Putin fala de “auto purificação” russa e chama "traidores" aos críticos

Agência Lusa , BC
17 mar 2022, 07:28
Vladimir Putin

Num discurso transmitido pela televisão pública, o presidente da Federação Russa dirigiu-se aos russos que não apoiam a invasão da Ucrânia, dizendo que são "escória e traidores"

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou na quarta-feira os russos que não apoiam a invasão da Ucrânia de serem traidores e falou de uma “auto purificação” da sociedade russa.

Os russos “serão sempre capazes de distinguir os verdadeiros patriotas da escória e traidores, e simplesmente os cuspirão, como um mosquito que acidentalmente voou para as suas bocas”, disse Putin.

“Estou convencido de que uma auto purificação tão natural e necessária da sociedade só fortalecerá o nosso país”, acrescentou o líder russo, num discurso transmitido pela televisão pública.

Putin acusou o Ocidente de estar a usar uma “quinta coluna” de russos traidores para criar distúrbios civis. “E há apenas um objetivo, já falei sobre isso – a destruição da Rússia”, disse.

Após o discurso, a polícia russa anunciou os primeiros casos criminais sob uma nova lei que permite penas de prisão até 15 anos pela disseminação intencional daquilo que a Rússia considera ser informação falsa sobre a guerra na Ucrânia.

Entre os acusados está Veronika Belotserkovskaya, autora de livros de culinária em russo que mora no estrangeiro.

As autoridades russas têm denunciado várias vezes relatos de reveses militares russos ou mortes de civis na Ucrânia como “informação falsa” e os meios de comunicação estatais referem-se à invasão da Ucrânia pela Rússia como uma “operação militar especial” em vez de uma “guerra” ou “invasão”.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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