúbal, que o utiliza para pagar pequenas compras e abastecer uma viatura, num posto de combustível da cidade. Aí, a imagem do rapaz de 19 anos fica gravada nas câmaras de videovigilância do posto de abastecimento, que são mais tarde cedidas por uma funcionária, precisamente, aos membros do gangue sueco, que procuravam reaver o cartão.

Marcus e Deniel conversam com o namorado da funcionária do posto de abastecimento, que cede as imagens de videovigilância

No local errado, à hora errada

Apesar de não ter estado envolvido na utilização do dito cartão bancário, na noite de 27 de novembro, Tiago Danu vê-se envolvido na trama.

Enquanto está com dois amigos, num parque de estacionamento numa zona erma da cidade de Setúbal, é surpreendido com a chegada abrupta de uma viatura Audi A4, cinzenta. Marcus e Deniel saem do carro, exibem um telemóvel com as imagens do posto de abastecimento que mostram um jovem de ‘rastas’ no cabelo a efetuar um pagamento com o cartão roubado e exigem saber a sua localização e nome. Exigem que os três amigos saiam da viatura onde estavam, são manietados pelos agressores, mas Danu riposta contra um deles e acaba esfaqueado no abdómen, por Marcus Turker, enquanto outro jovem é levado na carrinha Audi A4 para outra zona erma onde lhe é colocada uma t-shirt na cabeça para que, sob ameaça, indique a morada do rapaz que horas antes utilizara o cartão bancário. 

Enquanto o amigo era sequestrado, Tiago Danu aguardava a chegada do INEM, em estado crítico. Chegou ao hospital ainda com sinais vitais mas acabou por não resistir ao esfaqueamento que atingiu órgãos vitais. 

Tiago Danu

Justiça deixa escapar cúmplice

Marcus Turker foi detido cinco dias após o homicídio, no hotel D. Afonso Henriques, em Lisboa, pela Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) da Polícia Judiciária, em virtude de um mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades judiciárias da Suécia, com vista à sua extradição pela suspeita de tráfico de droga. Apurou-se, depois, tratar-se do autor do esfaqueamento mortal de Tiago Danu. Quanto a Deniel Altinkaya, conseguiu sair de Portugal dois dias após o crime, tendo sido detido na Noruega, a pedido da PJ portuguesa, mas está agora em parte incerta.

Levados a tribunal para primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Setúbal, em dezembro de 2022, foi decretada a ambos a prisão preventiva. No entanto, a defesa de Deniel recorreu da medida aplicada e conseguiu a aplicação da medida menos gravosa, o termo de identidade e residência, sob a justificação de que apenas participara no crime de sequestro. Deniel foi, por isso, restituído a liberdade, acabou por sair do país indicando apenas uma morada na Suécia à Justiça portuguesa que, até agora, não o conseguiu localizar para levar a julgamento. 

O cúmplice de Marcus Turker continua, assim, em falta com a Justiça portuguesa que o deixou escapar. Deniel Altinkaya tem um longo cadastro na Suécia que inclui crimes de posse ilegal de arma, ofensas à integridade física e rapto.

Crime e Justiça

Mais Crime e Justiça

Patrocinados