Boavista-Setúbal, 1-0 (crónica)

28 jul 2001, 20:16

O reflexo (quase) imaculado do campeão

Era o primeiro jogo com condimento. Até aqui, o Boavista limitara-se aos amigáveis, fartos em experiências e bocejos, mas obrigatórios a quem quer definir um leque de opções válidas para várias frentes de combate. A partir de agora, Jaime Pacheco não está autorizado a inventar e a testar jogadores fora das suas posições preferidas. Terminaram as misturas e as pesagens aleatórias, sobraram uns quantos rascunhos, que serão copiados para o livrinho das fórmulas mais eficazes. O Setúbal era o adversário e o troféu que o vencedor do Torneio de Leiria levará para casa o estímulo. A Supertaça, a uma semana de distância, completava o objectivo do fim-de-semana. 

Já se percebeu que Pacheco vai apostar de início num onze muito semelhante ao que fez história na época passada. Saiu Rui Bento, entrou Glauber, um médio que perdeu eficiência com as férias, mas que promete repetir no Bessa as exuberâncias que mostrou na Mata Real. Saiu mais recentemente Litos, um histórico, que se deixou tentar pelas pesetas do Málaga. Teoricamente, o plantel tem mais centrais de qualidade e chegou Turra, que veio aumentar as escolhas. Tirando um par de posições, portanto, o Boavista é o mesmo de sempre. Abnegado e decidido a ganhar seja a quem for. Ainda não joga bonito, mas também nunca jogou especialmente bonito. Pacheco prefere um futebol essencialmente empolgante a partir de um misto de pujança e acutilância. 

Perante tudo isto é provável que o treinador axadrezado seja o mais tranquilo de toda a I Liga. Não precisa de reinventar a estratégia, basta recordar a filosofia que afixou no balneário, e pode dar-se ao luxo de dormir com o cérebro livre de maquinações futebolísticas. O segredo pode estar frouxo, mas continua inalterado e capaz de responder a todas as encomendas. Foi isso precisamente que se pôde constatar na primeira parte deste jogo com o Setúbal. O meio-campo boavisteiro, provavelmente o sector mais influente do colectivo, mostrou-se empreendedor e capaz de filtrar todas as tentativas contrárias. 

As oportunidades não foram muitas, mas as congeminações foram as melhores da tarde. Duda jogou pouco, nunca rompeu directo ao golo, mas Silva e Martelinho procuraram afligir a defesa do Setúbal, após novo labor irrepreensível de quem joga nas suas costas. Como sempre, daria para ganhar. E com algum desafogo, mesmo depois das trocas iniciadas com a lesão de Silva, que quase reduziram o Boavista a uma guerra central que venceu sem grandes dificuldades. O Setúbal também foi perdendo fulgor, o que acabou por facilitar. 

Ficha do jogo 

Estádio Municipal Magalhães Pessoa, em Leiria

Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)

Auxiliares: André Cunha e Paulo Quintino 

Boavista: Ricardo; Frechaut, Pedro Emanuel «cap.», Mário Loja e Quevedo; Sanchez (Petit, 71m), Glauber e Pedro Santos (Bosingwa, 58m); Martelinho, Silva (Márcio, 34m) e Duda (Serginho, 65m) 

Treinador: Jaime Pacheco 

Setúbal: Cândido; Paulo Ferreira, Hugo Costa, Marçal (Eliseu, 46m) e Fernando Mendes «cap.»; Ico e Costa (Hélio, 62m); Marco Ferreira (Sandro, 62m), Jorginho (Sérgio Jorge, 46m) e Jean Paulista (Rui André, 75m); Hugo Henrique (Evandro, 46m) 

Treinador: Jorge Jesus 

Ao intervalo: 1-0

Marcadores: 1-0, Silva (18m);

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