F.C. Porto-Setúbal, 3-0 (destaques)

22 set 2001, 19:36

Ibarra e o miúdo apressado Um argentino cada vez mais pujante, um miúdo com pressa de ser craque e uma dupla mágica. A vitória do F.C. Porto está explicada. Quem tem bons jogadores arrisca-se a ganhar, mesmo com um colectivo adormecido.

Ibarra

O jogo permitia-lhe brilhar, já que aqueles que habitualmente concentram atenções pareciam incapazes de escapar às marcações que os anulavam. O F.C. Porto precisava de alternativas e Ibarra, claramente a crescer de semana para semana, podia ajudar a desequilibrar se ousasse deixar a parceria da defesa. Especialmente porque muitos metros à sua frente, na outra extremidade do verde, os avançados estavam espartilhados, amarrados por defesas e seguros por receios que os deixavam sem ajuda no flanco esquerdo. O argentino apercebeu-se rapidamente disso e correu para ajudar, tentando ele próprio rematar para aumentar as preocupações de Bossio, especialmente na primeira parte, ou, no final de um arranque imparável, assistir quem se desmarcasse. Já é, em resumo, um indiscutível. 

Hélder Postiga

Onde vai parar este miúdo? A pergunta, no final de uma ponderação rápida, face a tudo a que Postiga tem produzido, pode ter resposta fácil: tem condições inequívocas para ser um grande jogador. Octávio já o terá descoberto e não se cansa de o lançar sempre que sente a aflição do mau desempenho colectivo. Hoje, contudo, isso foi ainda mais visível. Hélder Postiga entrou para arriscar e, mal tocou na bola, um minuto depois de ter escutado o seu nome na instalação sonora no instante em que entrava, já estava de braços do ar a festejar. Foi dos principais instigadores da revolução da segunda parte. 

Deco e Alenitchev

É um regalo vê-los juntos e só se lamenta que seja cada vez mais uma raridade. Se Deco joga muito, se troca os olhos a quem o persegue, o russo faz rigorosamente o mesmo, o que dobra o martírio de quem defende, mas triplica o prazer de quem vê. O brasileiro tinha feito muito pouco na primeira parte e talvez por isso o F.C. Porto tenha jogado tão mal nessa fase. Após o descanso, contudo, especialmente assim que Alenitchev foi chamado por Octávio, aproximou-se do rendimento habitual e encantou num par de passes impossíveis. O despique especial entre ambos estava lançado e a equipa saía a ganhar. Terminaram a rir. Como não podia deixar de ser. Quem sabe se a trocar felicitações pelas diabruras anteriores. 

Hugo Henrique

É um dos vários avançados brasileiros da I Liga de boa qualidade. Terá tido o azar de cair algum tempo no anonimato da II Liga, ao serviço do Rio Ave, mas esta época está a provar que sabe a combinação perfeita entre inteligência e coragem para ser ponta de lança e marcar golos. Podia muito bem ter saído das Antas com mais razões para sorrir, já que rematou várias vezes com perigo, uma das quais à barra. Um valor seguro de uma equipa que sabe jogar futebol e preenche muito bem todos os todos os espaços.

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