Governo perplexo com as dificuldades financeiras alegadas pela Global Media

Agência Lusa , PF
28 dez 2023, 21:39
Jornalistas dos Jornal de Notícias manifestam-se no no relançamento do livro "Portugal Amordaçado", de Mário Soares (MIGUEL A. LOPES/LUSA)

A tutela sublinhou que “cabia aos investidores estarem informados sobre as circunstâncias financeiras do grupo em que decidiram investir, pelo que não é crível virem agora alegar desconhecimento”

O Governo manifestou esta quinta-feira perplexidade com as dificuldades financeiras alegadas pelo Global Media Group (GMG) para o não pagamento dos salários de dezembro, lembrando a intenção de “investimento no jornalismo” do novo acionista, quando este entrou no grupo.

“Gera a maior das perplexidades que, após a entrada de um novo acionista num grupo económico – a qual foi acompanhada de declarações de investimento no jornalismo –, se tenha passado rapidamente para afirmações de sentido contrário, que culminaram, no dia de hoje, no anúncio de que os salários do mês de dezembro não serão pagos na data devida”, destacou o Ministério da Cultura, em comunicado.

A tutela sublinhou que “cabia aos investidores estarem informados sobre as circunstâncias financeiras do grupo em que decidiram investir, pelo que não é crível virem agora alegar desconhecimento”.

A Comissão Executiva do GMG informou os seus trabalhadores, numa comunicação interna a que a Lusa teve acesso, que não tinha condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave”.

Para esta situação contribuiu, segundo a empresa, o “inesperado recuo” do Estado no negócio para a compra das participações que o grupo tem na agência Lusa, a “injustificada suspensão” da utilização de uma conta caucionada no Banco Atlântico Europa há seis anos e de “todo o aproveitamento político-partidário” feito em redor da Global Media.

Sobre este processo negocial, o Ministério da Cultura frisou que tinha como objetivo “que o Estado pudesse vir a assumir uma posição mais significativa na estrutura acionista da Agência Lusa visava preservar a autonomia desta agência e o seu papel na defesa do jornalismo”.

“Tal operação tinha um propósito estratégico e, como é evidente, não podia ser encarada como a solução para problemas de tesouraria de curto prazo eventualmente enfrentados por um novo acionista”, apontou.

O Governo destacou também a inexistência de um compromisso político com o principal partido da oposição [PSD] que “inviabilizou esta operação, que teria permitido que o serviço da Lusa passasse a ser disponibilizado gratuitamente a todos os órgãos de comunicação social”.

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