Foi a uma despedida de solteira no estrangeiro e deu por si na sua própria história de amor

CNN , Francesca Street
15 out 2023, 18:00
Madeline Robson e Sebastian Mamet conheceram-se nas férias em Nova Orleães, nos EUA, dando início a uma inesperada história de amor. Madeline Robson

Uma canadiana e um sueco encontraram-se num bar nos Estados Unidos. E isto foi o que aconteceu

O último sítio onde Madeline Robson esperava conhecer o seu futuro marido era na despedida de solteira da sua amiga.

"Estou aqui para a noiva", lembra-se Madeline de ter pensado. "Não devia estar a ter a minha própria história de amor. Isto é tão estranho."

Mas quando Madeline viajou da sua casa em Ontário, no Canadá, para Nova Orleães, nos EUA, para celebrar o casamento da sua amiga, deu por si - quase sem se aperceber - mesmo no meio da sua própria história de amor.

Madeline, então com 26 anos, chegou a Nova Orleães em junho de 2017 como parte de um grupo de 12 mulheres entusiasmadas. O seu principal objetivo? "Festejar".

No início, Madeline e as suas amigas mal viram a bela arquitetura da cidade e ignoraram a sua famosa cena musical em favor das discotecas.

"Acho que ninguém fez qualquer pesquisa antes. Estávamos lá apenas para nos divertirmos - e divertimo-nos muito", diz Madeline à CNN Travel.

Nas primeiras noites, o grupo esteve fora toda a noite na movimentada Bourbon Street, entrando e saindo de bares, bebendo shots e dançando.

Quando chegou a última noite, a maioria das mulheres estava a sentir os efeitos das longas noites. Não estavam apenas de ressaca - muitas delas pareciam ter apanhado alguma coisa. Ficar em casa para "uma noite calma" tornou-se o consenso geral.

Mas Madeline, que tinha conseguido evitar o que quer que fosse que tinha afetado a maioria dos seus amigos, achava que ficar em casa parecia uma perda de tempo: só estavam em Nova Orleães por alguns dias, não deviam aproveitá-los ao máximo?

Duas dos suas amigas pensaram o mesmo, por isso, enquanto a maioria do grupo se preparava para uma maratona de filmes, Madeline e as suas aliadas mergulharam na noite.

As três amigas decidiram dirigir-se à Frenchmen Street para experimentar a cena de música ao vivo que tinham evitado até então. Foram a um bar de jazz movimentado e, por coincidência, reconheceram o tipo que estava no palco - tinham-no conhecido na noite anterior. Quando ele acabou a atuação, puseram-se à conversa com ele. O tipo, um habitante local, disse que queria mostrar a Madeline e às amigas o seu bar preferido, um pouco mais abaixo.

Eram cerca de duas da manhã quando Madeline e as suas amigas entraram no pequeno espaço.

Toda a gente lá dentro estava a aglomerar-se à volta do palco para ver os músicos. Enquanto o resto do grupo, incluindo o rapaz, se dirigia para a frente, Madeline ficou um pouco para trás - não lhe apetecia lutar para passar.

"É definitivamente mais fácil quando se é superalto", pensou para si mesma, distraidamente, quando os seus olhos pousaram no rapaz ao seu lado. Ele erguia-se sobre a multidão e, Madeline supôs, devia ter uma ótima vista do palco.

O rapaz reparou que Madeline estava a olhar para ele e deu-lhe um pequeno sorriso.

"Não sei quem disse 'olá' a quem, mas começámos a falar um com o outro de alguma forma", recorda Madeline. "E depois acabámos por falar durante horas neste bar, durante toda a noite."

O estranho alto no bar era Sebastian Mamet, um sueco recém-licenciado de 20 e poucos anos que, como ele próprio admite, "não tinha grande vida fora do trabalho".

Sebastian estava numa viagem a solo aos EUA - uma viagem que a sua empresa o tinha praticamente obrigado a fazer. Nunca tirava férias e os dias estavam a começar a acumular-se. Inicialmente, estava relutante, mas a ideia de ver Nova Orleães era uma grande atração. Sebastian adora música e sempre sonhou em frequentar os bares de blues da cidade.

Agora, Sebastian dava por si a ignorar o que estava a acontecer no palco e a concentrar-se em Madeline.

"Parecia que já nos conhecíamos há algum tempo", diz Sebastian à CNN Travel.

Sebastian sugeriu a Madeline e às suas amigas que fossem com ele a outro bar. Apesar de ser de madrugada, estava calor, por isso o grupo sentou-se numa esplanada, a beber e a conversar.

"Ele tinha uma energia muito boa", recorda Madeline.

Quando chegaram as 5 da manhã, Sebastian acompanhou Madeline e as suas amigas de volta ao hotel.

"Queres tomar o pequeno-almoço comigo amanhã?", perguntou ele a Madeline.

Madeline hesitou.

"Estava a sentir-me culpada", diz ela hoje. "Eu estava lá com um monte de raparigas."

"Eu não devia abandonar os meus amigos", disse Madeline a Sebastian, recusando o seu convite.

"Bem, aqui está o meu número", disse Sebastian, introduzindo os detalhes no telemóvel dela. "Só para o caso de mudares de ideias."

Depois de algumas horas de sono, Madeline acordou com uma sensação diferente. Os seus amigos ainda estavam a dormir. Não tinham planos definidos para o último dia. E as mulheres que estavam acordadas encorajaram Madeline a embarcar nesta aventura em Nova Orleães.

"Todas diziam: 'Vai tomar o pequeno-almoço e diverte-te!", lembra Madeline.

Assim, Madeline e Sebastian encontraram-se num café típico de Nova Orleães, com influências francesas, e sentaram-se na esplanada.

"Depois, caiu uma chuva torrencial e o café ficou inundado", recorda Sebastian.

De alguma forma, esta chuva inesperada só veio aumentar a experiência. Madeline e Sebastian deixaram o café e começaram a passear pela cidade. A sua conversa foi tão cativante como na noite anterior.

"Foi tudo muito natural e fácil", diz Sebastian.

"Obviamente, tínhamos uma ligação muito boa", concorda Madeline. "Mas ele vivia do outro lado do oceano. E era tão longe."

Quando se abraçaram para se despedirem, Sebastian pensou: "Ela é uma pessoa tão boa. É um grande azar que viva no Canadá."

Pensamentos semelhantes passaram pela cabeça de Madeline. "Nunca mais nos vamos ver", pensou. "Isto foi apenas uma história louca de férias."

"Mas acabámos por nos ver", diz.

Atravessar o mundo para um segundo encontro

Madeline e Sebastian conheceram-se em Nova Orleães e mantiveram-se em contacto. Madeline Robson

À espera do seu voo no aeroporto, o telemóvel de Madeline recebeu uma mensagem de Sebastian.

"Tem um bom voo", dizia a mensagem. "Avisa-me quando chegares a casa."

Assim começou uma troca de mensagens de texto que "literalmente nunca mais parou a partir desse momento", como conta Madeline.

Alguns dias depois, com Madeline de volta ao Canadá e Sebastian à Suécia, Sebastian sugeriu que falassem ao telefone.

"Acabámos por falar por FaceTime", recorda Madeline. "E depois começámos a falar por FaceTime vários dias, talvez não todos os dias, mas muitos dias."

Passou menos de um mês até que Sebastian propôs que se encontrassem novamente. Ele tinha mais férias para tirar. Talvez pudesse ir visitar Madeline a Ontário em agosto?

Madeline concordou. Olhando para trás, ela admite que isto foi "uma verdadeira loucura".

"O facto de o ter deixado vir visitar-me depois de o conhecer há menos de 24 horas deve ter significado que me sentia muito à vontade, ou que era mesmo irresponsável", diz, rindo.

Mas ela não hesitou em dizer sim. E Sebastian não hesitou em atravessar o mundo para um segundo encontro.

Sebastian passou uma semana no Canadá. Ele e Madeline passaram algum tempo na cidade natal dela, em Ontário, e também viajaram para a região vinícola da região, para além de visitarem Toronto e as Cataratas do Niágara.

Sebastian tinha imaginado as Cataratas do Niágara como uma reserva natural isolada. Madeline tentou avisá-lo que a cascata era um ponto turístico, mas ele não acreditou.

Mesmo que Sebastian tenha achado o lado turístico das cataratas bastante "foleiro", ele e Madeline divertiram-se imenso.

"Foi fixe porque é um marco canadiano tão emblemático", diz Madeline.

Claro que Sebastian tinha conhecido algumas das amigas de Madeline em Nova Orleães, mas ela também o apresentou a mais alguns amigos durante essa viagem. No entanto, não contou à família sobre ele - isso pareceu-lhe demasiado intenso, especialmente quando não sabia o que iria acontecer entre eles.

Os amigos de Madeline apoiavam-no e gostavam de Sebastian, mas "as pessoas diziam: 'Isto não vai dar em nada'", recorda Madeline.

Perto do fim da estadia de Sebastian no Canadá, ele e Madeline começaram a falar sobre se o namoro ia dar em alguma coisa. Poderiam voltar a ver-se em breve?

Decidiram que Madeline visitaria Sebastian em Helsingborg, na Suécia, três meses depois, no Natal.

Um Natal escandinavo

Madeline e Sebastian durante visita a Copenhaga, na Dinamarca, no Natal de 2017. Madeline Robson

No voo do Canadá para a Suécia, Madeline oscilou entre o entusiasmo e a ansiedade.

"Pensámos que nos conhecíamos. Mas, olhando para trás, não nos conhecíamos assim tão bem", observa. "Eu ia viajar durante três semanas. Era muito tempo."

Ela também ia conhecer toda a família de Sebastian. Mais uma vez, foi emocionante, mas inegavelmente enervante.

"É uma coisa estranha - depois de ter passado pouco tempo com alguém - ir passar três semanas durante as férias com essa pessoa e a sua família, que nunca conhecemos antes", observa Madeline.

Sebastian não se lembra de estar obviamente nervoso, mas as suas ansiedades manifestavam-se de forma diferente - passava horas a tentar planear a visita perfeita para Madeline.

"Estava a tentar encaixar demasiadas coisas na viagem", conta. Durante as três semanas, levou Madeline a Copenhaga, Gotemburgo e Praga.

"Fizemos demasiadas coisas", diz Madeline, rindo. "Mas foi muito divertido."

Madeline gostou particularmente da sua primeira introdução à cultura escandinava. Nunca tinha estado num país nórdico, mas sentiu-se imediatamente em casa.

"Foi muito fixe ver a cultura e a vida aqui", recorda.

No ano seguinte, Madeline e Sebastian visitaram-se alternadamente na Suécia e no Canadá.

"Tivemos muita sorte. Vimo-nos muito nesse ano e também viajámos muito", recorda Madeline. "Viajámos juntos para muitos sítios."

Uma mudança para a Suécia

Madeline e Sebastian de férias em Copenhaga. Madeline Robson

Nesse ano, entre um jet leg e outro, Madeline estava a terminar o seu MBA. Ia acabar o curso em dezembro de 2018 e sabia que não podia tomar grandes decisões antes dessa data. Mas depois disso, seria mais flexível e, à medida que a data de dezembro se aproximava, Madeline começou a pensar no que poderia fazer a seguir. Talvez a mudança para a Suécia estivesse na calha.

Já há muito tempo que pensava: "Quando acabar o meu MBA, estou pronta para uma mudança. Quero mudar-me para outro sítio, fazer outra coisa, tirar um ano sabático..."

Em fevereiro de 2018, Madeline tirou um ano de licença do seu emprego na área das comunicações em Ontário e mudou-se para a Suécia, tirando partido de um regime de vistos que permite a pessoas com menos de 30 anos viver e trabalhar em determinados países durante 12 meses.

Não foi uma decisão a longo prazo, mas foi uma decisão importante na mesma. Madeline imaginou que passaria todo o seu tempo a viajar, trabalhando aqui e ali, mas acabou por conseguir um emprego de marketing numa empresa quase de imediato. O emprego deu-lhe alguma estabilidade, mas a vida na Suécia continuava a ser uma grande mudança de uma só vez.

"Parecia um grande passo", diz Madeline. "Senti que estava a deixar algo que era realmente seguro e a arriscar em algo que não fazia ideia de como iria correr."

No início, a vida na Suécia parecia simplesmente "surreal".

"Mas era emocionante", diz Madeline.

Sebastian e Madeline decidiram que iriam viver juntos na cidade sueca de Malmö. Era mais internacional do que a anterior casa de Sebastian, em Helsingborg. Além disso, a mudança de Sebastian significava que ambos estavam a começar de novo, até certo ponto.

Madeline também se mudou com o seu querido gato a reboque. Estava preocupada com a sua adaptação, mas o gato depressa se sentiu em casa.

Aos poucos, as coisas foram-se tornando menos surreais, mas, durante esse primeiro ano, a vida de Madeline na Suécia parecia estar algures entre um sonho e umas férias prolongadas. Ela e Sebastian adoravam viver juntos e realizar as atividades do dia a dia.

"Tudo o que se passava connosco era novo e excitante, porque tínhamos passado um ano e meio sem fazer coisas normais, como cozinhar o jantar juntos ou ir às compras", diz Madeline. "Todas essas coisas que tantas pessoas tomam como garantidas nas relações, para nós, penso eu, eram tão estimulantes porque nunca as tínhamos feito antes juntos - tudo era sempre uma aventura."

Enquanto os dois saboreavam o tempo que passavam juntos no seu apartamento em Malmö, também raramente lá estavam. Sempre que tinham oportunidade, Madeline e Sebastian viajavam juntos para diferentes cidades europeias. Madeline adorava viajar, mas este estilo de vida tinha as suas desvantagens.

"Penso que o resultado disso é que nunca me senti muito bem instalada em Malmö no primeiro ano", afirma.

Adaptar-se à vida sueca

Madeline e Sebastian juntos na Suécia. Madeline Robson

Em 2020, embora as viagens internacionais estivessem fora de questão, as restrições da covid na Suécia eram mais brandas do que noutros países, pelo que Madeline e Sebastian ainda podiam viajar internamente.

Foi durante este período que Madeline se apaixonou pela Suécia.

"De repente, os nossos fins de semana passaram a ser passados na floresta ou a fazer caminhadas ao longo da costa", conta Madeline.

Em Malmö, o casal passeava à descoberta, parando para provar café e pastelaria em esplanadas ao ar livre.

"Todas estas pequenas coisas - apesar de estarmos a atravessar um período horrível e difícil - começaram a parecer muito especiais e românticas", diz Madeline.

"Comecei a descobrir todas estas coisas sobre a cidade de que gostava tanto. Foi definitivamente durante a covid que começámos a falar seriamente em ficar aqui."

Madeline prolongou o seu visto e ela e Sebastian compraram um apartamento.

"Ok, isto é real", lembra-se Madeline de pensar. "Vamos ficar."

Devido às restrições impostas pela fronteira canadiana, Madeline só regressou ao seu país em meados de 2022. Nessa altura, já estava completamente instalada na vida sueca e o Canadá era o destino de férias.

"Não vi a minha família ou amigos no meu país durante dois anos e meio", reflete. "Isso obrigou-me mesmo a encontrar uma comunidade aqui - e não sei se a teria encontrado se não fosse a pandemia. Por isso, acho que foi uma coisa muito boa que veio de uma situação muito difícil e dura."

Foi também durante a pandemia que Madeline começou a partilhar trechos da sua vida na Suécia online, através das suas contas no TikTok e no Instagram. Madeline apercebeu-se de que havia um apetite pelos seus pequenos vídeos sobre as diferenças culturais que tinha notado desde que se tinha mudado para a Suécia. Os seus vídeos também proporcionavam um pouco de escapismo a todos os que sentiam que a sua vida estava em suspenso. As visualizações e os comentários começaram a aparecer.

Três anos mais tarde, Madeline continua a ser uma grande seguidora das redes sociais.

"Continuo a partilhar muitas das coisas culturais. Mas transformou-se numa conta de viagens e turismo e da vida na Escandinávia", diz. "Tem sido muito, muito divertido."

Um casamento sueco

Madeline e Sebastian no dia do seu casamento no campo, na Suécia. Johanna Ellen/@fotografjohannaellen/www.fotografjohannaellen.com

Madeline e Sebastian ficaram noivos há alguns anos e inicialmente planeavam casar em 2021. O casal planeou um grande casamento internacional, mas cancelou as núpcias quando as restrições de viagem devido à pandemia se revelaram demasiado complicadas.

"Quando tivemos de o planear pela segunda vez, apercebemo-nos de que queríamos que fosse uma coisa muito pequena", recorda Madeline.

Assim, o casal casou-se no verão de 2023, numa pequena cerimónia em que participaram apenas os respetivos pais e irmãos.

"Fomos para o campo e casámos numa pequena igreja rural e fizemos uma pequena cerimónia", diz Madeline.

Depois disso, Madeline e Sebastian foram a uma fábrica de chocolate local e desfrutaram de uma fika sueca - uma pausa para café e pastelaria.

Mais tarde, a festa de casamento viajou para outro local no campo, uma bela pousada onde Madeline e Sebastian já tinham estado antes e tinham adorado.

"Decidimos: 'Oh, é um sítio que é muito especial para nós. Vamos reservar lá alguns quartos", recorda Madeline.

Foi um dia simultaneamente "bonito" e "discreto".

"Pareceu-nos muito autêntico", diz Madeline.

Recentemente, Madeline partilhou algumas das fotografias do seu casamento no seu feed do Instagram. Sebastian só aparece nas suas redes sociais de vez em quando, mas sempre que Madeline partilha vislumbres da sua vida em comum, é inundada por mensagens de outras pessoas com relações internacionais.

"Será que vale a pena? Mudar-se para o estrangeiro por amor?", perguntam.

Madeline responde sempre que sim.

"Digo sempre às pessoas que não tenham expectativas. Se vão tentar, recomendo mesmo que arrisquem, porque nunca se sabe como vai acabar", aconselha.

"Deem tudo o que têm e vejam como acaba. Não me arrependo de nada do que aconteceu. E gosto sempre de encorajar as pessoas a arriscarem."

Hoje, quando Madeline e Sebastian recordam o seu encontro em Nova Orleães, Sebastian diz que fica impressionado com o quão invulgar foi o seu encontro, mas como a sua vida é "normal" atualmente.

Quanto a Madeline, já ultrapassou a culpa de ter conhecido o seu futuro marido na despedida de solteira da sua amiga. Agora parece estar destinado.

"É muito interessante pensar que estávamos lá a celebrar o amor de outra pessoa e depois foi isto que nasceu. É muito, muito fixe."

Relacionados

Viagens

Mais Viagens

Na SELFIE

Patrocinados