Os líderes da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos não atenderam o telefone quando o presidente Biden lhes tentou ligar para discutir o aumento das exportações de petróleo para compensar os aumentos dos preços gerados pela invasão da Ucrânia pela Rússia
O presidente norte-americano tentou um diálogo com os líderes da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, mas ambos os pedidos foram recusados, avança esta quarta-feira o jornal Wall Street Journal, que cita um relatório da Casa Branca.
De acordo com o jornal, Washington tentou organizar telefonemas separados entre Biden e o príncipe herdeiro saudita Mohammad bin Salman e o Sheik Mohammed bin Zayed al Nahyan dos Emirados Árabes Unidos, numa tentativa de aumentar o apoio à Ucrânia e conter o aumento dos preços do petróleo, mas as tentativas não tiveram sucesso.
“Existia a expectativa de uma chamada telefónica, mas isso não aconteceu”, avançou uma fonte da Casa Branca ao Wall Street Journal.
Por outro lado, tanto Bin Salman, como o Sheik Mohammed bin Zayed al Nahyan receberam telefonemas do presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada, depois de se recusarem a falar com Biden. Ambos falaram mais tarde com o presidente da Ucrânia, e uma autoridade saudita disse ao Wall Street Journal que os EUA solicitaram que o príncipe Mohammed mediasse o conflito.
Os motivos para a recusa dos líderes da Arábia Saudita e dos Emirados não são claros, mas podem estar relacionados com a falta de resposta do governo dos EUA aos recentes ataques aéreos feitos por rebeldes houthis no Iémen. Biden estará a considerar uma viagem à Arábia Saudita durante a primavera para amenizar as relações com bin Salman.
Biden e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita têm tido uma relação conflituosa desde as eleições presidenciais de 2020, quando o candidato democrata prometeu tratar o reino como um “pária” depois de uma equipe saudita ter morto o colunista Jamal Khashoggi em 2018.
Há “muito pouco valor de redenção social no atual governo da Arábia Saudita”, disse Biden durante um debate presidencial em 2019. Depois de assumir a presidência, Joe Biden divulgou um relatório de inteligência dos EUA que concluiu que o príncipe Mohammed tinha aprovado um plano para capturar ou matar Khashoggi, um profundo crítico do governante saudita.
O príncipe Mohammed negou ter alguma relação com o incidente, ainda que pessoas próximas do príncipe herdeiro tenham sido condenadas por um tribunal saudita pelo assassinato do jornalista do Washington Post.