U. Leiria-Beira Mar, 4-1 (crónica)

28 out 2001, 17:02

Contra o melhor ataque, marcar, marcar...

Havia a promessa de golos. Muitos. União de Leiria e Beira Mar têm praticado muito bom futebol e os aveirenses lideravam na altura de facturar. À partida para este encontro eram ainda o melhor ataque, com 21 golos, e Fary ¿ apesar da companhia de Jardel ¿ o seu melhor marcador com quase metade: 10. Foi mesmo o senegalês a dar a primeira sapatada na partida, com um tento magistral. Com um pequeno toque iludiu a marcação de Renato, passando por ele como uma flecha, impediu qualquer ajuda por parte de Eder, e, mais à frente, escolheu o lado esquerdo de Costinha para deixar a bola. Indefensável. Finalmente sem companhia. No fundo das redes. 

A primeira parte tinha começado com ascendente inicial dos leirienses, mas, minutos antes do golo de Fary, o Beira Mar já ameaçava estar a subir de produção. Mas nem uma jogada de perigo antecedeu a obra-prima do africano, no entanto. Nem um remate perigoso. Nem uma jogada que fizesse arrancar os adeptos da formação forasteira dos bancos do Magalhães Pessoa. 

Do lado dos leirienses, alguns remates perigosos incomodavam Nuno Santos, que dava sinais de algum nervosismo. Mas o verdadeiro perigo só seria despertado pelo golo de Fary. Logo após o União ter visto Fary deixar-lhe um «recado» na baliza, os seus jogadores carregaram a defesa contrária. É assim que Jaques aparece, sem marcação, frente a Nuno Santos, que comete grande penalidade. 

Grande jogo! A partir daqui, União de Leiria e Beira Mar colocaram um pouco de parte as marcações e partiram em busca de mais (leia-se golos). As jogadas sucederam-se perto da baliza de Nuno Santos e Costinha, com os guarda-redes a serem obrigados a mostrar serviço. Nada, no entanto, ainda de aflitivo. A não ser que se esquecessem mais uma vez de Fary, como aconteceu aos 38 minutos, após um cruzamento largo de Rui Dolores para o senegalês. O remate acrobático saiu ao lado. «Ufa!», deve ter pensado Mourinho. 

Velocidade terminal 

Duah corre infernalmente, após um mau passe a meio-campo dos aveirenses. Nuno Santos hesita e o ganês passa por ele em velocidade e cai... Paulo Paraty decidiu mal, qualquer que fosse a situação. Se esteve bem no julgamento da jogada ¿ a esta distância parece que sim ¿ devia ter mostrado o cartão amarelo a Duah por simular grande penalidade. Se não esteve teria de ter expulsado Nuno Santos e assinalado a falta. Estava-se no minuto 40. 

Assim se caminhou para o intervalo. No reatamento, a ordem de Mourinho foi para vencer. E os seus jogadores empurraram o Beira Mar para perto da sua baliza. Adivinhava-se que algo estava perto de acontecer. Que o União de Leiria cheirava o golo. Pela forma como corria para baliza. Com garra... 

A mão de Lobão  

65 minutos. Um mau alívio de um companheiro, obriga Lobão a um erro inconcebível. O central aveirense toca a bola com a mão, em salto com Jaques. O brasileiro na marcação do livre, a um palmo da linha limite da grande área, não dá hipóteses a Nuno Santos. O mais difícil estava conseguido: o golo que dava ascendente. 

As fragilidades da defesa do Beira Mar começavam a surgir. O espaço entre o lateral-direito, Jorge Neves (depois Marcelinho) e Filipe, central mais descaído para esse lado, começava a ser enorme. Foi aqui que apareceu Silas, para o terceiro golo ¿ só teve de fintar Nuno Santos ¿, e Jaques, para o tento mais bonito dos leirienses, o quarto, em chapéu. Os aveirenses eram, nesta altura, uma equipa destroçada. Que procurava, no entanto, ainda o golo. Que lutava. Fary não tinha companhia, porque o moral dos companheiros andava, nesta altura, muito perto da nulidade. E restava esperar um jogo mais de feição. Um jogo que corresse melhor. Como tantos outros esta temporada...

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