40 dias de pausa e troca de prisioneiros-reféns na proporção de 10-1. Eis a proposta de cessar-fogo para Gaza (que o Hamas diz que ainda não recebeu)

CNN Portugal , DCT
27 fev, 13:52
Soldado israelita na fronteira com a Faixa de Gaza (Fonte: AP)

Proposta de cessar-fogo para a Faixa de Gaza foi discutida em Paris. O plano está traçado, Joe Biden está confiante na sua aplicação célere, mas o Hamas diz que ainda não o recebeu

Israel, EUA, Egito e Catar estiveram reunidos em Paris para discutir uma proposta de cessar-fogo temporário para a Faixa de Gaza. Em cima da mesa está, numa primeira fase, uma pausa nas operações militares durante 40 dias, assim como a troca de prisioneiros palestinianos por reféns israelitas, numa proporção de dez para um.

Segundo a CNN Internacional, Joe Biden crê que o cessar-fogo comece já “na próxima segunda-feira”, mas um funcionário do Hamas, em declarações à Reuters,  diz que o entusiasmo de Biden é “prematuro” e que “ainda há grandes lacunas que precisam de ser colmatadas”. Também com declarações de um membro do Hamas, a Sky News diz que o grupo ainda não recebeu qualquer proposta formal para uma pausa nas hostilidades.

De acordo com a agência de notícias, durante estes 40 dias está previsto que ambas as partes interrompam completamente as suas operações militares terrestres e que as operações de reconhecimento aéreo sobre Gaza sejam interrompidas durante oito horas por dia.

Quanto à troca de reféns por prisioneiros, o acordo entre Israel, EUA, Egito e Catar, e que será analisado pelo Hamas, diz que todos os reféns israelitas - incluindo mulheres, crianças menores de 19 anos, idosos com 50 anos ou mais e pessoas doentes, como noticia a CNN Internacional - devem ser libertados. Por cada 10 prisioneiros palestinianos deve ser libertado um refém israelita, o que, em 40 dias de pausa - que coincidem com o Ramadão (de 10 de março a 9 de abril) -, poderá resultar em 400 prisioneiros palestinianos libertados e 40 reféns devolvidos às suas famílias. Segundo a Al Jazeera, são quase 10 mil os palestinianos detidos nas prisões de Israel.

A proposta de cessar-fogo discutida esta segunda-feira sugere ainda um retorno gradual de todos os civis deslocados ao norte da Faixa de Gaza. Os homens em idade de serviço militar estão excluídos desta medida, mas não se conhecem ainda pormenores de como e em que moldes poderá acontecer o regresso das pessoas às suas habitações.

Está também definido nesta proposta preliminar, a que a Reuters teve acesso, a entrada de 500 camiões de ajuda humanitária por dia e o fornecimento de 200 mil tendas e 60 mil caravanas, mas sem detalhes sobre as regiões onde serão colocadas. Ficou escrito que Israel irá permitir a reabilitação de hospitais e padarias, assim como irá permitir a entrada imediata de equipamentos e de combustível para estes dois setores, mas em quantidades ainda a discutir.

Israel concordou igualmente em incluir nesta proposta de cessar-fogo a permissão de entrada de máquinas e equipamentos pesados ​​para remoção de escombros, sendo que o Hamas terá de se comprometer a não utilizar estes aparelhos para ameaçar Telavive.

E depois dos 40 dias de pausa? É esperado que Israel volte à carga com um reposicionamento das suas forças terrestres, mas longe das áreas densamente povoadas de Gaza, e que muitas destas medidas fiquem sem efeito, pois o acordo diz que o que foi acordado para esta primeira fase não se irá aplicar, de forma automática, à segunda fase, devendo acontecer novas negociações.

Relacionados

Médio Oriente

Mais Médio Oriente

Patrocinados