"Exigiu uma análise muito aprofundada do dano potencial em civis": EUA explicam as dúvidas e as certezas com o envio de bombas de fragmentação para a Ucrânia

Agência Lusa , SM
7 jul 2023, 20:31
Jake Sullivan (AP)

A decisão está tomada. "Não vamos deixar a Ucrânia indefesa em nenhuma fase deste conflito. Ponto final"

Os EUA confirmaram esta sexta-feira o envio de bombas de fragmentação para a Ucrânia como parte de um novo pacote de ajuda em armamento.

"Não vou ficar aqui e dizer que é fácil", começou por dizer o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, aos jornalistas, num briefing da Casa Branca, em Washington D.C.

"É uma decisão difícil. É uma decisão que adiámos. É uma decisão que exigiu uma análise muito aprofundada do dano potencial em civis. E quando juntámos tudo isso, houve uma recomendação unânime da equipa de segurança nacional e o presidente Biden finalmente decidiu - em consulta com aliados e parceiros e com membros do Congresso - seguir em frente com essa estratégia [de enviar as bombas de fragmentação", acrescentou Jake Sullivan.

O conselheiro de Segurança Nacional afirma que "a Rússia usa bombas de fragmentação desde o início da guerra" e que os EUA não são indiferentes "ao risco enorme de danos se as tropas e tanques russos passarem por posições ucranianas, conquistarem mais território e subjugarem mais civis".

"Não vamos deixar a Ucrânia indefesa em nenhuma fase deste conflito. Ponto final", remata, acusando Moscovo de atacar um país soberano, violando o direito internacional.

A decisão surge apesar das preocupações generalizadas de que as controversas munições de fragmentação possam causar vítimas civis.

De acordo com a Casa Branca, as munições que os Estados Unidos vão entregar à Ucrânia têm uma taxa de não explosão - ou seja, as que permanecem no solo e por detonar – inferior a 2,5%, indicando que haverá muito menos cartuchos não detonados que podem resultar em mortes não intencionais de civis.

Por outro lado, as bombas de fragmentação que a Rússia supostamente usou têm uma taxa de não explosão de 30 a 40%, de acordo com Sullivan.

Mais de uma centena de países, incluindo membros da NATO como a França e a Alemanha, opõem-se ao uso de bombas de fragmentação e ratificaram a Convenção sobre Munições de Fragmentação, da qual a Ucrânia, a Rússia e os Estados Unidos não fazem parte.

Sullivan também indicou que a Ucrânia não se deverá juntar à NATO no final da cimeira de Vilnius, marcada para a próxima semana, mesmo que essa questão seja levantada durante o evento.

Kiev "ainda tem muitas etapas a percorrer antes de se tornar um membro" da Aliança Atlântica, disse.

Antes da confirmação, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se esta sexta-feira contra o uso de munições de fragmentação.

"O secretário-geral apoia a Convenção sobre Munições 'Cluster', que, como sabem, foi adotada há 15 anos. Ele quer que os países atuem de acordo com os termos dessa convenção. E, como resultado, é claro, ele não quer que haja um uso contínuo de munições 'cluster' no campo de batalha", disse o vice-porta-voz de Guterres, Farhan Haq, no seu 'briefing' diário à imprensa.

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