Há 50 mil mulheres grávidas em Gaza e estão a enfrentar um "pesadelo", lamenta a ONU

CNN | CNN Portugal , Chloe Liu
15 out 2023, 12:23
Destruição na Faixa de Gaza (GettyImages)

Cinco mil destas mulheres devem dar à luz no próximo mês. "Imagine passar por esse processo na fase final e no último trimestre antes do parto, com possíveis complicações, sem roupa, sem higiene, sem apoio e sem saber o que o próximo dia, a próxima hora, o próximo minuto trará para si e para o seu filho por nascer"

As 50 mil mulheres grávidas de Gaza estão a enfrentar uma situação de "pesadelo" com o sistema de saúde do enclave à beira do colapso, segundo o representante do Fundo das Nações Unidas para Atividades Populacionais (UNFPA) para o Estado da Palestina, Dominic Allen.

"O estado do sistema de saúde em Gaza é crítico. Está a ser atacado, à beira do colapso e estas mulheres grávidas que nos preocupam seriamente não têm para onde ir. Estão a enfrentar desafios impensáveis", disse Allen numa entrevista à CNN no domingo.

Allen disse que cerca de cinco mil das 50 mil mulheres grávidas devem dar à luz no próximo mês, e algumas delas podem enfrentar complicações.

"Imagine passar por esse processo na fase final e no último trimestre antes do parto, com possíveis complicações, sem roupa, sem higiene, sem apoio e sem saber o que o próximo dia, a próxima hora, o próximo minuto trará para si e para o seu filho por nascer", disse Allen. 

As histórias que chegam dos hospitais têm sido "angustiantes", disse Allen. Uma parteira de uma maternidade em Gaza disse a Allen que, desde o início do conflito, algumas parteiras não conseguem sequer chegar à maternidade para prestar assistência devido ao ambiente inseguro. 

"A ajuda humanitária e os fornecimentos a Gaza têm de ser autorizados a passar. Tem de ser aberto um corredor humanitário e o direito humanitário tem de ser respeitado. Por conseguinte, as mulheres grávidas devem ter acesso a esses serviços de saúde que salvam vidas", afirmou Allen.

O grupo islamita Hamas lançou há uma semana um ataque surpresa contra Israel com milhares de foguetes e a incursão de combatentes armados por terra, mar e ar. Vários israelitas foram feitos reféns: o último balanço das Forças de Defesa de Israel indica que o Hamas tem 126 reféns na Faixa de Gaza.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel bombardeou a partir do ar várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade. 

Durante a incursão a território israelita, o Hamas matou cerca de 1.300 pessoas de mais de 30 nacionalidades. Os ataques aéreos de Israel, por sua vez, já mataram mais de 2.300 pessoas na Faixa de Gaza. 

Atualmente, Israel tem centenas de milhares de soldados e milhares de veículos blindados perto da fronteira norte com a Faixa de Gaza, em estado de prontidão total para uma invasão a este território palestiniano. As autoridades israelitas têm apelado aos civis da Faixa de Gaza para saírem do norte do território, onde vivem mais de um milhão de pessoas, para a zona sul, decisão criticada por várias organizações não governamentais e governos mundiais.

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