Rússia terá demitido o “carniceiro de Mariupol”: "Não posso dizer nada sobre isso"

28 abr 2023, 09:20

Mikhail Mizintsev havia sido nomeado para o cargo em setembro de 2022 e era o principal responsável pela logística das Forças Armadas da Rússia

Vários canais de Telegram pró-russos avançaram esta quinta-feira que o vice-ministro da Defesa da Rússia, Mikhail Mizintsev, terá sido demitido do cargo.

De acordo com o jornal russo Meduza, o afastamento do “carniceiro de Mariupol” foi noticiado em primeira mão pelo correspondente militar do jornal Izvestia, Alexander Sladkov, e pelo canal pró-guerra “Rybar”, mas, quando confrontado com a informação, o Kremlin recusou confirmar.

“Não, não posso, não posso dizer nada sobre isso, este é um assunto do Ministério da Defesa”, disse o porta-voz Dmitry Peskov, citado pela RIA Novosti.

Mizintsev havia sido nomeado para o cargo em setembro de 2022, substituindo Dmitry Bulgakov, que ocupava o cargo desde 2008, e era o principal responsável pela logística das Forças Armadas da Rússia.

Segundo o serviço em russo da BBC News, Mizintsev terá comandado as forças russas durante o cerco de quase três meses a Mariupol, durante o qual terão morrido, segundo estimativas das autoridades ucranianas, mais de 25 mil civis. A destruição e mortandade desta ofensiva, que terminou a 20 de maio de 2022 com a rendição das forças ucranianas da fábrica Azovstal, valeu-lhe a alcunha de “carniceiro de Mariupol” entre a imprensa ocidental.

A violenta campanha na cidade ucraniana não foi, contudo, a primeira que liderou. Durante a intervenção militar da Rússia na guerra civil síria, Mizintsev terá orquestrado os fortes bombardeamentos à cidade de Aleppo, que dizimaram a cidade e provocaram milhares de mortos.

Nas redes sociais, os propagandistas do Kremlin lamentaram esta decisão. “Não há informações sobre o próximo destino de Mizintsev. É uma pena se, de facto, sair”, disse o próprio Alexander Sladkov, que anunciou que outras demissões podem estar a caminho. “Há um agravamento extemporâneo das lutas de poder no governo”, comentou, avançando também o nome do seu sucessor: Alexei Kuzmenkov.

Semyon Pegov, outro propagandista russo e correspondente de guerra, responsável máximo pelo canal de Telegram “WarGonzo”, afirma que a demissão de Mizintsev poderá estar relacionada com a visita que Putin fez às linhas da frente em Kherson e Lugansk em meados de abril. "Indignados e conscientes da situação real, os militares no terreno compreenderam obviamente que esta era a sua oportunidade de transmitir os problemas reais ao presidente", afirmou Pegov, citado pelo serviço em russo da BBC News.

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