"Parecia o fim do mundo". Israel atacou o campo de Jabalia e cumpriu o objetivo (o Hamas diz que matou 50 civis pelo meio)

31 out 2023, 21:43

Ataque deixou várias crateras visíveis e a condenação do mundo árabe já chegou. Os Estados Unidos mantêm a posição

Israel procurava um alto comandante do Hamas. Conseguiu encontrá-lo e matá-lo, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), num ataque que os palestinianos dizem que matou mais de 50 pessoas, depois de ter atingido o campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.

O ataque deixou um cenário de catástrofe, com vários danos nas estruturas e muitos mortos para contar, segundo revelaram testemunhas à CNN Internacional.

“Estava na fila para comprar pão e, de repente, sem qualquer aviso, sete ou oito mísseis caíram”, conta Mohammad Ibrahim, descrevendo os grandes buracos feitos pelos projéteis. “Parecia o fim do mundo”, continua.

As IDF garantem que este ataque tinha um único objetivo: alcançar e matar Ibrahim Biari, um dos comandantes que terá estado por detrás da operação “Al-Aqsa”, que o grupo lançou contra o território israelita, a 7 de outubro, matando mais de 1.400 pessoas e fazendo centenas de reféns, alguns deles ainda presos.

O exército israelita garante que “vários terroristas do Hamas” foram mortos neste mesmo ataque, acusando o Batalhão de Jabalia Central de ter tomado conta dos edifícios de civis para servir de base operacional. Pelo meio mostrou imagens do ataque, conduzido com caças.

Do outro lado, e como tem sido habitual, o Hamas nega essa versão. Diz que o local não serve de abrigo aos seus combatentes, acusando Israel de tentar justificar um “crime hediondo contra civis, crianças e mulheres no campo de Jabalia”.

Mohammad Al Aswad, que também estava no local à hora do ataque, descreveu à CNN Internacional uma “cena horrorosa”: “Crianças a carregarem outras crianças feridas e a correrem, com pó cinzento no ar. Corpos pendurados nos escombros, muitos irreconhecíveis. Alguns a sangrar e outros queimados”, referiu.

As imagens do local confirmam esse cenário, com várias crateras e muitos edifícios totalmente destruídos. No local continuam ainda equipas de busca e salvamento.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina descreveu o ataque como um "massacre", falando em cenas de fazer "tremer" qualquer um, nomeadamente envolvendo mulheres e crianças.

Uma condenação que também surgiu rapidamente do mundo árabe, com Arábia Saudita, Irão, Jordânia e Egito a criticarem o ataque. O Egito diz mesmo que Israel quebrou a lei internacional, falando num ataque "desumano" que atingiu uma área residencial. Com efeito, o Hamas diz que mais de 20 prédios onde moravam pessoas foram atingidos e destruídos.

"O Egito considera esta uma nova violação flagrante das forças israelitas contra o Direito Internacional e o Direito Internacional Humanitário", disse o governo egípcio.

Também o Catar, que tem estado a ajudar nas negociações para a libertação de reféns, veio condenar o ataque. O Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu que o emirado considera este como um "novo massacre contra o indefeso povo palestiniano, especialmente crianças e mulheres".

"A expansão dos ataques israelitas na Faixa de Gaza para incluir objetos civis, como hospitais, escolas, centros de habitação ou abrigos é uma escalada perigosa no curso das confrontações, que pode minar a mediação e os esforços", referiu o ministério.

Já os Estados Unidos mantêm a posição que adotaram desde o início. Israel não está a "atingir civis deliberadamente, como o Hamas". Palavras do porta-voz do Pentágono, o brigadeiro-general Pat Ryder, que recusou comentar casos específicos, mas que garantiu que os norte-americanos continuam preocupados com as perdas civis.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca acrescentou que as indicações apontam que Israel está a tentar proteger civis enquanto ataca o Hamas. John Kirby classificou de "tragédia" as mortes de civis no campo de Jabalia, garantindo que os Estados Unidos vão "continuar a trabalhar com os israelitas sobre a necessidade de respeitar a vida humana e tentar minimizar a perda de civis".

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