Como Israel permitiu – e até encorajou – o financiamento do Catar ao Hamas

12 dez 2023, 12:59
Benjamin Netanyahu (EPA/RONEN ZVULUN)

Segundo o The New York Times, os serviços de informação israelitas dispunham de informação enganadora acerca do grupo que governa a Faixa de Gaza, e acreditavam que o mesmo não seria capaz de realizar um ataque em larga escala contra o país

O jornal The New York Times revelou este domingo detalhes sobre as recentes negociações entre Israel e o Catar que permitiram que o emirado continuasse a financiar o Hamas.

De acordo com a publicação norte-americana, os serviços de informação israelitas dispunham de informação enganadora acerca do grupo que governa a Faixa de Gaza, e acreditavam que o mesmo não seria capaz de realizar um ataque em larga escala contra o país.

Com base nessa informação, David Barnea, líder da Mossad, deu o ‘ok’ ao governo do emirado para continuar a enviar milhões de euros para o Hamas durante uma reunião realizada em setembro, escassas semanas antes do ataque de 7 de outubro.

Segundo o The New York Times, Barnea foi mesmo questionado diretamente se Israel estaria confortável com a continuação destes pagamentos. O líder da Mossad, seguindo as diretrizes do governo de Benjamin Netanyahu, não levantou qualquer obstáculo.

O jornal de Nova Iorque diz que esta aposta do primeiro-ministro israelita tinha em linha de vista a paz a longo prazo na região – ao receber milhares de milhões de euros de financiamento, o Hamas não iria dedicar muita atenção à luta contra Israel, teorizava Telavive.

A política teve um desfecho trágico com os ataques de 7 de outubro, mas, de acordo com o The New York Times, os serviços de informação de Israel decidiram continuar a autorizar os pagamentos cataris mesmo após alertas de que o Hamas estaria a preparar uma ação terrorista.

O aparelho estatal israelita acredita agora que a continuação do financiamento, que teria fins humanitários, como a compra de combustível para abastecer a única central elétrica de Gaza, foi fulcral para a preparação do ataque, com alguns dos fundos a serem canalizados para as operações militares.

Perante as críticas, Benjamin Netanyahu nega agora ter contribuído para o empoderamento do Hamas. "O primeiro-ministro Netanyahu atuou para enfraquecer significativamente o Hamas. Liderou três poderosas operações militares contra o Hamas que mataram milhares de terroristas e altos comandantes do Hamas”, disse o gabinete do primeiro-ministro de Israel ao The New York Times.

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