Eslováquia quer evitar uma Terceira Guerra Mundial. E para isso tem propostas polémicas para a Ucrânia e a Rússia

CNN , Andrew Carey, Ivana Kottasová, Jessie Gretener e Maria Kostenko
23 jan, 22:00
Robert Fico (Denes Erdos/AP)

A Ucrânia rejeitou as sugestões do novo primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, de que terá de ceder território à Rússia para pôr fim à guerra.

"Não pode haver qualquer compromisso sobre a integridade territorial, nem para a Ucrânia, nem para a Eslováquia, nem para qualquer outro país", escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Oleh Nikolenko, no Facebook.

"Sejamos honestos: se a Ucrânia não estiver segura, não haverá segurança, nem na Eslováquia nem na Europa em geral."

Numa entrevista à rádio eslovaca, no fim de semana, Fico desafiou diretamente essa ideia e a posição central da maioria dos seus parceiros na União Europeia.

Falando poucos dias antes de uma visita programada à Ucrânia, Fico disse à emissora pública que tanto Kiev como Moscovo teriam de fazer compromissos dolorosos para pôr fim à guerra. Para a Ucrânia, isso significa aceitar pelo menos alguns dos ganhos da Rússia.

"O que é que eles estão à espera? Que a Rússia abandone Donetsk e Lugansk? Ou que abandone a Crimeia? Não, isso é completamente irrealista. Toda a gente sabe isso", continuou Fico.

Donetsk e Lugansk são territórios no leste da Ucrânia, que em conjunto foram o Donbass, sendo regiões nas quais a Rússia ganhou controlo em 2014 e a partir dos quais tem expandido os seus ganhos territoriais desde que lançou a invasão em grande escala em 2022. A Crimeia também foi capturada e anexada em 2014.

Visto como uma figura pró-Kremlin, Fico venceu as eleições em outubro, tendo-se candidatado com a promessa de que iria bloquear mais apoio militar à Ucrânia - que, segundo disse ao entrevistador da rádio, estava sob o "controlo total dos Estados Unidos" desde 2014, quando os ucranianos derrubaram o presidente pró-Moscovo, Viktor Yanukovich.

Na União Europeia, está estreitamente ligado ao húngaro Viktor Órban e tem sido muito aberto quanto às suas intenções de bloquear a candidatura da Ucrânia à adesão à UE e à NATO. Esta mensagem será repetida quando se encontrar com o homólogo ucraniano, Denys Shmyhal, na cidade fronteiriça de Uzhhorod.

"Vou dizer-lhe que sou completamente contra a adesão da Ucrânia à NATO e que a vetarei, porque a única coisa a que isso conduziria seria a uma Terceira Guerra Mundial".

Invertendo a política do seu antecessor, que viu a Ucrânia receber um sistema de defesa aérea e caças da Eslováquia, bem como outras ajudas militares, Fico também prometeu dizer ao seu anfitrião ucraniano que "não vai receber quaisquer armas do exército eslovaco" ou dos "stocks estatais da Eslováquia".

Em vez disso, Fico disse que levaria uma "oferta de ajuda humanitária".

O gabinete de Shmyhal não respondeu a um pedido de informação da CNN sobre se a visita ainda se vai realizar.

Na segunda-feira, o novo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, levou uma mensagem muito diferente à Ucrânia, ao encontrar-se com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev.

Os dois líderes discutiram uma possível produção conjunta de armas, bem como aquilo a que Zelensky se referiu numa declaração do seu gabinete como "uma nova forma da nossa cooperação - destinada a uma maior escala de compras de armas para as necessidades ucranianas", embora não tenham sido dados mais pormenores.

Tusk disse ao seu anfitrião que a Polónia tentará ajudar a Ucrânia a aderir à UE, "para que a plena adesão da Ucrânia à União Europeia se torne um facto o mais rapidamente possível".

Os dois homens mostraram-se igualmente confiantes na possibilidade de encontrar soluções duradouras para os diferendos sobre as exportações de cereais ucranianas e o acesso à União Europeia dos camionistas ucranianos, que levaram a bloqueios durante várias semanas nos postos fronteiriços entre os dois países.

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