Ucrânia precisa de “caças e tanques”, mas não só. Zelensky pede esforço de todos para vencer um único homem

27 mar 2022, 17:56

Num discurso transmitido em várias capitais europeias, o presidente ucraniano pediu aos cidadãos europeus que ajudem a Ucrânia a salvar a vencer a "guerra que a Rússia está a travar contra a liberdade"

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a apelar este domingo ao Ocidente que forneça caças, tanques e mísseis para conseguir parar a guerra “que a Rússia está a travar contra a liberdade”. Num discurso vídeo emitido em várias capitais europeias, incluindo em Lisboa, o líder da Ucrânia indicou vários passos para que as pessoas ajudem a Ucrânia a parar “o homem sí que começou esta guerra”, Vladimir Putin.

“Só tivemos uma escolha desde que a Rússia e começou esta guerra: lutar para nos mantermos vivos e livres. Um minuto e a guerra veio como um choque. À noite, ataques com mísseis. A paz foi estilhaçada. Uma hora depois e o medo tomou conta. Que vida viver e onde? E quem vai ficar ao nosso lado? Um dia de guerra e todos se uniram. Ninguém desistiu, nem fugiu, todos nós fomos para as nossas posições”, recordou.

Volodymyr Zelensky sublinha que a Ucrânia está a lutar com coragem “no céu, na terra, no mar e no ciberespaço”, mas que poderá não o conseguir fazer sozinho. A discursar num concerto solidário “Save Ukraine”, o presidente disse que observa o medo em alguns políticos e que sabe que existem muitos com os quais não poderá contar. No entanto, deixou um apelo aos milhões de cidadãos da Europa para conseguir ajudar a “salvar a Ucrânia”.  

O medo dos políticos europeus

“Eu vejo o medo dos políticos. Não existem muitos com os quais possamos contar. Mas só com o poder das pessoas, todas juntas, podem parar o homem que começou esta guerra. Salvem a Ucrânia nesta guerra: mantenham a liberdade em todo o lado do mundo. Esta é a guerra que a Rússia está a travar contra a liberdade”, afirmou.

Para isso, a Ucrânia precisa de “caças, defesas antiaéreas, tanques e munições”, mas não só. Zelensky enumerou outras formas de apoio que os cidadãos ocidentais podem exigir dos seus líderes. Entre as quais mais sanções contra a Rússia, contra o petróleo, contra bancos russos e contra o tráfego.

Além de medidas contra a Rússia, o presidente pediu também a uma resposta “humana” para com os milhões de refugiados que fogem temporariamente do seu país. “São milhões e são tal como vocês, eles voltarão a casa”, destacou.

E no fim pediu para que haja um esforço concertado para salvar os civis em cidades e localizações cercadas, como Mariupol. “Salvem os civis nas cidades cercadas. Corredores humanitários são necessários. Cessar-fogo é necessário e a total retirada de tropas russas. Vamos reconstruir a Ucrânia depois da guerra estar ganha, como parte da família europeia, com um novo sistema de segurança de forma a garantir que a liberdade é impossível de matar”, pediu.

A paz é a única escolha

“Façamos com que um único homem em Moscovo se lembre: a paz é a única escolha. Glória à Ucrânia”, rematou.

Em Portugal, centenas de pessoas que se manifestaram contra a invasão da Ucrânia pela Rússia na Praça do Comércio, em Lisboa, assistiram ao discurso de Zelensky num ecrã gigante. Com bandeiras da Ucrânia às costas e outras empunhadas e a esvoaçar, o Terreiro do Paço vai-se 'pintando' de azul e amarelo. O protesto arrancou com o hino ucraniano a ser entoado pelos manifestantes.

O protesto, promovido em Lisboa pela Associação dos Ucranianos em Portugal, contou também com a participação do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Moedas disse que “Lisboa está com a Ucrânia” e que “o que está a acontecer é injustificável”. Depois da intervenção do autarca, os manifestantes gritaram três vezes “obrigado, Portugal!”.

Negociações recomeçam segunda-feira

Recorde-se que as delegações da Rússia e da Ucrânia vão encontrar-se de novo na Turquia entre segunda-feira e quarta-feira, numa nova ronda de negociações presenciais, anunciou hoje David Arakhamia, um dos negociadores ucranianos.

O chefe da equipa de negociadores russos, Vladimir Medinski também confirmou, citado pelas agências noticiosas do país, uma nova ronda de conversações mas disse que iriam decorrer entre terça-feira e quarta-feira, sem precisar o local.

“No decurso das discussões de hoje por videoconferência, foi decidido realizar a próxima ronda presencial na Turquia de 28 a 30 de março”, indicou David Arakhamia na sua página Facebook.
 

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