"Nada pode ser comparado ao Holocausto mas esta crueldade é inacreditável." Naty Barak era para vir à CNN Portugal Summit: não pôde, está em Israel - ouçam-no, vejam-no

17 out 2023, 16:56

EXCLUSIVO As palavras que partilhou não deixaram ninguém indiferente

“Acordámos com sirenes, alarmes e rockets sobre as nossas cabeças”, recorda Naty Barak. Ele é um dos maiores especialistas no projeto de soluções de irrigação gota-a-gota que fizeram de Israel um caso de estudo mundial - e era suposto estar esta terça-feira em Lisboa, para participar na CNN Portugal Summit, para debater "A economia que muda o clima". Não pode viajar, pelo que entrou à distância. “Queria muito participar, tinha planos”, mas não foi possível.

As palavras que partilhou não deixaram ninguém presente no evento indiferente.

Naty Barak é um membro de longa data do kibutz de Hatzerim. E contou como viveu o ataque do Hamas de 7 de outubro.

“Num sábado, há dez dias, acordámos para uma situação terrível. Eu vivo no sul, num kibutz, uma pequena comunidade. Estamos a 30/35 quilómetros de Gaza. Sábado acordámos com sirenes, alarmes e rockets sobre as nossas cabeças. Felizmente estamos um pouco distantes da Faixa de Gaza e todos os rockets disparados na nossa direção foram intercetados”.

A família de Barak dirigiu-se a “um abrigo” que tem em casa e que “as notícias terríveis começaram a chegar. É terrível, as atrocidades. Nada pode ser comparado ao Holocausto, mas a crueldade do que foi feito é inacreditável", desabafa, mesmo se prefere “não falar muito sobre o assunto”.

Poucos, de uma forma ou de outra, não foram atingidos pelo que aconteceu em Israel. Dez dias depois, Naty Barak não sabe do paradeiro de algumas pessoas que conhece. É o caso de Shoshan Haran, raptada com a sua famíllia.

“Shoshan Haran, a Drª Shoshan Haran era responsável pela variedade de sementes da maior companhia de sementes em Israel. Shoshan decidiu deixar a empresa onde trabalhava e criou uma ONG especializada em criar diferentes variedades de vegetais para pequenos agricultores em África. Nos últimos anos trabalhou sempre em África com pequenos agricultores, maioritariamente mulheres. Acabámos por ficar amigos quando a ajudámos com o seu equipamento de irrigação”.

“Shoshan, o seu marido, os seus filhos e os seus netos, estão todos os Gaza. Foram raptados e levados para Gaza. Não quero imaginar aquilo que estão a passar. Estas são apenas seis ou sete pessoas que eu conheço, entre as 200 ou mais que lá estão. É terrível”, afirma visivelmente consternado.

Mesmo assim diz “estar otimista” e saber que “os militares se estão a preparar para entrar em Gaza”. Garante que o objetivo “não é [Israel] tomar o controlo de Gaza”, mas apenas “parar as atividades do Hamas. Nós não queremos controlar Gaza”. Por fim, assume que o seu desejo e o de todos “os que vivem no sul” de Israel é simples: “viver em paz”.

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