Farense-Leça, 4-2 (crónica)

3 jan 2001, 17:57

Três minutos mágicos Balela apostou num novo Farense para defrontar o Leça pela segunda vez para a Taça de Portugal. A nova equipa demorou a encontrar-se mas quando o conseguiu revelou-se avassaladora. Para a história ficam três minutos de puro terror para o Leça. Para a equipa de Joaquim Teixeira serve de consolação ter conseguido o primeiro golo oficial do novo milénio.

O Farense conseguiu limpar a má imagem que deixou em Leça da Palmeira no passado dia 23 de Dezembro. Nesse dia, de chuva intensa, a equipa algarvia viu-se atrapalhada pela ousadia do adversário e pelo lamentável estado do relvado. Hoje, no seu terreno, e com o sol a aparecer esporadicamente, Manuel Balela arriscou, chegou a temer o pior, mas acabou por triunfar. O Farense venceu por 4-2 e segue em frente na Taça. 

Manuel Balela apresentou uma equipa totalmente remodelada. A começar pela baliza, onde Mijanovic, que chegou a ser convocado, deu lugar ao espanhol Raul Iglésias. As mudanças estenderam-se a todo o campo. Algumas já se previam mas não deixou de surpreender que Hassan ficasse no banco de suplentes. 

Tantas foram as alterações que a equipa algarvia demorou a encontrar-se no terreno. O brasileiro Patrick, que ganhou a titularidade assim que conseguiu o estatuto de igualdade, cedo demonstrou os seus dotes técnicos mas os seus passes não encontravam resposta da parte dos seus companheiros. Sempre fora do compasso. 

O Leça pretendia jogar um futebol seguro, sem arriscar muito, com linhas fixas em todo o terreno. Mas, aos poucos, deparando-se com o desacerto do adversário, foi tentando a sua sorte. Primeiro, através de iniciativas individuais que morriam aos pés dos fortes centrais do Farense. A primeira vez que investiu em bloco conseguiu chegar ao golo. 

A jogada começou em Topas, no lado esquerdo. Cardoso desmarcou-se correu até à linha de fundo, arrastando quase toda a defesa algarvia e cruzou tenso e rasteiro. Marco Almeida, no centro da área, limitou-se a encostar o pé. Um pequeno toque que promove Marco Almeida para os anais do futebol português como o autor do primeiro golo oficial do novo milénio. 

Pânico no banco do Farense. A equipa ainda não se tinha encontrado e, agora, perdia por 0-1. Hassan levanta-se e começa a aquecer. No entanto, a reacção dos algarvios surpreendeu pela positiva. Como se tratasse de um passe de mágica, a equipa entrou, finalmente, nos carris e deixou o seu futebol correr. 

A equipa de Faro passou a transmitir uma força e um equilibrio que até então estavam ocultos. O golo tornou-se inevitável. E que golaço. Jean Paulista encheu o pé à entrada da área e nem a oposição de Jovanovic foi suficiente para parar o esférico. Hassan voltou a sentar-se. 

Estava dado o mote. O Farense carregava numa frente de ataque alargada, com Jean Paulista a juntar-se a Patrick e Cavaco na frente. O ataque dos algarvios era avassalador mas o Leça salvou-se com o apito do árbitro a assinalar intervalo. 

Mas para o Farense não houve intervalo. A equipa conseguiu regressar ao jogo exactamente com o mesmo ritmo com que fora interrompida no primeiro tempo. Avassalador. Agora, nada podia salvar o Leça. Primeiro Nuno Campos, na marcação de um livre directo, depois Jean Paulista, numa recarga a remate de Patrick, e, finalmente, Cavaco, com um tiro fulminante, materializaram a evidente superioridade dos algarvios. Minutos de loucura. 

O Farense, num espaço de três minutos, estava a vencer por 4-1. Balela, mais descansado, fez entrar, sucessivamente, os habituais titulares. Primeiro Besirovic, depois Hassan e, finalmente, De los Rios. 

O Leça também refrescou o ataque, mas era tarde demais. O resto da equipa estava de rastos. Num derradeiro esforço, Topas, o mais irreverente dos leceiros, pegou na bola, aguentou todas as cargas que sofreu na caminhada para a área e fuzilou Raul Iglésias. Mas já não teve forças para festejar.

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